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quinta-feira, 31 de maio de 2018

Evangeliza - Abra seu coração

Abra seu coração



"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." (Apocalipse, 3:20).

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A sala estava repleta de convidados, todos curiosos para ver a obra de arte, ainda oculta sob o pano branco.

Falava-se que o quadro era lindo.

As autoridades do local estavam presentes, entre fotógrafos, jornalistas e outros convidados porque o pintor era, de fato, muito famoso.

Na hora marcada, o pano que cobria a pintura foi retirado e houve caloroso aplauso.

O quadro era realmente impressionante.

Tratava-se de uma figura de Jesus, batendo suavemente na porta de uma casa.

O Cristo parecia vivo. Com o ouvido junto à porta, Ele desejava ouvir se lá dentro alguém respondia.

Houve discursos e elogios.

Todos admiravam aquela obra de arte perfeita.

Contudo, um observador curioso achou uma falha grave no quadro: a porta não tinha fechadura.

Dirigiu-se ao artista e lhe falou com interesse: A porta que o senhor pintou não tem fechadura. Como é que o Visitante poderá abri-la?

É assim mesmo, respondeu o pintor calmamente.

A porta representa o coração humano, que só abre pelo lado de dentro.

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Muitas vezes mal interpretado, outras tantas, desprezado, grandemente ignorado pelos homens, o Cristo vem tentando entrar em nossa casa íntima há mais de dois milênios.

Conhecedor do caminho que conduz à felicidade suprema, Jesus continua sendo a Visita que permanece do lado de fora dos corações, na tentativa de ouvir se lá dentro alguém responde ao Seu chamado.

Todavia, muitos O chamamos de Mestre mas não permitimos que Ele nos ensine as verdades da vida.

Grande quantidade de cristãos fala que Ele é o médico das almas, mas não segue as Suas prescrições.

Tantos dizem que Ele é o irmão maior, mas não permitem que coloque a mão nos seus ombros e os conduza por caminhos de luz...

Talvez seja por esse motivo que a Humanidade se debate em busca de caminhos que conduzem a lugar nenhum.

Enquanto o Cristo espera que abramos a porta do nosso coração, nós saímos pelas janelas da ilusão e desperdiçamos as melhores oportunidades de receber esse Visitante ilustre, que possui a chave que abre as portas da felicidade que tanto desejamos.

E se você não sabe como fazer para abrir a porta do seu coração, comece por fazer pequenos exercícios físicos, estendendo os braços na direção daqueles que necessitam da sua ajuda.

Depois, faça uma pequena limpeza em sua casa íntima, jogando fora os detritos da mágoa, da incompreensão, do orgulho, do ódio...

Em seguida, busque conhecer a proposta de renovação moral do Homem de Nazaré.

Assim, quando você menos esperar, Ele já estará dentro do seu coração como convidado de honra, para guiar seus passos na direção da luz, da felicidade sem mescla que você tanto deseja.
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O olhar de Jesus dulcificava as multidões.

Seus ouvidos atentos descobriam o pranto oculto e identificavam a aflição onde se encontrasse.

Sua boca, plena de misericórdia, somente consolou, cantando a eterna sinfonia da Boa Nova em apelo insuperável junto aos ouvidos dos tempos, convocando o homem de todas as épocas à conquista da felicidade.

Redação do Momento Espírita, com base no verbete Jesus, do livro Repositório de
sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco,
ed. LEAL e história de autoria ignorada.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 11 e no livro Momento Espírita, v. 4,  ed. FEP.
Em 18.11.2013.


