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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Evangeliza - O Peru Pregador

O Peru Pregador

(Neio Lúcio, Chico Xavier)

Um belo peru, após conviver largo tempo na intimidade duma família que dispunha de vastos conhecimentos evangélicos, aprendeu a transmitir os ensinamentos de Jesus, esperan­do-lhe também as divinas promessas. Tão ver­sado ficou nas letras sagradas que passou a propagá-las entre as outras aves.

De quando em quando, era visto a falar em sua estranha linguagem “glá-glé-gli-gló-glu”. Não era, naturalmente, compreendido pelos homens. Mas os outros perus, as galinhas, os gansos e os marrecos, bem como os patos, entendiam-no perfeitamente.

Começava o comentário das lições do Evan­gelho e o terreiro enchia-se logo. Até os pintainhos se aquietavam sob as asas maternas, a fim de ouvi-lo.

O peru, muito confiante, assegurava que Jesus-Cristo era o Salvador do Mundo, que viera alumiar o caminho de todos e que, por base de sua doutrina, colocara o amor das criaturas umas para com as outras, garantindo a fórmula de verdadeira felicidade na Terra. Dizia que todos os seres, para viverem tranqüilos e contentes, deveriam perdoar aos inimigos, desculpar os transviados e socorrê-los.

As aves passaram a venerar o Evangelho; todavia, chegado o Natal do Mestre Divino, eis que alguns homens vieram aos lagos, galinheiros, currais e, depois de se referirem excessivamente ao amor que dedicavam a Jesus, laçaram fran­gos, patinhos e perus, matando-os, ali mesmo, ante o assombro geral.

Houve muitos gritos e lamentações, mas os perseguidores, alegando a festa do Cristo, distribuíram pancadas e golpes à vontade.

Até mesmo a esposa do peru pregador foi também morta.

Quando o silêncio se fez no terreiro, ao cair da noite, havia em toda parte enorme tristeza e irremediável angústia de coração.

As aves aflitas rodearam o doutrinador e crivaram-no de perguntas dolorosas.

Como louvar um Senhor que aceitava tantas manifestações de sangue na festa de seu natalício? como explicar tanta maldade por parte dos homens que se declaravam cristãos e operavam tanta matança? não cantavam eles hinos de homenagem ao Cristo? não se afirmavam dis­cípulos dEle? precisavam, então, de tanta morte e tanta lágrima para reverenciarem o Senhor?

O pastor alado, muito contrafeito, prometeu responder no dia seguinte. Achava-se igualmente cansado e oprimido.

Na manhã imediata, ante o Sol rutilante do Natal, esclareceu aos companheiros que a ordem de matar não vinha de Jesus, que preferira a morte no madeiro a ter de justiçar; que deviam todos eles continuar, por isso mesmo, amando o Senhor e servindo-o, acrescentando que lhes cabia perdoar setenta vezes sete. Explicou, por fim, que os homens degola­dores estavam anunciados no versículo quinze do capítulo sete, do Apóstolo Mateus, que esclarece: - “Acautelai-vos, porém, dos falsos pro­fetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”. Em seguida, o peru recitou o capítulo cinco do mes­mo evangelista, comentando as bem-aventuranças prometidas pelo Divino Amigo aos que choram e padecem no mundo.

Verificou-se, então, imenso reconforto na comunidade atormentada e aflita, porque as aves se recordaram de que o próprio Senhor, para alcançar a Ressurreição Gloriosa, aceitara a morte de sacrifício igual à delas.

(XAVIER, Francisco Cândido. Transcrito do cap. 43 do livro Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito de Neio Lúcio).
Renuncia às comemorações natalinas que traduzam excessos de qualquer ordem, preferindo a alegria da ajuda fraterna aos irmãos menos felizes, como louvor ideal ao Sublime Natalício.
Os verdadeiros amigos do Cristo reverenciam-no em Espírito.
(XAVIER, Francisco Cândido. Conduta Espírita. 47, FEB. Ditado pelo Espírito de André Luiz).

