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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Oração - Pai Nosso

Oração
(Pai Nosso)




Pai Nosso que estais nos Céus
Na luz dos sóis infinitos,
Pai de todos os aflitos
Neste mundo de escarcéus.

Santificado Senhor,
Seja o teu nome sublime,
Que em todo Universo exprime
Concórdia, ternura e amor.

Venha ao nosso coração,
O teu reino de bondade,
De paz e de claridade
Na estrada redenção.

Cumpra-se o teu mandamento
Que não vacila e nem erra,
Nos Céus como em toda a Terra
De luta e de sofrimento.

Evita-nos todo o mal,
Dá-nos o pão no caminho,
Feito de luz, no carinho
Do pão espiritual.

Perdoa-nos, meu Senhor,
Os débitos tenebrosos,
De passados escabrosos,
De iniquidade e de dor.
Auxilia-nos também,
Nos sentimentos cristãos,
A amar nossos irmãos
Que vivem longe do bem.

Com a proteção de Jesus
Livra a nossa alma do erro,
Neste mundo de desterro,
Distante da Vossa luz.

Que a nossa ideal igreja,
Seja o altar da caridade,
Onde se faça a vontade
Do Vosso Amor... Assim seja

Por Monsenhor José Silvério Horta, Psicografia de Francisco Xavier:
Do livro Parnaso de Além-Túmulo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

O Médium Francisco Cândido Xavier psicografou este lindo Pai Nosso, ditado pelo Espírito José Silvério Horta (Monsenhor Horta ) em uma das reuniões da Comunhão Espírita Cristã de Uberaba - Minas Gerais - Brasil. 


Pai Nosso... 

Nosso Pai,
Que estás em toda parte;
Santificado seja o Teu nome, no louvor de todas as criaturas;
Venha a nós o Teu reino de amor e sabedoria;
Seja feita a Tua vontade, acima de nossos desejos;
Tanto na Terra, quanto nos círculos espirituais
O pão nosso da mente e do corpo dá-nos hoje;

Perdoa as nossas dívidas, ensinando-nos a perdoar
nossos devedores com esquecimento de todo mal;
Não permitas que venhamos a cair sob os golpes da tentação
de nossa própria inferioridade;
livra-nos do mal que ainda reside em nós mesmos;
Porque só em Ti brilha a luz eterna do reino e do poder,
da glória e da paz,
da justiça e do amor
para sempre

Assim Seja!
 

(Mensagem de Emmanuel / Chico Xavier - 17.07.1948).


Pai Nosso

“Pai Nosso…” Jesus (Mateus, 6:9).
A grandeza da prece dominical nunca será devidamente compreendida por nós que lhe recebemos as lições divinas.
Cada palavra, dentro dela, tem a fulguração de sublime luz.
De início, o Mestre Divino lança-lhe os fundamentos em Deus, ensinando que o Supremo Doador da Vida deve constituir, para nós todos, o princípio e a finalidade de nossas tarefas.
É necessário começar e continuar em Deus, associando nossos impulsos ao plano divino, a fim de que nosso trabalho não se perca no movimento ruinoso ou inútil.
O Espírito Universal do Pai há de presidir-nos o mais humilde esforço, na ação de pensar e falar, ensinar e fazer.
Em seguida, com um simples pronome possessivo, o Mestre exalta a comunidade.
Depois de Deus, a Humanidade será o tema fundamental de nossas vidas.
Compreenderemos as necessidades e as aflições, os males e as lutas de todos os que nos cercam ou estaremos segregados no egoísmo primitivista.
Todos os triunfos e fracassos que iluminam e obscurecem a Terra pertencem-nos, de algum modo.
Os soluços de um hemisfério repercutem no outro.
A dor do vizinho é uma advertência para a nossa casa.
O erro de um irmão, examinado nos fundamentos, é igualmente nosso, porque somos componentes imperfeitos de uma sociedade menos perfeita, gerando causas perigosas e, por isso, tragédias e falhas dos outros afetam-nos por dentro.
Quando entendemos semelhante realidade o “império do eu” passa a incorporar-se por célula bendita à vida santificante.
Sem amor a Deus e à Humanidade, não estamos suficientemente seguros na oração.
“Pai nosso…” – disse Jesus para começar.
Pai do Universo… Nosso mundo…
Sem nos associarmos aos propósitos do Pai, na pequenina tarefa que nos foi permitido executar, nossa prece será, muitas vezes, simples repetição do “eu quero”, invariavelmente cheio de desejos, mas quase sempre vazio de sensatez e de amor.
(XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Cap. 77 - Pai Nosso).

sábado, 12 de novembro de 2016

Evangeliza - O Dever Esquecido


O Dever Esquecido
(Meimei)



"Certo rei muito poderoso, sendo obrigado a longa ausência, tomou de grande fortuna e entregou-a ao filho, confiando-lhe a incumbência de levantar grande casa, tão bela quanto possível.
Para isso, o tesouro que lhe deixava nas mãos era suficiente.
Acontece, porém, que o jovem, muito egoísta, arquitetou o plano de enganar o próprio pai, de modo a gozar todos os prazeres imediatos da vida.
E passou a comprar materiais inferiores.
Onde lhe cabia empregar metais raros, utilizava latão; nos lugares em que devia colocar o mármore precioso, punha madeira barata, e nos setores de serviço, em que a obra reclamava pedra sólida, aplicava terra batida ...
Com isso, obteve largas somas que consumiu, desorientado, junto de amigos loucos.
Quando o monarca voltou, surpreendeu o príncipe abatido e cansado, a apresentar-lhe uma cabana esburacada, ao invés de uma casa nobre.
O rei, no entanto, deu-lhe a chave do pequeno casebre e disse-lhe, bondoso:
    - A casa que mandei edificar é para você mesmo, meu filho... Não me parece a residência sonhada por seu pai, mas devo estar satisfeito com a que você próprio escolheu..."
Comparemos o soberano a Deus, nosso Pai.
O príncipe da história poderia ter sido qualquer um de nós.
A fortuna para construirmos a moradia de nossa alma é a vida que Deus nos empresta.
Quase sempre, contudo, gastamos o tesouro da existência em caprichosa ilusão, para acabarmos relegados, por nossa própria culpa, aos pardieiros apodrecidos do sofrimento.
Mas, aqueles que se consagram à bênção do dever, por mais áspero que seja, adquirem a tranquilidade e a alegria que o Supremo Senhor lhes reserva, por executarem, fiéis, a sua divina vontade, que planeja sempre o melhor a nosso favor.


(XAVIER, Francisco Cândido. Do livro "ANTOLOGIA DA CRIANÇA", Pelo Espírito de Meimei. Autores Diversos).

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Evangeliza - Disciplina

Disciplina


“A disciplina é uma virtude digna do melhor acatamento - aliás o são todas as virtudes - desde de que seja natural e espontânea, fruto de resolução pessoal, derivada da razão e do sentimento. Fora desta condição, degenera, deixando de corresponder à finalidade moral que dela é lícito esperar-se.” (VINÍCIUS, (Pedro Camargo). Na Escola do Mestre. 4ª ed. FEESP, 1981).

“A disciplina é a mãe do sucesso.” (Ésquilo).
“Disciplina é a ponte entre metas e realizações.” (Jim Rohn).
“Disciplina é a ponte que liga nossos sonhos às nossas realizações.” (Pat Tillman).
“Disciplina é a nossa capacidade de fazermos aquilo que nós mesmos acreditamos.” (Alan Schlup Sant'Anna).

“Ter disciplina é direcionar energia para seguir ordens que você dá a si mesmo” (Eugênio Mussak).

“O corpo é moldado, disciplinado, respeitado, e com o tempo, passa a ser confiável.” (Martha Graham, dançarina americana 1894-199).

Disciplina é uma palavra que tem a mesma etimologia da palavra "discípulo", que significa "aquele que segue".