sábado, 5 de maio de 2018

Evangeliza - Perdão

Perdão


O Genocídio Armênio, massacre que vitimou 1,5 milhão de pessoas é o segundo mais estudado evento desse tipo, depois do Holocausto dos judeus na Segunda Guerra Mundial.
Para emoldurar o tema referente ao perdão Divaldo Franco se utiliza da narrativa de uma jovem armênia e cuja história foi retratada em o livro Perdão Radical de autoria de Brian Zahnd.
Segue a história...
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Entre os anos de 1915 a 1917 ocorreu a guerra entre turcos e armênios. Como em toda a guerra a crueldade é soberana. A Armênia invadida pelos turcos viu seu povo ser dizimado em um genocídio.
Os soldados turcos avançam por uma cidade da Armênia. Um grupo adentra com brutalidade uma casa de uma família modesta, fuzila o pai e a mãe diante das 3 jovens filhas. O capitão, de estatura baixa e sobrancelhas vultosas determina que as tropas podem usar as duas moças mais jovens como bem entenderem, mas a filha mais velha será dele.
E a filha mais velha viu suas irmãs serem seviciadas (estupradas, maltratadas, torturadas) até a morte pelas tropas.
Ela foi transformada em escrava sexual e abusada pelo capitão de todas as formas possíveis. Mas, sobreviveu.
Após fugir dessa situação a jovem refugiou-se em outro país e estudou até se formar enfermeira.
O tempo passou... Ela foi trabalhar como enfermeira num hospital turco, cuidando daquele povo que tinha assassinado sua família.
Um dia, deu entrada no Hospital onde ela trabalhava um doente em péssimas condições que ela logo reconhece. Era ele, o capitão da tropa que assassinou sua família e destrocou suas esperanças. O homem a quem ela odiara desde aquele dia quando toda sua família foi dizimada.
Quando a viu, perguntou: - Você é armênia, certo?
Ele não a reconheceu. O algoz nem sempre se lembra, mas a vítima nunca esquece. Ela, trêmula, confirmou e não sabia o que mais dizer.
Ele diz: - Eu servi como soldado na Armênia e fiz coisas horríveis contra seu povo. Você me perdoa?
Ela agora estava de frente para o homem que destruiu a sua família e atentou contra ela.
O que ela fez? Ela perdoou?
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E você o perdoaria?
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Cristã, aplicou-se a cuidar do quase moribundo até a sua recuperação total.
Desejando agradecer à jovem que tanto havia se dedicado a lhe devolver a saúde, descobriu toda a verdade.
E envergonhado de suas ações pretéritas ousou perguntar à jovem, qual a razão de tê-lo perdoado, quando o normal teria sido um comportamento oposto.
A jovem olhou profundamente nos olhos do algoz de sua felicidade e lhe respondeu:
— Teus crimes contra mim, minha família e meu povo foi por sermos cristãos. Perdoo-te porque Jesus nos ensinou: “Aquele que crê em mim, faz também as obras que faço”.
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Perdoar não é esquecer, pois o esquecimento depende da memória física. Perdoar no conceito amplo ensinado por Jesus é não devolver o mal recebido e nem mesmo desejar a infelicidade daqueles que nos prejudicam e infelicitam.
Perdoar não significa estar de acordo com o erro. Todo crime merece repúdio. O criminoso, porém, merece compaixão.

Palestra de Divaldo Pereira Franco.
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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Evangeliza - Adversário da felicidade

Adversário da felicidade


Eles formavam um casal harmônico. Jovens e belos desfilavam pelas ruas de mãos dadas e sorrisos nos lábios.

Tudo parecia lhes sorrir. Profissionais liberais, administravam sua agenda de forma que a profissão não lhes tomasse todas as horas.

Escoavam os meses e se reprisavam os anos de gentilezas, traduzindo carinhoso afeto.

Até que um dia, um cliente mais ousado tomou atitudes indevidas e, embora fosse rechaçado com firmeza pela jovem esposa, o esposo se encheu de ciúmes.

A partir de então, o relacionamento começou a deteriorar. Ele se tornou frio para com ela. Os diálogos amigos se transformaram em monossílabos forçados.

Ela passou a agasalhar mágoa no seu coração.

Finalmente, optaram pela separação. A pedido dela, ele saiu de casa. Agora se encontravam somente no campo profissional, pois trabalhavam no mesmo local.