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Evangeliza - Atitudes e fragilidade morais ou mentais que distorcem a realidade

 Atitudes e fragilidade morais ou mentais que distorcem a realidade



Boas desculpas para se dar bem.
1- Vou fazer só uma vez e nunca mais, ignorando as consequências; só uma pitadinha, só um golinho; É só uma vez mesmo; Uma vez na vida não vai fazer diferença, uma vez no ano? Besteira. Só desta vez.
2- Se ninguém está vendo, então eu posso, então eu vou fazer;
3- Se eles podem eu também posso, como justificativa para prática do mal, do não amor;
Já que todo mundo faz, eu também faço; Nem que seja só uma vez; Se todo mundo faz? Que diferença isso vai fazer? Se todo mundo faz então eu vou fazer também;
4- Errar é humano; mas esquecemos que mais humano ainda é superar os erros;
5- Cultivar excessos, prazer, excesso de sensualidade;  
6- Dúvida; ficar em cima do muro, quem não sabe o que quer, pode cair para qualquer lado; Se você não toma decisões na vida alguém toma por você; Quem não sabe para onde ir qualquer caminho serve;
7- Mentiras, que distorcem a realidade; Só uma mentirinha ou utilizar-se de pretextos sem fundamento ou uma desculpa para justificar;
8- Preguiça, acomodação. Não nos movimentamos para transformar a realidade; Negligenciamos por omissão; Estou confortável aqui;
9- Medo que nos trava e não nos coloca para frente; Você se deixa ser levado, manipulado pelos outros;
10- Felicidade a todo custo; O mais importante é ser feliz; Não importa as consequências;
11- Terceirizar a culpa. Atribuir os problemas e maus resultados aos outros; Não é minha culpa;
12 - Depois eu faço; Procrastinação; Executar suas atividades somente no último minuto, tomado pela pressa, sem planejamento, e tendência de cometer muitos mais erros;
Se decida pelo bem, de você mesmo!
Que possamos dar atenção e estarmos consciente das nossas escolhas;
"Vigiai e Orai para não cairdes em tentação" (Mateus, 26:41);
"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém." (1 Corintios, 6:12);