“A vontade é emocional, enquanto a decisão é racional. E o comandante tem que ser o racional, pois ele é quem tem o discernimento sobre o que é bom e o que não é bom. O emocional só sabe diferenciar o agradável do desagradável, o que não serve como critério para as grandes decisões.
A indisciplina dispersa energia, a disciplina condensa. Ser disciplinado significa obedecer às ordens que você dá a si mesmo.
A disciplina é o antídoto que sabemos que não falha, porque foi testado ao longo da história humana.
Sempre que a essência do homem foi colocada em teste, como na guerra, nos esportes e nas ciências, a disciplina mostrou seu valor.
Segundo Sêneca (4 a.C. e 65 d.C) a disciplina é absolutamente fundamental. A principal causa do sofrimento humano é a fraqueza da vontade, e isso termina por levar o homem a condutas deploráveis, como a preguiça, a inveja e a cobiça. A pessoa que domina sua vontade comanda seu destino, e aquele que não domina sua vontade é apenas arrastado pelo destino, que foge do controle. A indisciplina e a preguiça podem ter efeito fatal em nossos sonhos!
A disciplina […] não pode depender nem da exigência jurídica nem da imposição de outras pessoas. Ser disciplinado significa controlar os impulsos primitivos que buscam, acima de tudo, o prazer e a economia de energia.”
(MUSSAK, Eugênio. Ai, que preguiça! Revista Vida Simples nº61, 15/12/2007. Disponível em: <http:// http://eugeniomussak.com.br/ai-que-preguica/>).

“Certa vez um jovem abordou Napoleão buscando saber que qualidade se faz preciso desenvolver para me transformar em um grande general algum dia: você precisa desenvolver aquela a partir da qual todas as outras virtudes virão. Você precisa desenvolver aquela a partir da qual todas as outras virtudes virão: você precisa ser disciplinado. Só assim você se valerá bem do tempo, nosso bem mais precioso. Quanto a mim, pode ser que, no futuro, eu perca uma batalha, mas jamais perderei um minuto.
De acordo com o conceito clássico, disciplina é um regime de ordem. Em outras palavras, é um sistema onde os acontecimentos se processam como previamente determinado.
Coragem, conhecimento e planejamento são importantíssimos para o sucesso de uma empreitada, mas ficam impotentes sem a companhia da disciplina.
Aristóteles, em seu livro Ética a Nicômaco, insistia na disciplina como uma qualidade da alma; o poder que permite ao homem diferenciar-se dos animais, pois significa a vitória da razão, a única possibilidade de uma pessoa realizar seus sonhos. Sem a disciplina e a determinação, qualquer sonho não passará de devaneio. O filósofo dizia que a “virtude moral é resultado do hábito”. Somos o que repetidamente fazemos, forjamos o caráter nas atividades diárias, e estas construirão nosso destino.
A disciplina liberta você da pressão externa e do sofrimento que vem dos sonhos não realizados.”
(MUSSAK, Eugênio. Disciplina. Revista Vida Simples nº65, 01/04/2008. Disponível em: <http://eugeniomussak.com.br/disciplina/>).


Disciplina - Escolha que você faz de colocar a sua energia, seu foco naquilo que realmente importa (é importante). Sugestão: visualizar o resultado que você quer alcançar antes de começar a se envolver no projeto. Você se sente no resultado antes dele acontecer. Essa técnica de manter o foco no que você quer te ajuda a evitar a pensar no que não quer.

“Diferenças entre desejo e vontade. Um é titubeante, incerto; outra leva a realizações.
A Vontade é o grande dínamo da vida. É por meio dela que pomos em ação nossos pensamentos, quando queremos realizar algo. É preciso querer para transformar um simples desejo em vontade.
[…].
O desejo está freqüentemente ligado aos nossos sentimentos e emoções, enquanto a vontade realizadora caminha de mãos dadas com a lógica e a razão e, por isso mesmo, é respaldada, também, pelo poder do raciocínio. [...] A vontade é o pré-requisito das boas realizações, firma-se na ponderação e na moderação, leva a criatura ao equilíbrio no trabalho e em todos os atos de sua vida. Ela é, portanto, a pedra fundamental, o dínamo de nossos pensamentos, levando ao sucesso na vida, quando dirigida às boas ações. A vontade é forte, persuasiva, abre caminho e realiza; o desejo é titubeante, incerto e quase sempre inconseqüente.”
(SAMEL, Caruso. Diferença entre Desejo e Vontade. Disponível em: http://www.arazao.net/desejo-e-vontade.html

“A disciplina é a capacidade de se manter focado nas tarefas necessárias para concretização de uma meta sem se desviar e sem perder a motivação.
[…] A disciplina é uma das qualidades mais difíceis de serem desenvolvidas, principalmente porque vivemos num mundo tão cheio de estímulos, tão cheio de possibilidades e oportunidades que é muito fácil se dispersar e perder o foco. Outro problema que encontramos diariamente em nossas vidas tão cheias de estímulos é a porta aberta para a perda de tempo.”
(CHRISTY, Fran. O que é disciplina? Disponível em: <http://www.excellencestudio.com.br/disciplina/o-que-e-disciplina.htm>).

“A construção da disciplina requer um esforço heroico. Nossas ideias são geniais, originais e bem intencionadas. Mas muitas não sobrevivem à empolgação e raramente cumprimos as promessas que fazemos a nós.
Nada se constrói sem o dia após o outro. Basta olharmos à nossa volta: a cerâmica que pisamos e o tijolo que nos protege são obras da sucessão dos dias.
A disciplina é consequência da organização. Mas não se nasce organizado. Precisamos anotar, agendar, listar, jogar fora, repor. E isso depende da volição: o ato pelo qual a vontade toma uma determinação.”
(AIRES, Sergio. O hábito da disciplina. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/mobile/artigos/carreira/oo-habito-da-disciplina/93765/>).

“[...] toda edificação da alma requer disciplina, educação, esforço e perseverança.” - Alexandre no livro: (XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Ditado pelo Espírito André Luiz).



“No princípio das tarefas, estranhei a disciplina a que devia submeter-me. Fiquei triste ao imaginar que eu era uma pessoa rebelde e, nesse estado de quase depressão, certa feita me vi, fora do corpo, observando um burro teimoso puxando uma carroça que transportava muitos documentos.
Notei que o animal, embora trabalhando, fitava com inveja os companheiros da sua espécie que corriam livremente no pasto, mas viu igualmente que muitos deles entravam em conflitos, dos quais se retiravam com pisaduras sanguinolentas.
O burro começou a refletir que a vida livre não era tão desejada como supusera, de começo. A viagem da carroça seguia regularmente, quando ele se reconheceu amparado por diversas pessoas que lhe ofereciam alfafa e água potável.
Finda a visão-ensinamento, coloquei-me na posição do animal e compreendi que, para mim, era muito melhor estar sob freios disciplinares, do que ser livre no pasto da vida, para escoicear companheiros ou ser por eles escoiceado”.
Anuário Espírita (1988).
(BACCELLI, Antônio Carlos. Chico e Emmanuel. p.69-70).


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Evangeliza - Lindos Casos de Chico Xavier

Lindos Casos de Chico Xavier
 (Ramiro Gama)




2 - O Valor da Oração

A madrinha do Chico, por vezes, passava tempos entregue a obsessão. Assim é que, nessas fases, a exasperação dela era mais forte. Em algumas ocasiões, por isso, condenava o menino a vários dias de fome.
Certa feita, já fazia três dias que a criança permanecia em completo jejum. À tarde, na hora da prece, encontrou a mãezinha desencarnada que lhe perguntou o motivo da tristeza com a qual se apresentava.
— Então, a senhora não sabe — explicou o Chico — tenho passado muita fome. — Ora, você está reclamando muito, meu filho! — disse Dona Maria João de Deus — menino guloso tem sempre indigestão.
— Mas hoje bem que eu queria comer alguma coisa...
A mãezinha abraçou-o e recomendou:
— Continue na oração e espere um pouco.
O menino ficou repetindo as palavras do Pai Nosso e daí a instantes um grande cão da rua penetrou o quintal. Aproximou- se dele e deixou cair da bocarra um objeto escuro. Era um jatobá saboroso...
Chico recolheu, alegre, O pesado fruto, ao mesmo tempo em que reviu a mãezinha ao seu lado, acrescentando.
— Misture o jatobá com água e você terá um bom alimento.
E, despedindo-se da criança, acentuou:
— Como você observa, meu filho, quando oramos com fé viva até um cão pode nos ajudar, em nome de Jesus.