As noites solitárias começaram a se tornar intermináveis e ele passou a sentir a falta dela. Analisou os motivos da separação e descobriu que havia sido muito infantil. Resolveu pedir desculpas e retornar ao lar.

Em uma noite, decidiu que, ao se erguer pela manhã, iria até uma floricultura, compraria lindas flores e as remeteria para a sua amada.

Escolheu versos cheios de amor para esconder entre o ramalhete delicado:

Alma gêmea da minh’alma.
Flor de luz da minha vida.
Sublime estrela caída das belezas da amplidão.
És meu tesouro infinito.
Juro-te eterna aliança.
Porque eu sou tua esperança.
Como és todo o meu amor.

Adormeceu pensando em como se ajoelharia aos seus pés, confessando-lhe o amor que sentia.

Quando amanheceu o dia, vestiu-se, perfumou-se e foi até a frente da casa. Então, se sentiu um tolo romântico.

E se ela não o perdoasse? E se ela não estivesse disposta a reatar o relacionamento?

Afastou-se. Durante todo aquele dia a ideia não lhe saía da cabeça. Afinal, ela estava ali, tão perto, trabalhando na outra sala. Não encomendou as flores. Mas leu e releu os versos que escrevera. Chegou a noite, cheia de estrelas.

O quarto de hotel parecia sufocá-lo. Saiu, comprou flores, escreveu os versos em lindo cartão e se dirigiu para a casa dela.

A passo acelerado, foi chegando. Tinha na mente, para sair pelos lábios, todas as frases de perdão e juras de amor.

Com o coração em descompasso, bateu à porta. A empregada atendeu chorosa e vendo-o, apontou para o interior da sala.

A jovem tivera um problema cardíaco e morrera. As flores que ele levava serviram para lhe adornar o caixão. Mas os versos que ele fizera, esses ele não poderia jamais declamar aos seus ouvidos. Era tarde demais...

*  *  *

O ciúme é perigoso adversário. Tem a capacidade de destruir relações afetivas, ferindo os que a ele se entregam.

Se você já se permitiu dominar por ele, pense em quanto já perdeu em oportunidades de ser feliz. Quantas vezes se tornou frio, agressivo. Quantas vezes magoou e se sentiu magoado.

E tome uma decisão imediata. Abandone esse sentimento e retorne às fontes generosas do amor. Só quem ama é feliz e faz os outros felizes.

Redação do Momento Espírita, com reprodução de versos extraídos do cap. 4, pt.2, do livro Há dois mil anos, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.

sábado, 20 de janeiro de 2018

Evangeliza - Questão de Fé!!!

Questão de Fé!!!


Conta-se que um alpinista, desejoso de superar mais e mais desafios, resolveu, depois de muitos anos de preparação, escalar o pico mais alto da América do Sul, o Aconcágua.

E porque queria a glória só para si, decidiu fazer a escalada sozinho, sem nenhum companheiro.

No dia marcado lá estava ele ao pé da Cordilheira dos Andes, onde iniciaria a difícil subida.

O que ele não esperava era que a neblina lhe dificultasse a marcha, mas isso foi inevitável.

E como o alpinista não tinha se preparado para acampar, foi subindo, com a disposição de alcançar o topo.

Foi ficando cada vez mais tarde até que escureceu completamente. Não se via absolutamente nada. Não havia lua nem estrelas, só a escuridão.

Quando o alpinista estava há apenas cem metros do topo, pisou numa pedra falsa, escorregou e caiu...

Foi caindo numa velocidade vertiginosa e nada mais enxergava do que a escuridão à sua volta.

Sentia uma terrível sensação de estar sendo sugado pela força da gravidade.

Continuou caindo até que sentiu um puxão forte que quase o partiu pela metade...

Como todo alpinista experimentado, havia cravado estacas de segurança com grampos, e amarrado uma corda comprida na cintura.

Naqueles momentos de silêncio, suspenso no ar, em completa escuridão, pensou em Deus e resolveu lhe pedir ajuda.

