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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Evangeliza - Perdão e compaixão

Surpresa do Magistrado




Empurrada pela dor e o desespero aquela mulher sofredora venceu a distância e chegou à grande mansão, a fim de pedir clemência ao homem de negócios.
Com as mãos trêmulas tocou a campainha e aguardou por alguns minutos.
Uma serviçal a atendeu prestativa e voltou ao interior da faustosa residência. Depois de longa espera, o magistrado, a quem a mulher procurava, surgiu à porta.
Ouviu, com impaciência, a visitante que lhe falou, entre soluços e lágrimas:
Doutor, peço-lhe caridade. Meu pobre marido não tem culpa. Temos oito filhinhos passando necessidade. Oito filhos, doutor!
Tenha piedade e ajude-nos!
O senhor não ignora que meu pobre companheiro sempre foi um motorista cuidadoso! O homem estava embriagado quando se jogou contra o carro. Ele não pôde evitar o acidente, senão o teria feito.
O juiz, entretanto, olhou-a sem qualquer emoção no olhar frio e indiferente.
Que deseja a senhora, com semelhante reclamação? Falou irritado.
Quem pensa que sou?
Afinal, justiça é justiça!
Seu marido foi imprudente, desnaturado. Tenho certeza de que houve premeditação e por isso sanearei a cidade. Ele servirá de exemplo aos demais motoristas criminosos, esses profissionais inconscientes!
O processo foi corretamente conduzido e a justiça provará, hoje, que seu marido é um homicida como outro qualquer.
Doutor, compadeça-se de nós! Implorou a infeliz.
Nada mais tenho a dizer. -  Falou, ríspido, despedindo a pobre mulher.
O doutor não havia alcançado o interior da casa, quando enorme alvoroço se iniciou na rua.
Os populares gritavam em desespero:
Socorro! Socorro! Peguem o culpado! Peguem o culpado!
A multidão se agitou na via pública.
Ao lado de luxuoso automóvel, último modelo, debatia-se um rapaz aprisionado por homens do povo.
Não muito longe, estendida na rua, uma criança morta...
A notícia do desastre se espalhou rápido.
O doutor inteirou-se do triste acontecimento e caminhou por entre a multidão, pedindo licença, respeitoso.
O rapaz era seu filho que, no carro da família, em correria desenfreada, acabara de atropelar a pequenina indefesa.
A agonia moral transformou o semblante daquele homem que, agora, trazia no rosto paterno  profunda dor.
Abraçou o filho com enternecimento de quem se compadece de um louco...
E, naquele dia, o magistrado não pôde comparecer ao julgamento...
*   *   *
A dor moral é eficiente artesã na arte de cultivar nos corações a compaixão pelo semelhante.
Ao visitar nossa alma, deixa sulcos profundos onde germinam as sementes do verdadeiro amor.
Quando experimentamos o sabor amargo do sofrimento em nosso próprio ser, brotam em nossa intimidade as flores da compreensão e da predisposição para o perdão incondicional.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 27, do livro A vida escreve,
pelo Espírito Hilário Silva, psicografia de Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira, ed. Feb.

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