29 - Solidão Aparente

Em meados de 1932, o “Centro Espírita Luiz Gonzaga” estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José Hermínio Perácio, D. Carmen Pena Perácio, José Xavier, D. Geni Pena Xavier e o Chico. Os doentes e obsidiados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como por encanto.
Perácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte por impositivos
da vida familiar. O grupo ficou limitado a três companheiros.
D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os
dois irmãos. José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento. Por isso, apesar de sua boa vontade, necessitava interromper a frequência ao grupo, pelo menos, por alguns meses.
Vendo-se sozinho, o médium também quis ausentar-se.
Mas, na primeira noite, em que se achou a sós no Centro, sem saber como agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse:
— Você não pode afastar-se.
Prossigamos em serviço.
— Continuar como? Não temos frequentadores...
— E nós? — disse o Espírito amigo. — Nós também precisamos ouvir o Evangelho para reduzir nossos erros. E, além de nós, temos aqui numerosos desencarnados que precisam de esclarecimento e consolo. Abra a reunião na hora regulamentar, estudemos juntos a lição do Senhor, e não encerre a sessão antes de duas horas de trabalho.
Foi assim que, por muitos meses, de 1932 a 1934, o Chico abria o pequeno salão do Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto.
Em seguida, abria O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, ao acaso e lia essa ou aquela instrução, comentando- a em voz alta.
Por essa ocasião, a vidência nele alcançou maior lucidez.
Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura de paz e refazimento. Escutava-lhes as perguntas e dava-lhes respostas sob a inspiração direta de Emmanuel. Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho...
E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites de segundas e sextas-feiras.

33 - Pedindo esmola para enterrar o ex-patrão

Chico levantara-se cedo e, ao sair, de charrete, para a Fazenda, encontra-se no caminho com o Flaviano, que lhe diz:
— Sabe quem morreu?
— Não!...
— O Juca, seu ex-patrão.
Morreu na miséria, Chico, sem ter nem o que comer.
— Coitado! E Chico tira do bolso o lenço e enxuga os olhos.
— A que horas é o enterro?
— Creio que vão enterrá-lo a qualquer hora, como indigente, no caixão da Prefeitura, isto é, no rabecão...
Chico medita, emocionado, e pede:
— Flaviano, faça-me um favor: vá à casa onde ele desencarnou e peça para esperarem um pouco. Vou ver se lhe arranjo um caixão, mesmo barato.
Flaviano despede-se e parte.
Chico desce da charrete. Manda um recado para seu Chefe.
Recorda seu ex-patrão, figura humilde de bom servidor, que tanto bem lhe fizera. E ali mesmo, no caminho, envia uma prece a Jesus:
“Senhor, trata-se de meu ex-patrão, a quem tanto devo; que me socorreu nos momentos mais angustiosos; que me deu emprego com o qual socorri minha família; que tanto sofreu por minha causa. Que eu lhe pague, em parte, a gratidão que lhe devo. Ajude-me, Senhor”.
E, tirando o chapéu da cabeça e virando-o de copa para baixo, à guisa de sacola, foi bater de porta em porta, pedindo uma esmola para comprar um caixão para enterrar o extinto amigo.
Daí a pouco, toda Pedro Leopoldo sabia do sucedido e estava perplexa, senão comovida com o ato do Chico.
Seu pai soube e veio ao seu encontro, tentando demovê-lo daquele peditório.
— Não, meu pai, não posso deixar de pagar tão grande dívida a quem tanto colaborou conosco.
Um pobre cego, muito conhecido em Pedro Leopoldo, é inteirado da nobre ação do Chico, a quem estima.
Esbarra com ele:
— Por que tanta pressa, Chico?
— Meu nêgo, estou pedindo esmolas para enterrar meu ex-patrão.
— Seu Juca? Já soube. Coitado, tão bom! Espere aí, então, Chico. Tenho aqui algum dinheiro que me deram de esmolas ontem e hoje.
E despejou no chapéu do Chico tudo o que havia arrecadado ate ali. Chico olhou-lhe os olhos mortos e sem luz. Viu-os cheios de lágrimas.
Comoveu-se mais.
— Obrigado, meu nêgo! Que Jesus lhe pague o sacrifício.
Comprou com o dinheiro esmolado o caixão. Providenciou o enterro. Acompanhou-o até o cemitério. E já tarde, regressou à casa.
Tinha vivido um grande dia.
Sentou-se à entrada da porta. Lá dentro, os irmãos e o pai, observavam-no comovidos.
Em prece muda, agradeceu a Jesus. Emmanuel lhe aparece e lhe sorri. O sorriso de seu bondoso Guia lhe diz tudo. Chico o entende.
Ganhara o dia, pagara uma dívida e dera de si um testemunho de humildade, de gratidão e de amor ao Divino Mestre.


35 - Vá com Deus

Eram oito horas da manhã de um sábado de maio. Chico levantara-se apressado. Dormira demais. Trabalhara muito na véspera, psicografando uma obra erudita de Emmanuel.
Não esperara a charrete. Fora mesmo a pé para o escritório da Fazenda. Não andava, voava, tão velozmente caminhava.
Ao passar defronte à casa de D. Alice, esta o chama:
— Chico, estou esperando-o
desde às seis horas. Desejo-lhe uma explicação.
— Estou muito atrasado, D. Alice. Logo na hora do almoço, lhe atenderei.
D. Alice fica triste e olha o irmão, que retomara os passos ligeiros a caminho do serviço.
Um pouco adiante, Emmanuel lhe diz:
— Volte, Chico, atende à irmã Alice. Gastará apenas cinco minutos, que não irão prejudicá-lo.
Chico volta e atende.
— Sabia que você voltava, conheço seu coração.
E pede-lhe explicação como tomar determinado remédio homeopático que o caroável Dr. Bezerra de Menezes lhe receitara, por intermédio do abnegado médium.
Atendida, toda se alegra. E despedindo-se:
— Obrigada, Chico. Deus lhe pague! Vá com Deus!
Chico parte apressado. Quer recobrar os minutos perdidos.
Quando andara uns cem metros, Emmanuel, sempre amoroso, lhe pede:
— Pare um pouco e olhe para trás e veja o que está saindo dos lábios de D. Alice e caminhando para você.
Chico para e olha: uma massa branca de fluidos luminosos sai da boca da irmã atendida e encaminha-se para ele e entra-lhe no corpo...
— Viu, Chico, o resultado que obtemos quando somos serviçais, quando possibilitamos a alegria cristã aos nossos irmãos?
E concluiu:
— Imagine se, ao invés de vá com deus, dissesse, magoada, “vá com o diabo”. Dos seus lábios estariam saindo coisas diferentes, como cinzas, ciscos, algo pior.
E Chico, andando agora naturalmente, sem receio de perder o dia, sorri satisfeito com a lição recebida, entendendo em tudo e por tudo o serviço do Senhor, refletido nos menores gestos, com os nomes de Gentileza, Tolerância, Afabilidade, Doçura, Amor.

95 - A lição do bilhar

Num domingo em que estava de plantão no estabelecimento do qual é empregado, Chico levantara-se cedo e foi a pé para seu escritório. Ao passar, às 7 horas da manhã, defronte de um bar, admirou-se por ver, tão cedo, um grupo de rapazes jogando bilhar. Na hora do almoço, os mesmos rapazes jogavam bilhar. De tarde, às 17 horas, veio para jantar, e, de volta, reparou que o mesmo grupo ali estava, no bar, carambolando. Por fim, às 22 horas, ao regressar à casa, acabada sua tarefa, passou de novo pelo mesmo local e, surpreso, verificou que o mesmo conjunto de jovens ali estava ainda no mesmo entretenimento.
Exclamou consigo mesmo: — Meu Deus, será possível o que vejo? Tenho tanto trabalho, não me sobra tempo para perdê-lo.
No entanto, esses moços atravessaram o dia inteiro em passatempo inútil...
De imediato, porém, ouviu a palavra de Emmanuel, a dizer-lhe:
— O bilhar também é uma criação de Deus. Detém os espíritos para que não sigam o caminho das trevas. Enquanto estes jovens se divertem, não mentalizam crimes, não aumentam as próprias faltas e nem dão acesso aos pensamentos tenebrosos dos Espíritos cristalizados na delinquência. Aprendamos, desse modo, a respeitar a Bondade de Deus.