Oh, meu Deus, me ajude!

De repente, ouviu uma voz grave e profunda que parecia lhe falar nas profundezas da alma: O que você quer de Mim, meu filho?

Salve-me, por favor! -  Respondeu mentalmente.

E a voz insistiu: Você acredita mesmo que Eu possa salvá-lo?

Eu tenho certeza, meu Deus. Falou o alpinista, desesperado.

Então, corte a corda que o mantém pendurado. Recomendou a voz.

O homem ficou por um momento em silêncio e depois se agarrou à corda com todas as suas forças.

Conta a equipe de resgate que, no outro dia, o alpinista foi encontrado morto, congelado, agarrado com as duas mãos na corda que o mantinha suspenso... a apenas dois metros do chão...

(Autoria Desconhecida).

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Evangeliza - O Peru Pregador

O Peru Pregador

(Neio Lúcio, Chico Xavier)

Um belo peru, após conviver largo tempo na intimidade duma família que dispunha de vastos conhecimentos evangélicos, aprendeu a transmitir os ensinamentos de Jesus, esperan­do-lhe também as divinas promessas. Tão ver­sado ficou nas letras sagradas que passou a propagá-las entre as outras aves.

De quando em quando, era visto a falar em sua estranha linguagem “glá-glé-gli-gló-glu”. Não era, naturalmente, compreendido pelos homens. Mas os outros perus, as galinhas, os gansos e os marrecos, bem como os patos, entendiam-no perfeitamente.

Começava o comentário das lições do Evan­gelho e o terreiro enchia-se logo. Até os pintainhos se aquietavam sob as asas maternas, a fim de ouvi-lo.

O peru, muito confiante, assegurava que Jesus-Cristo era o Salvador do Mundo, que viera alumiar o caminho de todos e que, por base de sua doutrina, colocara o amor das criaturas umas para com as outras, garantindo a fórmula de verdadeira felicidade na Terra. Dizia que todos os seres, para viverem tranqüilos e contentes, deveriam perdoar aos inimigos, desculpar os transviados e socorrê-los.

As aves passaram a venerar o Evangelho; todavia, chegado o Natal do Mestre Divino, eis que alguns homens vieram aos lagos, galinheiros, currais e, depois de se referirem excessivamente ao amor que dedicavam a Jesus, laçaram fran­gos, patinhos e perus, matando-os, ali mesmo, ante o assombro geral.

Houve muitos gritos e lamentações, mas os perseguidores, alegando a festa do Cristo, distribuíram pancadas e golpes à vontade.

Até mesmo a esposa do peru pregador foi também morta.

Quando o silêncio se fez no terreiro, ao cair da noite, havia em toda parte enorme tristeza e irremediável angústia de coração.

As aves aflitas rodearam o doutrinador e crivaram-no de perguntas dolorosas.

Como louvar um Senhor que aceitava tantas manifestações de sangue na festa de seu natalício? como explicar tanta maldade por parte dos homens que se declaravam cristãos e operavam tanta matança? não cantavam eles hinos de homenagem ao Cristo? não se afirmavam dis­cípulos dEle? precisavam, então, de tanta morte e tanta lágrima para reverenciarem o Senhor?

O pastor alado, muito contrafeito, prometeu responder no dia seguinte. Achava-se igualmente cansado e oprimido.

Na manhã imediata, ante o Sol rutilante do Natal, esclareceu aos companheiros que a ordem de matar não vinha de Jesus, que preferira a morte no madeiro a ter de justiçar; que deviam todos eles continuar, por isso mesmo, amando o Senhor e servindo-o, acrescentando que lhes cabia perdoar setenta vezes sete. Explicou, por fim, que os homens degola­dores estavam anunciados no versículo quinze do capítulo sete, do Apóstolo Mateus, que esclarece: - “Acautelai-vos, porém, dos falsos pro­fetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”. Em seguida, o peru recitou o capítulo cinco do mes­mo evangelista, comentando as bem-aventuranças prometidas pelo Divino Amigo aos que choram e padecem no mundo.