quarta-feira, 3 de maio de 2017

Evangeliza - Um outro mundo - Lauretta



Um outro mundo


Por entre as ruínas de uma velha torre de pedra, na montanha, existe a escola dos pássaros noturnos, frequentada pelos filhotes das famílias dos mochos, das corujas e das codornizes.
À noite, os pequenos escolares pegam suas pastinhas e vão assistir às aulas do professor, um velho mocho real. Hoje, o velho mocho está dizendo uma coisa importante:
- Tudo o que existe é preto. O preto é a essência de todas as coisas, ou seja, aquilo do que todas as coisas são feitas. Olhem à sua volta: parece-lhes possível que o céu, a terra, as plantas, as casas e todos nós possamos existir sem sermos pretos? Não, é lógico. Portanto, o preto é aquilo que constitui todas as coisas.
As palavras do professor são fáceis de ser compreendidas por seus jovens alunos. Na verdade, se eles esticam o olhar para fora das janelas destruídas de sua escola, não veem mais nada que não seja preto e qualquer coisa em que tentem pensar, só podem imaginá-la preta.
Ariana, uma corujinha de olhos redondos, redondos como duas bolinhas de tênis, está anotando em seu caderninho. O preto, ela escreve diligentemente, é a essência de todas as coisas. Uma lição fácil hoje, não é preciso preocupar-se em lembrá-la.
Voltando para casa, no oco de um grande carvalho, Ariana dorme tranquilamente em sua caminha. Uma tímida luz cor-de-rosa está colorindo o céu; mas agora a corujinha não pode mais vê-la, pois já dorme profundamente.
Em sonho, Ariana vê-se transportada a um mundo fantástico, um mundo que ela jamais havia visto antes, cheio de coisas novas, extraordinárias.
Quando acorda, a corujinha quer chamar a mãe para contar-lhe o magnífico sonho que teve, mas se dá conta de não ser capaz; faltam-lhe as palavras para descrever aquilo que viu em sonho, porque, naquele mundo, não havia nada que fosse preto!
“E se for verdade?” – começa a se perguntar Ariana. “E se aquele mundo com que eu sonhei existir mesmo? Eu tenho que saber se é verdade! Eu quero encontrar aquele mundo!”
Mas como pode uma corujinha partir em busca de um mundo desconhecido? Ariana sabe que a mamãe e o papai jamais a deixariam partir sozinha para ir sabe-se lá onde. E, então, tem uma ideia!
Espera até que todos estejam profundamente adormecidos para sair silenciosamente do ninho.
Um sino está tocando as doze badaladas do meio-dia. Ariana estica as asas para se soltar no céu, mas, de repente, uma forte dor nos olhos obriga-a a ficar sobre um galho. “O que está acontecendo comigo?”, ela se pergunta, assustada.
A dor agora é lancinante e terrível, mas o desejo de ver que Ariana traz no coração é mais forte do que tudo o mais e a corujinha retoma o seu voo.
Voa com os olhos semicerrados; vai batendo contra os ramos das árvores, mas não se arrepende.
Voa assim por algum tempo e, depois, com um esforço terrível, experimenta esbugalhar os olhos.
Assombro, emoção e alegria invadem seu coração, porque o mundo que está vendo é exatamente aquele que ela havia visto em seu sonho!
E, da mesma forma que não pudera descrever à sua mãe o que havia visto, agora também ela não encontra palavras para exprimir sua alegria. De seu biquinho sai apenas uma série de “Oooh!”, “Oooh!” intermináveis.
Inebriada de luz, Ariana voa no céu sem pousar; mas, quando o sino toca sete badaladas, a pequena coruja volta depressa para o ninho com medo de que deem por sua falta.
À noite, na escola, Ariana está sonolenta e encosta a cabeça na carteira, mas logo ouve o velho mocho dizer:
- Como vocês já aprenderam, o preto é a essência de todas as coisas...
A corujinha abre bem os olhos e exclama, segura:
- Não é verdade!
Todos olham-na com curiosidade e alguém pergunta:
- Como é que você sabe, Ariana? Quem foi que disse? E o que foi que você viu que não é preto?
O professor aproxima-se de Ariana e lhe pergunta com doçura:
- Então, Ariana, que história estranha é essa? Por acaso você sonhou?
- Sim , eu sonhei...
- Então, eu lhes dizia que ela tinha sonhado; não lhe deem ouvido – diz o velho mocho aos alunos que se puseram todos ao redor da carteira da coruja.
- Mas eu não sonhei apenas – diz Ariana agora, com um fio de voz, de medo de ter que confessar que saiu do ninho sozinha. – Eu vi! Eu vi um outro mundo e não era todo preto!
- Agora chega de bobagens! – diz o professor, e sua voz torna-se dura. – Vá já para casa, Ariana! Você voltará à escola apenas quando estiver disposta a ouvir o que digo e deixar de acreditar em suas fantasias!
Expulsa da escola, a corujinha voa e vai refugiar-se sobre um ramo do grande carvalho.
- Eu não posso ficar quieta; eu vi aquele outro mundo, eu vi... – repete soluçando.
- Ora, pequena, não chore! – diz uma voz gentil.
Ariana enxuga os olhos com as asas e depois, olhando em volta, pergunta:
- Quem fala? Quem é você?
- Sou o velho carvalho. Não fique triste, Ariana; eu sei que o que você diz é verdade.
- Então você também o viu! Você também o viu, viva! – grita a corujinha, saltitando sobrei ramo do carvalho. Depois pergunta tudo de um só fôlego:
- E como se chama aquele outro mundo? Do que é feito? E por que o velho mocho não acredita que exista? E por que os olhos me doem tanto quando olho para ele?
- Calma, calma, uma pergunta por vez, pequena! Aquele outro mundo chama-se dia e é feito de luz e de cores. O velho mocho não acredita que exista, provavelmente porque jamais o tenha visto realmente, ou talvez porque... – o carvalho agora fica calado.
- Não interrompa, carvalho querido, eu lhe peço!
- Bem, talvez tenha havido um momento, quando o mocho real era jovem, em que com ele tenha acontecido a mesma coisa que aconteceu com você, mas que ele preferiu acreditar que era apenas um sonho, porque, para conhecer esse outro mundo, é preciso sofrer muito. Você já percebeu isso, corujinha: seus olhos não podem suportar a luz do dia. Se você quiser continuar a vê-la, eu lhe aviso: seus olhos doerão muito, mas muito mesmo. Assim, cabe a você decidir: você pode voltar à escola e pedir desculpas a todos dizendo que foi apenas um sonho...
- Não, não! Eu não posso voltar mais à escola! Eu amo a luz! Eu quero conhecer as cores!
- Então, coragem, pequena, e boa sorte!
Dessa forma, Ariana não voltou mais à escola. Agora, aprendeu a dormir de noite e a voar de dia. O velho carvalho ensinou-lhe os nomes de todas as cores e Ariana não se cansa nunca de admirá-las. E está feliz, ainda que tenha que, a cada dia, pedir a seus olhos para fazerem um esforço doloroso para olhar a luz.
E, numa manhã quente de verão, a dor torna-se insuportável: para a corujinha, os raios dourados do sol são como lâminas de faca que lhe furam os olhos.
Ariana procura desesperadamente mantê-los abertos, mas, repentinamente, tudo fica escuro diante dela.
- Luz... luz, onde está você? – grita assustada. – Por que não posso mais vê-la?
Agora, Ariana voa no escuro, procurando lembrar-se do caminho para chegar ao velho carvalho e, finalmente, consegue pousar sobre seus ramos.
- Onde está a luz? Onde está a minha luz? – pergunta ao carvalho amigo.
O velho carvalho acaricia com suas folhas a cabecinha de Ariana.
- Minha pequenina – diz-lhe docemente – seus olhos não poderão mais ver a luz; ficaram cegos.
- Não mais poderei ver a luz... Não mais poderei ver a luz... – repete ariana, chorando.
- Mas você ainda pode falar da luz – acrescenta devagarinho velho carvalho.
Muito tempo se passou desde que ariana viu a luz pela última vez.
Agora a corujinha construiu um ninho no alto de uma torre, bem de frente ao sol. Ariana não o pode ver, mas sabe que ele está lá.
De vez em quando, aparece alguém para lhe fazer uma visita. Quase sempre é um jovem pássaro noturno que lhe diz ter sonhado com a luz.
- Mas a luz existe? – pergunta o jovem passarinho.
- Sim, existe.
- E eu posso vê-la?
- Sim, mas para isso, você irá sofrer muito.
- E então por que vê-la se faz sofrer?
- Porque seu coração é feito para ela.