(GAMA, Ramiro. Lindos Casos de Chico Xavier).


* * *

Certa vez, um amigo abordou o Médium e perguntou-lhe:
– Chico, em sua opinião, qual é o homem mais rico?
Como se estivesse a ouvir a voz de Emmanuel nos escaninhos da alma, o médium respondeu:
– Para mim, o homem mais rico é o que tenha menos necessidades...
Arriscando nova pergunta, o companheiro quis saber:
– E o homem mais justo e sábio?...
Com a mesma espontaneidade, ele esclareceu:
– O homem mais justo e sábio é o que cumpre com o dever...
– Mas – insistiu, certamente, interessado em alguma revelação que lhe facilitasse a vida – o que você está me dizendo é o óbvio...
Com o fraterno sorriso de sempre, sem se deter na tarefa de atendimento aos que lhe procuravam a palavra, Chico redarguiu:
– Meu filho, tudo que está no Evangelho é o óbvio... Não existem segredos nem mistérios para a salvação da alma. Nada mais óbvio que a Verdade! O nosso problema é justamente este: queremos alcançar Céu, vivendo fora do óbvio na Terra!...
 




O ESPÍRITO MAIS ILUMINADO QUE O CHICO JÁ VIU.

O Chico contava que o espirito mais iluminado que ele tinha visto em toda sua vida foi um jovem soldado romano.
Este foi acusado pelas autoridades da época de esconder Jesus quando ele desapareceu por uns dias, foi levado, acusado e condenado pelos próprios colegas soldados.
Ele era cristão e com certeza sabia onde Jesus estava, foi levado ante a autoridade e desassombrado como todo jovem de 18 anos quando foi perguntado:
- Onde está Jesus? Você sabe onde Jesus se escondeu?
E Chico, em lágrimas contava essa historia, Emmanuel contou a ele, e o Chico teve a visão da historia.
O soldado imediatamente diz:
- Queres saber onde encontrar Jesus? Pois ele está aqui no meu coração.
Sem pensar duas vezes a autoridade disse: 
- Ah é? Pois então arranquem-lhe o coração.
E ali mesmo os soldados com uma faca, lhe arrancaram o coração, com ele ainda vivo.
Ele cai, naturalmente, morto.
Mas, quando Emmanuel contou essa historia para o Chico, de repente ficou cego, devido tamanha luminosidade irradiada do peito do rapaz, que se fez presente em seu quarto.
A Luz que saía do coração, que faltava ao soldado, era tão tremenda, que o chico olhou pela Janela, e todo o quarteirão, até onde ele podia alcançar, estava iluminado com uma intensa luz dourada.
Extraordinária.
O Chico contava:
"- Foi o Espírito mais iluminado que eu Vi em toda minha vida, porque ele havia tido o coração arrancado, já que ali era a morada de Jesus".






sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O Monge de Manilha

O Monge de Manilha
(Emmanuel - Francisco Cândido Xavier)

 [...] lembrando a influência do Divino Mestre em todos os corações sofredores da Terra, recordemos o episódio do monge de Manilha, que, acusado de tramar a liberdade de sua pátria contra o jugo dos espanhóis, é condenado à morte e conduzido ao cadafalso.
No instante do suplício, soluça desesperadamente o mísero condenado: - "Como, pois, será possível que eu morra assim inocente? Onde está a justiça? Que fiz eu para merecer tão horrendo suplício?"
Mas um companheiro corre ao seu encontro e murmura-lhe aos ouvidos: - "Jesus também era inocente!..."
Passa, então, pelos olhos da vítima, um clarão de misteriosa beleza.
Secam-se as lágrimas e a serenidade lhe volta ao semblante macerado, e, quando o carrasco lhe pede perdão, antes de apertar o parafuso sinistro, ei-lo que responde resignado: - "Meu filho, não só te perdôo como ainda te peço cumpras o teu dever."


( XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito de Emmanuel. Pag. 111).

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Evangeliza - História - Aprendendo a Viver

História - Aprendendo a Viver
(Célia Xavier Camargo)








Morando numa pequena casa em um bairro humilde, Toninho vivia inconformado.
Na escola via colegas mais bem vestidos, calçando tênis caros, e sentia-se triste. Gostaria de ser como um deles, ter casa bonita, passear no “Shopping Center”, ter brinquedos sofisticados, “vídeo games”. Ouvia o relato dos amigos sobre programação de final de semana, e ficava humilhado.
Porque só ele tinha uma vida tão chata e tão sem atrativos?
Nunca podia comprar nada de diferente, usava o par de tênis que não servia mais para o seu irmão, e suas roupas estavam velhas e surradas. É bem verdade que a mamãe as trazia sempre limpa e bem passadas, mas Toninho sentia-se mal por usar sempre as mesmas roupas.
Ao chegar em casa para o almoço, reclamava. A comidinha era simples e nunca tinha pratos diferentes.
- Outra vez feijão com arroz?
O pai, operário de uma fábrica, respondia com paciência:
- E não está bom? Tem muita gente que não tem o que comer, meu filho! Vamos agradecer a Deus, pois nunca passamos fome.
Toninho não respondia. Baixava a cabeça e punha-se a comer, de má-vontade.
Certo dia, Toninho saiu de casa chateado. Brigara com os pais, pois queria uma calça jeans que tinha visto numa loja no centro da cidade e seu pai lhe dissera que era impossível naquele momento. Não tinha dinheiro.
Nervoso, engolindo as lágrimas e chutando uma lata, Toninho foi para a rua. Andou bastante, sem destino. Cansado aproximou-se dele e pediu uma moeda.
Ele olhou admirado para a garota, afirmando:
- Não tenho dinheiro!
- Mas você parece rico. Deveria ter dinheiro.
Espantado, Toninho olhou melhor para a menina, achando graça.
- Então, acha que sou rico?
- Pois não é? Está limpo, bem vestido, bem calçado. Aposto que tem até uma casa!
Toninho, que sempre se considerara muito pobre, perguntou:
- Tenho. Por quê? Você não tem uma casa?
A menina respondeu, apontando para um lugar ali perto:
- Não. Moro debaixo daquele viaduto ali.
Toninho, que nunca se dera conta da verdadeira pobreza, estava horrorizado. A menina, cujo nome era Júlia, convidou-o para conhecer “sua casa” e ele a acompanhou.
Lá chegando, Toninho viu um casal simpático acendendo o fogo num fogão improvisado com tijolos. Também havia outras famílias dividindo o local.
Os pais de Júlia o receberam com um sorriso. Haviam alguns gêneros alimentícios e estavam contentes. Teriam o que comer naquele dia e poderiam até ajudar outras famílias que ali estavam.
- Não se assuste – disse a mãe de Júlia a Toninho -, sem sempre estivemos nessa situação. Acontece que há alguns meses meu marido foi dispensado na indústria onde trabalhava e está desempregado até hoje. Não pudemos mais pagar o aluguel e fomos despejados. Para comprar o que comer, fomos vendendo os móveis e eletrodomésticos que possuímos. Assim, perdemos o jogo de sofá, a geladeira, o fogão, o aparelho de som, as camas. Agora, estamos morando aqui debaixo deste viaduto. Mas, não pense que estamos tristes. Não, de modo algum! Sempre agradecemos a Deus por termos onde nos abrigar. Existem pessoas que nem isso possuem!
Toninho sentiu um nó na garganta. Despediu-se, emocionado.
Chegando em casa, Toninho sentiu a segurança e o aconchego do ambiente doméstico. Entrou na cozinha e um cheiro bom de comida veio do fogão.
Seu pai chegou da fábrica e sentaram-se para comer. Toninho pediu para fazer a oração de agradecimento.
- Muito obrigado, Senhor, por tudo que nos concedeste. Pela nossa casa, pela família, pela comida. E que nunca nos falte o necessário para viver. Assim seja.
Notando que o filho estava emotivo e diferente, o pai explicou:
- Meu filho, amanhã eu irei receber um dinheiro extra e poderei comprar aquela calça jeans que você tanto deseja.
Para sua surpresa, Toninho respondeu:
- Não, papai, não precisa. Isso agora já não tem qualquer importância.
Vendo o espanto dos pais, que nada estavam entendo, o menino contou-lhe a história da Júlia, sua nova amiga.
Os pais de Toninho também quiseram conhecer a família de Júlia, que tanto bem fizera a seu filho, e tornaram-se amigos. O pai de Toninho explicou o caso na fábrica e, dentro de poucos dias, surgindo uma vaga, o pai de Júlia foi contratado.
Na escola, agora o comportamento de Toninho era completamente diferente. O exemplo de otimismo e resignação daquela família havia tocado seu coração. Mostrava-se mais alegre, satisfeito e nunca mais se sentiu infeliz, reconhecendo que a vida é um bem muito precioso e que Deus dá a cada um o necessário para poder viver.

