A estrela partida
- E agora, o que é que eu faço? - dizia às suas amigas, muito preocupada. Já não sou uma estrela perfeita, sou uma estrela partida… Esta noite não poderei iluminar o céu, tenho vergonha que me vejam assim!
As amigas sentiram pena dela e tentaram animá-la:
- Brilhantina, não te preocupes, vamos ajudar-te a encontrar a ponta que te falta.
Ao amanhecer, as estrelas não se deitaram, como sempre faziam, e partiram pelos céus à procura da ponta….
O Sol, achando estranho que as estrelas estivessem levantadas àquela hora da manhã, perguntou-lhes:
- O que é que andam a fazer? Não deviam estar a dormir?
E as estrelas responderam:
- Estamos à procura da ponta que a nossa amiga Brilhantina perdeu. Se não a encontrarmos antes do anoitecer, ela não poderá iluminar o céu esta noite.
- Que boas amigas tem a Brilhantina! Querem ajuda? Conheço melhor o dia do que qualquer uma de vós…
- Muito obrigada, senhor Sol -disseram todas em uníssono.
O Sol e as estrelas procuraram por todo o lado, mas não encontraram a ponta da estrela Brilhantina.
O Vento passava por ali naquele momento e, ao ver as estrelas, perguntou-lhes:
- Que fazem a esta hora, por aqui, na companhia do Sol?
Entre todas explicaram o que se passava e porque precisavam de encontrar a ponta perdida antes do anoitecer.
Então o Vento perguntou:
- Querem a minha ajuda? Eu conheço muitos lugares, sou mais rápido e posso entrar em todo o lado, por mais estreita que seja a ranhura.
- Muito obrigado, senhor Vento -responderam todas ao mesmo tempo.
O Vento seguiu em direção às cidades, voou sobre os telhados, entrou nos vales profundos, subiu às montanhas mais altas e até penetrou no interior do bosque. Ali, um brilho ofuscante chamou-lhe a atenção. Aproximou-se silenciosamente. Viu então uma luz muito forte a sair do interior de uma caverna. E… oh, surpresa das surpresas! Estava ali o tal pedaço da estrela, dependurada no teto da caverna, a iluminar duas pequenas fadas.
E o Vento perguntou:
- O que fazem com esta ponta de estrela? Todos a procuram e a sua dona, a estrela Brilhantina, está desesperada.
As fadas responderam:
- Senhor Vento, ontem à noite vimos cair uma luz do céu e fomos ao bosque ver o que era. Encontrámos este pedacinho de luz e levámo-lo para a nossa caverna para que nos iluminasse. Perguntámos por todo o lado a quem pertencia, mas ninguém nos soube dizer nada.
- Apressemo-nos a levá-la ao céu antes do anoitecer, para que a estrela Brilhantina ainda possa iluminá-lo esta noite - disse o Vento.
- Agora que sabemos a quem pertence, gostaríamos de entregá-la à Brilhantina. Podemos acompanhar-te?
As fadas pegaram na ponta, cada uma do seu lado, e o Vento fê-las subir tanto e tão alto que logo chegaram ao lugar onde viviam as estrelas. Houve então um grande rebuliço.
- Brilhantina! Acorda, encontrámos a ponta que perdeste! - gritaram as suas companheiras.
Quando Brilhantina abriu os olhos, viu-se rodeada das amigas estrelas, do Sol, do Vento e das duas fadas que transportavam a pontinha, e pôs-se a dar saltos de alegria.
- Obrigada, amigas, muito obrigada por terem encontrado a minha ponta! - disse às estrelas.
Mas elas, de imediato, disseram:
- Não, Brilhantina, não fomos nós que a encontrámos, foi o senhor Sol.
E este acrescentou:
- Não, minhas queridas estrelas, não fui eu quem a encontrou, foi o senhor Vento.
Mas o senhor Vento logo esclareceu:
- Não, senhor Sol, não fui eu que a encontrei, foram estas duas pequenas fadas.
E as pequenas fadas contaram como a tinham encontrado no bosque.
Então, a estrela Brilhantina, emocionada, disse:
- Agradeço-vos, pois entre todos encontraram a minha pontinha! A partir de hoje, serei a primeira a aparecer ao anoitecer para cumprimentar o senhor Sol, despedir-me do senhor Vento antes do recolher da brisa, e iluminar o caminho do bosque para as amigas fadas.
É por isso que, desde então, à noite, no horizonte, aparece uma estrela, antes de todas as outras, para que a promessa feita aos amigos se cumpra.
Begoña Ibarrola
Cuentos para sentir 2: Educar los sentimientos
Ediciones SM, 2003, Madrid
(Tradução e adaptação)
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