Verificou-se, então, imenso reconforto na comunidade atormentada e aflita, porque as aves se recordaram de que o próprio Senhor, para alcançar a Ressurreição Gloriosa, aceitara a morte de sacrifício igual à delas.

(XAVIER, Francisco Cândido. Transcrito do cap. 43 do livro Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito de Neio Lúcio).
Renuncia às comemorações natalinas que traduzam excessos de qualquer ordem, preferindo a alegria da ajuda fraterna aos irmãos menos felizes, como louvor ideal ao Sublime Natalício.
Os verdadeiros amigos do Cristo reverenciam-no em Espírito.
(XAVIER, Francisco Cândido. Conduta Espírita. 47, FEB. Ditado pelo Espírito de André Luiz).

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Evangeliza - Atitudes e fragilidade morais ou mentais que distorcem a realidade

 Atitudes e fragilidade morais ou mentais que distorcem a realidade



Boas desculpas para se dar bem.
1- Vou fazer só uma vez e nunca mais, ignorando as consequências; só uma pitadinha, só um golinho; É só uma vez mesmo; Uma vez na vida não vai fazer diferença, uma vez no ano? Besteira. Só desta vez.
2- Se ninguém está vendo, então eu posso, então eu vou fazer;
3- Se eles podem eu também posso, como justificativa para prática do mal, do não amor;
Já que todo mundo faz, eu também faço; Nem que seja só uma vez; Se todo mundo faz? Que diferença isso vai fazer? Se todo mundo faz então eu vou fazer também;
4- Errar é humano; mas esquecemos que mais humano ainda é superar os erros;
5- Cultivar excessos, prazer, excesso de sensualidade;  
6- Dúvida; ficar em cima do muro, quem não sabe o que quer, pode cair para qualquer lado; Se você não toma decisões na vida alguém toma por você; Quem não sabe para onde ir qualquer caminho serve;
7- Mentiras, que distorcem a realidade; Só uma mentirinha ou utilizar-se de pretextos sem fundamento ou uma desculpa para justificar;
8- Preguiça, acomodação. Não nos movimentamos para transformar a realidade; Negligenciamos por omissão; Estou confortável aqui;
9- Medo que nos trava e não nos coloca para frente; Você se deixa ser levado, manipulado pelos outros;
10- Felicidade a todo custo; O mais importante é ser feliz; Não importa as consequências;
11- Terceirizar a culpa. Atribuir os problemas e maus resultados aos outros; Não é minha culpa;
12 - Depois eu faço; Procrastinação; Executar suas atividades somente no último minuto, tomado pela pressa, sem planejamento, e tendência de cometer muitos mais erros;
Se decida pelo bem, de você mesmo!
Que possamos dar atenção e estarmos consciente das nossas escolhas;
"Vigiai e Orai para não cairdes em tentação" (Mateus, 26:41);
"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém." (1 Corintios, 6:12);