Disponível em: <http://evangelizacao-infantil.blogspot.com.br/2011/06/aula-obediencia-e-resignacao.html> ou <http://www.oconsolador.com.br/34/espiritismoparacriancas.html>


domingo, 11 de setembro de 2016

Evangeliza - História - O recém-nascido

 O recém-nascido
(Célia Xavier Camargo)
 

 Em certa região bem distante, morava um homem muito pobrezinho. Um dia, andando pela mata à procura de lenha para vender, à margem do caminho encontrou uma cesta e, dentro dela, viu uma criança.
Ouviu  o  choro  fraco  do  recém-nascido,  que  estava cuidadosamente  embrulhado numa manta e, cheio de compaixão, pegou o pequenino aconchegando-o ao peito.
De coração generoso, imediatamente resolveu levá-lo para casa. Preocupava-o, porém, a pobreza extrema em que vivia. Como cuidar do bebê, prover-lhe as necessidades, ele, a quem muitas vezes faltava o que comer? Quem sabe alguém com mais recursos, que passasse por aquela estrada, poderia ficar com ele e dar-lhe uma vida melhor?
Contudo, ouvindo os vagidos da criança que o fitava com olhinhos vivos, comentou alto:
- Não posso abandoná-la aqui exposta aos perigos. Deus vai me ajudar! Além disso, sempre quis ter um filho. Melhor dividir com esta criança a minha pobreza do que deixá-la entregue a destino incerto.
Como se entendesse a decisão que o lenhador tomara, o recém-nascido se aquietou e dormiu tranqüilo. 
Chegando em casa, o homem abriu a porta e disse:
- Mulher, veja o que eu trouxe!
A esposa, curiosa, aproximou-se e abriu o embrulho que o marido trazia nos braços. O recém-nascido dormia serenamente, e seu coração se enterneceu. Cheia de alegria, exclamou:
- O filho que sempre quisemos ter! Deus ouviu nossas preces!
Ao mesmo tempo, consciente da miséria em que vivia, indagou, aflita:
- Mas, como vamos cuidar do bebê, João? Não temos comida nem para nós! E uma criança precisa de cuidados especiais!
Confiante, o marido respondeu:
- Não se aflija, Ana. Se o Senhor nos mandou este bebê, certamente nos dará os meios para sustentá-lo.
Era um menino e deram-lhe o nome de Benvindo.
A partir desse dia, tudo mudou. A casa, antes triste e sem vida, tornou-se alegre e cheia de risos.
João, mais estimulado ao trabalho, agora não se limitava a procurar lenha no mato para vender. Buscava outras fontes de renda.
Sabendo da criança, um sitiante das redondezas vendeu-lhe uma cabra por preço módico que João poderia pagar como pudesse. Assim estava garantido o leite do bebê.
A vida estava mudando. Mas isso não bastava. O que mais poderia fazer?
João, na soleira da porta da casa, olhava o terreno que se estendia à sua frente e pensou que poderia cultivá-lo. Assim, teriam verduras, legumes e talvez algumas frutas.
Não pensou duas vezes. O homem que lhe vendera a cabra arrumou-lhe também sementes e mudas diversas, satisfeito por vê-lo interessado no trabalho.
João pegou o machado e derrubou algumas árvores, limpando o terreno. Depois, fez canteiros e jogou as sementes no solo. Plantou as mudas e cuidou delas com muito amor. 
Logo, tudo estava diferente. À medida que Benvindo crescia, forte e saudável, as plantas igualmente se desenvolviam na terra fértil. 
Dentro de pouco tempo, no terreno, antes inculto e abandonado, os legumes e as verduras surgiam, encantando a vista e trazendo fartura. As árvores frutíferas logo começaram a produzir: agora tinham bananas, laranjas, maçãs, mangas e limões à vontade. Como a produção fosse grande, além de terem alimentos,  João   passou   a   vender  as frutas, os legumes e as verduras excedentes.
Com o coração alegre pelas novas funções como mãe, transformando sua casa num lar, Ana passou a cuidar com mais carinho da moradia, a exemplo do marido, plantando um jardim e cultivando flores que enfeitavam e perfumavam o ambiente.
Benvindo crescia aprendendo a trabalhar com o pai. Era um menino vivo e inteligente. Ainda pequeno, João contou a ele como o encontrara abandonado e da satisfação de trazê-lo para casa, afirmando sempre:
- Você é nosso filho muito querido. Foi Deus quem o mandou para nós.

O tempo passou. Benvindo começou a freqüentar a escola, na aldeia. João e Ana faziam questão absoluta que o filho não fosse um analfabeto, como eles.
Mas, apesar de se considerarem ignorantes, souberam dar ao menino noções realmente importantes para sua vida, como amor a Deus e ao Evangelho de Jesus. E ele cresceu sabendo valorizar a honestidade, o trabalho, o respeito ao próximo, o perdão das ofensas e, acima de tudo, o bem.
Já moço, Benvindo foi morar numa cidade grande para continuar os estudos. Terminando o curso, com grande satisfação dos pais, ele retornou para casa e disse, emocionado:
- Papai, não sei como agradecer tudo o que fizeram por mim. Criança abandonada, poderia ter morrido de fome e de frio, mas graças a sua bondade, vim para esta casa como filho que tanto tem recebido de ambos. Tudo o que sou hoje devo a vocês. Muito obrigado!
Enxugando as lágrimas, Benvindo fitou o pai, já velhinho e encarquilhado, abraçando-o com profundo amor.
Comovido, João pegou o filho pela mão e levou-o para fora de casa, onde se descortinava lindo panorama: bem próximo, o jardim cheio de flores coloridas e perfumadas; um pouco mais além, do lado esquerdo, as árvores do pomar, carregadas de frutos. Do lado direito, a perder de vista, a horta, onde as verduras e legumes produziam fartamente.
- Está vendo tudo isso, meu filho?
- Sim, meu pai. É uma imagem que não me canso de admirar. Como é bonita a nossa propriedade!
- Pois bem. Nada disso existia antes de você vir para cá. Eu e sua mãe, envelhecidos e cansados da vida, não tínhamos disposição para lutar. Passamos até fome.
Fez uma pausa, limpou uma lágrima, e prosseguiu:
- Quando você chegou, meu filho, encheu-nos de esperança e de novo ânimo. Precisávamos alimentá-lo, vesti-lo, cuidá-lo. Para isso, tive que trabalhar muito. Mas o resultado aí está. 
Abraçando o filho com imenso carinho e justo orgulho, apontou as terras cultivadas:
- Assim, devemos tudo isso a você! E devo mais ainda. Devo a você, meu filho, a oportunidade e a bênção de ser chamado de PAI! 
A mãe, que chorava comovida, aproximou-se também e permaneceram abraçados por longo tempo.


Autoria: Célia Xavier Camargo ,“ O menino ambicioso, o servo insatisfeito e outras histórias.”
Disponível em: <http://www.oconsolador.com.br/50/espiritismoparacriancas.html>.
 

