Na noite de Natal
Cheio de amor e grandeza,
Preferiu nascer no mundo
Nos caminhos da pobreza?
Por que não veio até nós,
Entre flores e alegrias,
Num berço todo enfeitado
De sedas e pedrarias?
― Acredito, meu filhinho,
Que o Mestre da Caridade
Mostrou, em tudo e por tudo,
A luminosa humildade!...
As vezes, penso também
Nos trabalhos deste mundo,
Que a Manjedoura revela
Ensino bem mais profundo!
E a pobre mãe de olhos fixos
Na luz do céu que sorria,
Concluiu com sentimento,
Em terna melancolia:
— Por certo, Jesus ficou
Nas palhas, sem proteção,
Por não lhe abrirmos na Terra
As portas do coração.
(XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de Além-Túmulo. Pelo Espírito de João de Deus).