Lauretta

(Lauretta. O Bosque dos lilases. São Paulo: Paulinhas, 2000).





sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Evangeliza - Perdão e compaixão

Surpresa do Magistrado




Empurrada pela dor e o desespero aquela mulher sofredora venceu a distância e chegou à grande mansão, a fim de pedir clemência ao homem de negócios.
Com as mãos trêmulas tocou a campainha e aguardou por alguns minutos.
Uma serviçal a atendeu prestativa e voltou ao interior da faustosa residência. Depois de longa espera, o magistrado, a quem a mulher procurava, surgiu à porta.
Ouviu, com impaciência, a visitante que lhe falou, entre soluços e lágrimas:
Doutor, peço-lhe caridade. Meu pobre marido não tem culpa. Temos oito filhinhos passando necessidade. Oito filhos, doutor!
Tenha piedade e ajude-nos!
O senhor não ignora que meu pobre companheiro sempre foi um motorista cuidadoso! O homem estava embriagado quando se jogou contra o carro. Ele não pôde evitar o acidente, senão o teria feito.
O juiz, entretanto, olhou-a sem qualquer emoção no olhar frio e indiferente.
Que deseja a senhora, com semelhante reclamação? Falou irritado.
Quem pensa que sou?
Afinal, justiça é justiça!
Seu marido foi imprudente, desnaturado. Tenho certeza de que houve premeditação e por isso sanearei a cidade. Ele servirá de exemplo aos demais motoristas criminosos, esses profissionais inconscientes!
O processo foi corretamente conduzido e a justiça provará, hoje, que seu marido é um homicida como outro qualquer.
Doutor, compadeça-se de nós! Implorou a infeliz.
Nada mais tenho a dizer. -  Falou, ríspido, despedindo a pobre mulher.
O doutor não havia alcançado o interior da casa, quando enorme alvoroço se iniciou na rua.
Os populares gritavam em desespero:
Socorro! Socorro! Peguem o culpado! Peguem o culpado!
A multidão se agitou na via pública.
Ao lado de luxuoso automóvel, último modelo, debatia-se um rapaz aprisionado por homens do povo.
Não muito longe, estendida na rua, uma criança morta...
A notícia do desastre se espalhou rápido.
O doutor inteirou-se do triste acontecimento e caminhou por entre a multidão, pedindo licença, respeitoso.
O rapaz era seu filho que, no carro da família, em correria desenfreada, acabara de atropelar a pequenina indefesa.
A agonia moral transformou o semblante daquele homem que, agora, trazia no rosto paterno  profunda dor.
Abraçou o filho com enternecimento de quem se compadece de um louco...
E, naquele dia, o magistrado não pôde comparecer ao julgamento...
*   *   *
A dor moral é eficiente artesã na arte de cultivar nos corações a compaixão pelo semelhante.
Ao visitar nossa alma, deixa sulcos profundos onde germinam as sementes do verdadeiro amor.
Quando experimentamos o sabor amargo do sofrimento em nosso próprio ser, brotam em nossa intimidade as flores da compreensão e da predisposição para o perdão incondicional.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 27, do livro A vida escreve,
pelo Espírito Hilário Silva, psicografia de Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira, ed. Feb.

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