Evangelhização - A Jarra de Cristal - Perdão

A Jarra de Cristal




Valter era um menino cumpridor de seus deveres, porém, irredutível às coisas a seu ver erradas.
Muito estudioso, não falta um dia sequer à escola.
Sempre prestativo aos sue colegas, mas não perdoava ninguém se uma de sua coisas perdesse, se extraviasse ou se quebrasse.
Por isso, os meninos de sua classe evitavam pedir a ele qualquer material escolar.
Certo dia, Mário, um menino muito pobre, necessitou de um apontador de lápis e Valter prontificou-se a emprestar-lhe o seu.
De repente o apontador quebrou nas mãos do amigo.
Valter ficou furioso, enquanto Mário implorava, em vão, o seu perdão. O dono do apontador exigia receber um novo.
O pobre Mário chorava dizendo:
- Meus pais são pobres! Não tenho condições para comprar um apontador novo!
Chegando em casa, ainda revoltado, Valter contou a sua mãe o que acontecera. Ela aconselhou o filho a desculpar o amigo.Porém, ele não podia admitir o perdão.
Á noite, na hora de jantar, Valter foi servi-se de suco e ao colocar a jarra na pia, ela caiu e quebrou-se.
A mãe aproveitando a oportunidade para ensinar o filho, falou lhe severamente:
- O que você fez! Exijo que compre uma jarra nova, amanhã mesmo! Era uma jarra de cristal, que fazia parte de um conjunto de lindos copos.
O menino assustado, exclama:
- Comprar? Mas eu não tenho dinheiro! Não vou encontrar outra igual. Perdoe-me, mamãe, perdoe-me!
- Você também não perdoou seu companheiro! Ele também não pode comprar outro apontador!
Valter engasgou, não conseguia mais falar, o seu coração batia aceleradamente. Percebia como havia agido errado!
Sua mãe, então, se aproximava dos cacos da jarra e lhe diz bondosamente:
- Aproveite bem, meu filho, esta lição. Na vida temos necessidade de avaliar sempre as situações que exigem compreensão e perdão. Nem sempre as pessoas tem a intenção de nos prejudicar.
No dia seguinte, ao chegar à escola, viu Mário que, receoso, ficou longe.
Valter foi ao encontro do amigo e, sorridente, falou-lhe:
Perdoe-me pelo que fiz ontem. Eu não sabia o mal que lhe causava! Só agora entendo o que você passou.
Mário respirou aliviado e perguntou:
- não preciso comprar um apontador novo para você?
Valter, mais compreensivo diz:
- Já tenho outro apontador e quando você necessitar apontar o lápis, terei o imenso prazer em emprestá-lo.
Assim, os dois amigos, felizes, entraram na sala para mais um dia de aula.



Disponível em: <http://maritapianaro.blogspot.com.br/2014/07/perdao.html>

domingo, 4 de setembro de 2016

Evangeliza - O Anjo Silencioso

O Anjo Silencioso
(Eurípedes Barsanulfo)


No cimo da cruz, reconhecia o Senhor que, em verdade, no mundo, não havia lugar para Ele...

Sem asilo para nascer, fora constrangido a valer-se do ninho dos animais e, sem pouso para morrer, içavam-no ao lenho dos malfeitores.

Agora, porém, que se isolara mentalmente na gritaria em torno, espraiava-se-lhe a visão...

Fitava, em espírito, os grandes palácios da Terra, ocupados pelos poderosos que se vestiam de púrpura e ouro, cercados de mulheres escravas e servos infelizes, e notou que dominavam os quatro cantos do globo, prestigiando os verdugos do sangue humano e os falsos profetas que lhes entorpeciam as consciências...

Mas, entre os altos muros que os apartavam, viu também o Senhor os que viviam desajustados quanto Ele mesmo...

Assinalou os mártires da justiça, encarcerados nas prisões; as vítimas da calúnia, açoitadas em praça pública; os heróis da fraternidade, em postes de martírio; os lidadores do bem, cedidos em pasto às feras; os amigos da educação popular, sob o cutelo de carrascos inconscientes; os perseguidos, condenados a ferros em regiões inóspitas; as mães desamparadas, cujo pranto caía como orvalho de fel sobre a terra seca; os velhos sem esperança; os caravaneiros da nudez e da fome; os doentes sem leito e as crianças sem lar...

Entre os homens igualmente não havia lugar para eles.

Como outrora, à frente de Lázaro morto, Jesus chorou...

Chorou e suplicou a Deus a vinda de alguém que o representasse ao pé dos aflitos... alguém que lenisse chagas sem recompensa, que enxugasse lágrimas sem queixa e servisse sem perguntar...

E o Pai Misericordioso enviou-lhe toda uma coorte de anjos que o louvavam, felizes, transformando o madeiro numa apoteose de luz, com exceção de um deles que, ao invés de adorá-lo, procurou-lhe, respeitoso, os lábios trementes, como quem lhe buscava as derradeiras ordenações.

Não percebeu a multidão desvairada o que se passou entre o Cristo agonizante e o mensageiro sublime; no entanto, de imediato, o nume celeste, sereno e compassivo, desceu do monte para os vales humanos, nos quais, desde então, até hoje, converte o ódio em amor, a expiação em ensinamento, a dor em alegria, o desespero em consolo e o gemido em oração...

Esse anjo silencioso é o Anjo da Caridade.

Por isso, toda vez que lhe ouvis a inspiração divina, abraçando os sofredores ou amparando os necessitados, ainda mesmo através da mais leve migalha de pão ou de entendimento, é a Jesus que o fazeis.



Psicografia em Reunião Publica - Data: 11-01-1959
Local – Lar Espírita Bezerra de Menezes, na cidade de Uberaba, Minas.




(XAVIER,
Francisco Cândido. Do livro: Através do Tempo. Ditado por Espíritos Diversos). 

 

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Evangeliza - O Vaso com Rachaduras


 O Vaso com Rachaduras




Uma senhora chinesa já idosa, carregava dois vasos grandes, cada um pendurado na ponta de uma madeira que se apoiava em seus ombros.
Um dos vasos tinha uma rachadura, e o outro era perfeito e sempre levava todo o seu conteúdo de água.
No fim do longo percurso o vaso defeituoso chegava sempre com  metade do seu conteúdo.
E foi assim por dois longos anos, a senhora idosa levava para casa um vaso e meio de água.
O vaso perfeito era orgulhoso, pois cumpria  sempre a sua obrigação, estava muito vaidoso de seus resultados.
O vaso defeituoso ao contrário envergonhava-se da sua imperfeição;  perdia sempre  metade do seu conteúdo.
Depois de dois anos, reconhecendo seu defeito durante um trajeto, falou com a senhora idosa:
- “Peço-lhe desculpas! Sinto muito, que por causa do meu defeito  perca metade do meu conteúdo.”
A senhora idosa sorriu e disse:  - Já reparaste nas flores que estão do teu lado? Enquanto no outro lado não.
- Isto porque eu sempre soube que em ti havia uma rachadura, então plantei sementes do teu lado e a cada dia que fazia este trajeto tu regavas as sementes.
- Por dois anos recolhi estas maravilhosas flores para decorar a nossa mesa.
- Sem ti e a tua maneira de ser, não seria possível esta beleza para alegrar a nossa casa.

Cada um de nós tem o seu defeito particular… busquemos renovar sempre, num esforço contínuo de vencer nossas imperfeições.
Devemos aceitar as pessoas como são, procurando ver nelas aquilo que têm de melhor.
Nem tudo aquilo que chamamos de defeito é efetivamente destrutivo; precisamos aperfeiçoar a visão que temos de nós mesmos. Introjetar-se em nosso interior e exibir as virtudes que glorificam ao nosso Deus.
(Com base em Lenda Indiana).