quarta-feira, 3 de maio de 2017

Evangeliza - Um outro mundo - Lauretta



Um outro mundo


Por entre as ruínas de uma velha torre de pedra, na montanha, existe a escola dos pássaros noturnos, frequentada pelos filhotes das famílias dos mochos, das corujas e das codornizes.
À noite, os pequenos escolares pegam suas pastinhas e vão assistir às aulas do professor, um velho mocho real. Hoje, o velho mocho está dizendo uma coisa importante:
- Tudo o que existe é preto. O preto é a essência de todas as coisas, ou seja, aquilo do que todas as coisas são feitas. Olhem à sua volta: parece-lhes possível que o céu, a terra, as plantas, as casas e todos nós possamos existir sem sermos pretos? Não, é lógico. Portanto, o preto é aquilo que constitui todas as coisas.
As palavras do professor são fáceis de ser compreendidas por seus jovens alunos. Na verdade, se eles esticam o olhar para fora das janelas destruídas de sua escola, não veem mais nada que não seja preto e qualquer coisa em que tentem pensar, só podem imaginá-la preta.
Ariana, uma corujinha de olhos redondos, redondos como duas bolinhas de tênis, está anotando em seu caderninho. O preto, ela escreve diligentemente, é a essência de todas as coisas. Uma lição fácil hoje, não é preciso preocupar-se em lembrá-la.
Voltando para casa, no oco de um grande carvalho, Ariana dorme tranquilamente em sua caminha. Uma tímida luz cor-de-rosa está colorindo o céu; mas agora a corujinha não pode mais vê-la, pois já dorme profundamente.
Em sonho, Ariana vê-se transportada a um mundo fantástico, um mundo que ela jamais havia visto antes, cheio de coisas novas, extraordinárias.
Quando acorda, a corujinha quer chamar a mãe para contar-lhe o magnífico sonho que teve, mas se dá conta de não ser capaz; faltam-lhe as palavras para descrever aquilo que viu em sonho, porque, naquele mundo, não havia nada que fosse preto!
“E se for verdade?” – começa a se perguntar Ariana. “E se aquele mundo com que eu sonhei existir mesmo? Eu tenho que saber se é verdade! Eu quero encontrar aquele mundo!”
Mas como pode uma corujinha partir em busca de um mundo desconhecido? Ariana sabe que a mamãe e o papai jamais a deixariam partir sozinha para ir sabe-se lá onde. E, então, tem uma ideia!
Espera até que todos estejam profundamente adormecidos para sair silenciosamente do ninho.
Um sino está tocando as doze badaladas do meio-dia. Ariana estica as asas para se soltar no céu, mas, de repente, uma forte dor nos olhos obriga-a a ficar sobre um galho. “O que está acontecendo comigo?”, ela se pergunta, assustada.
A dor agora é lancinante e terrível, mas o desejo de ver que Ariana traz no coração é mais forte do que tudo o mais e a corujinha retoma o seu voo.
Voa com os olhos semicerrados; vai batendo contra os ramos das árvores, mas não se arrepende.
Voa assim por algum tempo e, depois, com um esforço terrível, experimenta esbugalhar os olhos.
Assombro, emoção e alegria invadem seu coração, porque o mundo que está vendo é exatamente aquele que ela havia visto em seu sonho!
E, da mesma forma que não pudera descrever à sua mãe o que havia visto, agora também ela não encontra palavras para exprimir sua alegria. De seu biquinho sai apenas uma série de “Oooh!”, “Oooh!” intermináveis.
Inebriada de luz, Ariana voa no céu sem pousar; mas, quando o sino toca sete badaladas, a pequena coruja volta depressa para o ninho com medo de que deem por sua falta.
À noite, na escola, Ariana está sonolenta e encosta a cabeça na carteira, mas logo ouve o velho mocho dizer:
- Como vocês já aprenderam, o preto é a essência de todas as coisas...
A corujinha abre bem os olhos e exclama, segura:
- Não é verdade!
Todos olham-na com curiosidade e alguém pergunta:
- Como é que você sabe, Ariana? Quem foi que disse? E o que foi que você viu que não é preto?
O professor aproxima-se de Ariana e lhe pergunta com doçura:
- Então, Ariana, que história estranha é essa? Por acaso você sonhou?
- Sim , eu sonhei...