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Evangeliza - Preito a Allan Kardec

Preito a Allan Kardec
(Jose Petitinga)

Mestre, escuta-me.
São decorridos trinta anos.
Circundados de bênçãos e aureolados de glórias, tinhas tu, já algum tempo, volvido no Espaço, afim de dares conta da árdua missão que foras investido pelo Cristo, quando eu, que te não conhecia ainda, achei-me um dia, vacilante e trôpego, numa azinhaga tortuosa e escura, estranhos aos esplendores da Natureza, sem prever onde terminara a escabrosa senda.
Aguçados espinhos rasgavam-me as plantas e as vestes, enquanto me fustigava o corpo mórbido a ventania rápida, ameaçando apagar a lâmpada bendita que Minha-Mãe me acendera n’alma para acelerar os meandros da tenebrosa jornada.
Eu chorava e blasfemava às vezes.
Sentia fome e sede… fome de saber e sede de Amor. Mas os raros frutos que pendiam de ramos enfezados eram venenosos e amargos, como amarga era a linfa estagnada que no caminho havia.
Pensei em retroceder; mas a Infância, de onde eu partira, estava tão distante…
Onde me achava eu?
Na Mocidade.
Mocidade?
Essa fase da vida para mim não teve atrativos. Lembro-me dela sem saudade. As flores cândidas de uma crença ingênua que me perfumara a adolescência, o sopro das tumultuosas paixões tinha varrido o meu caminho…
Era angustiosa a minha situação.
A dúvida, precursora da descrença e do desânimo, abeirava-se de mim, crocitando, como um abutre faminto.
Idéias confusas me assaltavam.
Gemidos e imprecações chegavam-me aos ouvidos, misturados com gargalhadas sardônicas e palavras cínicas, cheias de um ateísmo revoltante.
Quase à minha frente numa curva do caminho, vi subitamente desenhar-se um precipício hiante, que mudamente me convidava ao repouso, e que, para a minha imaginação doentia, tinha a forma de um grande zero.
Que seria aquilo: delírio ou sonho? O vestíbulo da loucura ou o Calvário da razão?
Ah! Era talvez o conluio de todas as faltas por mim cometidas nas encarnações passadas, apresentando o meu tribunal que desconhecia o seu libelo acusatório!
…………………………………………………………………………………………………………….
Um abraço forte me deteve e uma voz segredou-me: “Lê”, enquanto mão amiga apresentava-me “O Livro dos Espíritos”.
Li e fiz que os outros o lessem.
A azinhaga continua a ser tortuosa e cheia de espinhos, mas é menos escura; e aos esplendores da criação já não sou indiferente com outrora.
Para curar as feridas dos acúleos tenho o bálsamo da Resignação. A nortada impetuosa me fustiga, às vezes, mas da Paciência os brandos zéfiros também me acariciam.
A Fé que Minha-Mãe me acendera n’alma é hoje mais intensa, tem o raciocínio por esteio.
Ainda choro; mas não blasfemo nunca.
A sede e a fome que me torturavam, diminuem à proporção que recebo os clarões do Evangelho.
Creio, espero e amo.
E é a ti, ó grande Mestre, que isto devo. A tua esmola de luz me redimiu.
A doutrina do Maior dos Mestres, que tu, seu enviado, espalhas por todo o planeta, regenerá-lo-á em breve, fazendo desta penitenciaria lobrega a morada dos manos, conforme a promessa contida no Sermão da Montanha.
Ave, Mestre!
Recebe nestas palavras o agradecimento de uma alma que salvaste.

(Transcrito de REFORMADOR de outubro de 1917, Pags. 312-313, nº 19) ou
(Transcrito de REFORMADOR de outubro de 1949, p. 240, nº 10).



Reverenciando Kardec
(Emmanuel)

Antes de Kardec, embora não nos faltasse a crença em Jesus, vivíamos na Terra atribulados por flagelos da mente, quais os que expomos:
- O combate recíproco e incessante entre os discípulos do Evangelho;
- O cárcere das interpretações literais;
- O espírito de seita;
- A intransigência delituosa;
- A obsessão sem remédio;
- O anátema nas áreas da filosofia e da ciência;
- O cativeiro aos rituais;
- A dependência quase absoluta dos templos de pedra para as tarefas da edificação íntima;
- A preocupação de hegemonia religiosa;
- A tirania do medo, ante as sombrias perspectivas do além-túmulo;
- O pavor da morte, por suposto fim da vida.

Depois de Kardec, porém, com a fé raciocinada nos ensinamentos de Jesus, o mundo encontra no Espiritismo Evangélico benefícios incalculáveis, como sejam:
- A libertação das consciências;
- A luz para o caminho espiritual;
- A dignificação do serviço ao próximo;
- O discernimento;
- O livre acesso ao estudo da lei de causa e efeito, com a reencarnação explicando as origens do sofrimento e as desigualdades sociais;
- O esclarecimento da mediunidade e a cura dos processos obsessivos;
- A certeza da vida após a morte;
- O intercâmbio com os entes queridos domiciliados no Além;
- A seara da esperança;
- O clima da verdadeira compreensão humana;
- O lar da fraternidade entre todas as criaturas;
- A escola do Conhecimento Superior, desvendando as trilhas da evolução e a multiplicidade das “moradas” nos domínios do Universo.
*
Jesus – o amor.
Kardec – o raciocínio.
Jesus – o Mestre.
Kardec – o Apóstolo.
*
Seguir o Cristo de Deus, com a luz que Allan Kardec acende em nossos corações, é a norma renovadora que nos fará alcançar a sublimação do próprio espírito, em louvor da Vida Maior.

(XAVIER, Francisco Cândido. Livro: Doutrina de Luz. Pelo Espírito de Emmanuel).



domingo, 28 de agosto de 2016

Reencontros

Reencontros



Rosamaria, estava cansada há quinze anos e não conseguia engravidar.
Quase todas as noites sonhava com uma menina em seus braços. aparentemente a criança deveria ter uns três anos de vidas.
Toda vez que esse sonho se repetia, pela manhã tentava lembrar de seu rosto e não conseguia, ficava muito triste com isso.
Suas amigas tinham interpretações diferentes para o seu sonho. Algumas delas achavam que era porque jamais teria um filho, por isso não conseguia ver o seu rosto. Outras achavam que era um aviso para ela adotar uma criança.
Rosamaria, entre tantas opiniões, chegou a pensar muitas vezes na adoção, mas tinha muito medo de não achar a criança certa e depois não conseguir criá-la com o devido carinho. Era uma decisão muito difícil.
Passaram-se três anos e alguns meses do início daqueles sonhos, os quais continuaram se repetindo. Finalmente, depois de algum tempo, Rosamaria resolveu optar pela adoção. Começaria a procurar uma menina.
Assim o fez.
Visitou vários orfanatos, encontrou muitas meninas e meninos que poderiam ser adotados por ela, mas não sentiu por nenhum a atração que esperava. Um dia, visitando um orfanato fora da cidade onde morava, perguntou na portaria se havia alguma menina ali que ela pudesse adotar.
A irmã de caridade que dirigia aquela instituição, vendo o seu interesse de adoção, chamou-a em uma sala ao lado e disse-lhe:
- Minha irmã... Fico feliz ao ver pessoas como você que tiveram a coragem de vencer os preconceitos e optar pela adoção. Com certeza será muito feliz quando encontrar a criança que procura. espero que seja uma das nossas.
Nós temos aqui algumas meninas como a senhora procura, mas devo avisá-la que uma delas, embora muitas pessoas quisessem adotá-la, se recusa aceitar. Afirma que está esperando sua mãe vir buscá-la. Diz que a conhece. Só que ela está aqui desde o dia em que nasceu, e sua mãe morreu no parto, o que torna impossível que ela realmente a conheça. Sabemos que isso é coisa de criança, logo passa, mas para nós tem sido um sérios problema. É uma menina muito inteligente. Estou avisando a senhora apenas para que não se decepcione se porventura optar por ela.
- Muito obrigada. deve ter sido difícil para essas pessoas. Eu posso vê-las agora?
- Sim. Vamos.
Rosamaria, entrou na ala das meninas...
Quase todas tinham entre dois e três anos, algumas brincavam na sala ampla e outras estavam nos berços.
Olhou uma por uma das que se divertiam, até brincou com elas, Mas ao se aproximar do berço de uma delas, seu coração disparou, a menina olhou firme para ela e perguntou:
- Porque demorou tanto para vir me buscar?
Muito emocionada, Rosamaria tomou-a em seus braços e, abraçadas, começaram a chorar. A irmã de caridade preocupada ao assistir a cena, aproximou-se das duas e tentando avisar Rosamaria perguntou à menina:
- Você não está esperando sua mãe vir buscar?
- Esta é minha mãe! Você não está vendo?
A irmã de caridade, tomada de forte emoção, teve que sentar-se e deixar as lágrimas correrem abundantes em seu rosto.
 

Fonte: Reencontros Pedaço de Estrela - Nelson Moraes. 




























Triste Reencontros

Antes de desencarnar, o senhor Gouveia redigiu em cartório um testamento legando todos os seus bens para sua esposa e, na falta desta, para os filhos, Palmira com dezoito anos e Bruno com vinte.
Viúva, a senhora Gouveia passou a administrar os bens da família o que sabia fazer muito bem, exceto quando se tratava de administrar os problemas que constantemente envolvia os filhos.
Bruno, desde criança demonstrou forte aversão pela irmã, as brigas eram constantes. com a morte do pai, o relacionamento entre os dois piorou.
Palmira sofria muito, o irmão facilmente manipulava os sentimentos da mãe contra ela, aliais, a senhora Gouveia sempre demonstrava um apego maior pelo filho.
Apesar dos problemas no lar, Palmira era muito jovem alegre e comunicativa. Certo dia, conheceu o jovem Marcos, por quem se apaixonou. Ao apresentá-lo à mãe e ao irmão, teve uma surpresa. Os dois se opuseram ao namoro alegando que o rapaz era um "João ninguém" e que, jamais consentiriam com o casamento. Ela sofreu muito, pois não esperava tal reação, mas apesar disso, manteve o namoro com Marcos. Esperava um dia conquistar pelo menos, a aprovação da mãe. Em pouco tempo descobriu que todo o esforço era inútil. Bruno de varias vezes ameaçá-lo com a violência.
Palmira, muitas vezes recorreu à senhora Gouveia:
- Mamãe! Bruno esta ameaçando o Marcos. A senhora não vai tomar providências?
- Bruno está certo. Você precisa romper esse namoro. Não vê que esse rapaz está interessado apenas no nosso dinheiro?
- Eu o amo! A senhora não entende?
- Não. Não entendo. Como você pode amar alguém que nada tem para lhe oferecer? Não vê que o Bruno tem razão, esse rapaz é um aventureiro.
Essas discussões repetiram-se até que um dia, Palmira, não aguentando as pressões sofridas no lar, fugiu com o rapaz, casando-se logo em seguida.
Com a ausência da irmã, Bruno desfrutava à vontade dos bens da família. Sua mãe satisfazia-lhe todos os desejos.
Um ano depois... Palmira e o esposo atravessavam sérias dificuldades. Dona Ritinha, uma velha amiga da família, sabendo do caso procurou a senhora Gouveia e contou-lhe o que estava acontecendo. Tocada nos sentimentos de mãe, confiou à amiga uma razoável soma de dinheiro para que fosse entregue à filha.
Bruno acabou descobrindo e insurgiu-se contra ela:
- A senhora não devia ter feito isso, Palmira não tem mais nenhum direito nesta casa, eu vou até a casa dela dizer umas verdades àquele vagabundo que vive com ela.
- Espere. Não vá meu filho.
Bruno não deu ouvidos à mãe e saiu nervoso ...
Logo depois veio a notícia. Seu carro desgovernara-se chocando-se conta um poste a poucas quadras dali. O acidente foi fatal.
A senhora Gouveia entrou em choque e teve que ser socorrida às pressas.
Passados os instantes traumáticos do acontecimento, deu-se o velório. Sob fortes sedativos recebeu os pêsames dos amigos, parente e vizinhos...
Tudo parecia estar sob controle, até que Palmira e Marcos entraram na sala. ao vê-los a senhora Gouveia começou a gritar:
- Vocês são culpados dessa tragédia! Saiam daqui. Não quero vê-los nunca mais. Dona Ritinha tentou acalmá-la mas não conseguiu. Palmira estava em prantos, tentou argumentar, mas foi em vão. Aconselhados pela Dona Ritinha retiraram-se.
O tempo passou...
A senhora Gouveia não aceitava a morte do filho. Tentou encontrar respostas à sua dor na religião, passou por quase todas até chegar ao Espiritismo. Acompanhada de um amiga, peregrinava pelos Centros Espíritas em busca de uma mensagem de Bruno, até que um dia recebeu um bilhete dele através de um médium:
- Mamãe eu estou bem.
- Foi bom, mas é pouco. Preciso que escreva mais para que eu possa senti-lo ao meu lado.
Com esse propósito, passou a participar de vários Centros Espíritas que realizavam o trabalho de psicografia. Em pouco tempo, acumulava dezenas de mensagens e bilhetes do filho.
Quase dez anos se passaram da morte de Bruno. Palmira ficara grávida. Nas vésperas de dar à luz, procurou a mãe par pedir-lhe que a acompanhasse ao hospital, pois estava sentindo muito medo. A senhora Gouveia recebeu-a sem muito agrado, demonstrando a mágoa ainda contida no coração.
- Amanhã não posso. É dia de reunião no Centro e com certeza Bruno vai escrever-me. Peça a teu marido que te acompanhe.
Decepcionada e com lágrimas nos olhos, voltou para casa. No dia seguinte deu à luz a um lindo menino.
Em função do desgosto e do esforço do parto, adoeceu. O esposo sem ter a quem recorrer não hesitou, procurou a sogra acompanhado de Dona Ritinha ...
Depois de muito argumentarem conseguiram convencê-la a ajudar, aceitou que a filha o esposo e o neto viessem morar com ela.
Assim foi feito.
Passaram-se algumas semanas, parecia ir tudo bem até que um dia ao retornar da reunião de psicografia, a senhora Gouveia começou a reclamar em voz alta:
- Eu sabia que isso ia acontecer. Só foi vocês mudarem para cá e o Bruno parou de escrever, eu tinha certeza que ele não iria gostar que vocês viessem morar aqui.
Palmira, ainda convalescendo da enfermidade, sentiu-se profundamente magoada. À noite conversando com o marido decidiu que não mudaria dali, afinal, tinha todo o direito àquela casa. Assim o fez.
Os anos foram passando... A senhora Gouveia tornou-se uma mulher amarga e de pouca conversa, nem mesmo o netinho conseguia fazê-la sorrir. Vivia a maior parte do tempo trancada em seu quarto lendo as mensagens de Bruno. Certa feita, o menino surpreendeu-a soluçando sobre as mensagens;
- Vovó porque você está chorando? O que são esses papéis?
- Esses papéis são cartas do meu filho.
- Onde está o seu filho?
- Está no céu. Agora vai pra junto de sua mãe e deixa a vovó em paz.
Dizendo isto, pegou-o pelo braço e o colocou para fora do quarto.
Essa foi a convivência da senhora Gouveia com a filha, o neto e o genro, porém, não foi longa. Pouco tempo depois, vítima de um infarto agudo do miocárdio desencarnou.
Seu corpo foi sepultado, mas em espírito continuou na casa, mal se deu conta do acontecido, até que seu avô paterno veio ao seu encontro inteirando-a da situação. Mal podia crer no que seu avô lhe dizia.
Desesperou-se.
- Calma minha filha, o que você deve fazer agora é vir comigo.
- Para onde? - perguntou:
- Vamos par um plano onde nossa família espiritual se abriga.
- Bruno está lá?
- Não. Não está.
- Então eu não vou. Só saio daqui para procurá-lo, é o que vou fazer agora mesmo.
Desesperada, saiu em direção a rua. Durante muito tempo caminhou a esmo chamando pelo filho. Visitou os Centros Espíritas que conhecera e se manifestando através de médiuns, pedia que ajudassem a encontrar seu filho.
Depois de muito perambular, voltou para casa. Novamente seu avô veio ao seu encontro. Ao vê-lo ajoelhou-se aos seus pés e implorou:
Por favor leve-me ao encontro do meu filho.
- Vem, eu vou levá-la até ele.
Passando o braço sobre seus ombros e segurando a sua mão, conduziu-a até o quarto ao lado daquele em que estavam e apontando para o netinho que dormia, afirmou:
- Eis o seu filho!
- Como é possível?
- Bruno desencarnou graças aos desígnios de Deus, pois no acidente resgatou o delito cometido no outra encarnação, quando tirou a vida de Palmira. Na vida presente, mesmo renascendo como irmãos, Bruno ainda mantinha o ódio no coração. Quem sabe agora como filho dela, conseguirá superar esse ódio e transformá-lo em amor.
- E as mensagens que eu recebi tantas vezes através dos médiuns?
- Algumas daquelas mensagens eu mesmo as escrevi tentando sensibilizá-la, mas você fez-se cega aos apelos que fiz para que abrandasse o seu coração. O Espiritismo que deveria renovar-lhe a alma, para você só existiu em função das mensagens de Bruno.
Naquele instante, a senhora Gouveia agarrou-se ao netinho e em prantos começou a gritar:
- Meu filho... Perdoa-me, perdoa-me.


(Extraído do livro - Pedaço de Estrela - Nelson Morais
).
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