- Então, eu lhes dizia que ela tinha sonhado; não lhe deem ouvido – diz o velho mocho aos alunos que se puseram todos ao redor da carteira da coruja.
- Mas eu não sonhei apenas – diz Ariana agora, com um fio de voz, de medo de ter que confessar que saiu do ninho sozinha. – Eu vi! Eu vi um outro mundo e não era todo preto!
- Agora chega de bobagens! – diz o professor, e sua voz torna-se dura. – Vá já para casa, Ariana! Você voltará à escola apenas quando estiver disposta a ouvir o que digo e deixar de acreditar em suas fantasias!
Expulsa da escola, a corujinha voa e vai refugiar-se sobre um ramo do grande carvalho.
- Eu não posso ficar quieta; eu vi aquele outro mundo, eu vi... – repete soluçando.
- Ora, pequena, não chore! – diz uma voz gentil.
Ariana enxuga os olhos com as asas e depois, olhando em volta, pergunta:
- Quem fala? Quem é você?
- Sou o velho carvalho. Não fique triste, Ariana; eu sei que o que você diz é verdade.
- Então você também o viu! Você também o viu, viva! – grita a corujinha, saltitando sobrei ramo do carvalho. Depois pergunta tudo de um só fôlego:
- E como se chama aquele outro mundo? Do que é feito? E por que o velho mocho não acredita que exista? E por que os olhos me doem tanto quando olho para ele?
- Calma, calma, uma pergunta por vez, pequena! Aquele outro mundo chama-se dia e é feito de luz e de cores. O velho mocho não acredita que exista, provavelmente porque jamais o tenha visto realmente, ou talvez porque... – o carvalho agora fica calado.
- Não interrompa, carvalho querido, eu lhe peço!
- Bem, talvez tenha havido um momento, quando o mocho real era jovem, em que com ele tenha acontecido a mesma coisa que aconteceu com você, mas que ele preferiu acreditar que era apenas um sonho, porque, para conhecer esse outro mundo, é preciso sofrer muito. Você já percebeu isso, corujinha: seus olhos não podem suportar a luz do dia. Se você quiser continuar a vê-la, eu lhe aviso: seus olhos doerão muito, mas muito mesmo. Assim, cabe a você decidir: você pode voltar à escola e pedir desculpas a todos dizendo que foi apenas um sonho...
- Não, não! Eu não posso voltar mais à escola! Eu amo a luz! Eu quero conhecer as cores!
- Então, coragem, pequena, e boa sorte!
Dessa forma, Ariana não voltou mais à escola. Agora, aprendeu a dormir de noite e a voar de dia. O velho carvalho ensinou-lhe os nomes de todas as cores e Ariana não se cansa nunca de admirá-las. E está feliz, ainda que tenha que, a cada dia, pedir a seus olhos para fazerem um esforço doloroso para olhar a luz.
E, numa manhã quente de verão, a dor torna-se insuportável: para a corujinha, os raios dourados do sol são como lâminas de faca que lhe furam os olhos.
Ariana procura desesperadamente mantê-los abertos, mas, repentinamente, tudo fica escuro diante dela.
- Luz... luz, onde está você? – grita assustada. – Por que não posso mais vê-la?
Agora, Ariana voa no escuro, procurando lembrar-se do caminho para chegar ao velho carvalho e, finalmente, consegue pousar sobre seus ramos.
- Onde está a luz? Onde está a minha luz? – pergunta ao carvalho amigo.
O velho carvalho acaricia com suas folhas a cabecinha de Ariana.
- Minha pequenina – diz-lhe docemente – seus olhos não poderão mais ver a luz; ficaram cegos.
- Não mais poderei ver a luz... Não mais poderei ver a luz... – repete ariana, chorando.
- Mas você ainda pode falar da luz – acrescenta devagarinho velho carvalho.
Muito tempo se passou desde que ariana viu a luz pela última vez.
Agora a corujinha construiu um ninho no alto de uma torre, bem de frente ao sol. Ariana não o pode ver, mas sabe que ele está lá.
De vez em quando, aparece alguém para lhe fazer uma visita. Quase sempre é um jovem pássaro noturno que lhe diz ter sonhado com a luz.
- Mas a luz existe? – pergunta o jovem passarinho.
- Sim, existe.
- E eu posso vê-la?
- Sim, mas para isso, você irá sofrer muito.
- E então por que vê-la se faz sofrer?
- Porque seu coração é feito para ela.

Lauretta

(Lauretta. O Bosque dos lilases. São Paulo: Paulinhas, 2000).





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