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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Evangeliza - Histórias e Casos - Almas em desfile - DOIS MESES ANTES e O CASO PITANGA

 21 - DOIS MESES ANTES

I

Grande confeitaria paulista, ao anoitecer. Clientela numerosa.
Quando Olavo Dias, denodado trabalhador da seara espírita, se aproxima da caixa para efetuar o pagamento de certa compra, surge a atordoada:
– Ladrão! Ladrão! Pega o ladrão! Pega! Pega!
Alia-se um guarda a robusto balconista e agarra pobre homem, extremamente mal vestido, que treme ao apresentar grande pacote nas mãos.
– Ele roubou de um freguês – grita o caixeiro, como que triunfante ao guardar a presa.
Quase todos os rostos se voltam para o infeliz.
O policial apresta-se para as providências que o caso lhe sugere, mas Olavo Dias avança e toma a defesa.
Não é um ladrão – explica – e não admito qualquer violência.
E no propósito de ajudá-lo, Olavo mente, afirmando:
– E meu empregado e, decerto, retirou o pacote julgando que me pertencesse.
Enérgico, toma o embrulho, devolve-o ao gerente, pede desculpas pelo engano e afasta-se com o desconhecido, dando-lhe o braço, como se o fizesse a um parente, diante dos circunstantes perplexos.
Dobrando, porém, a primeira esquina, dirige-lhe a palavra, admoestando:
– Ora essa, meu caro! Sou espírita e um espírita não deve mentir. Entretanto, fui obrigado a isso para defendê-lo.
O interpelado mergulha a fronte nas mãos ossudas e explica em lágrimas:
– Doutor, roubei porque tenho seis filhos com fome... Sou doente do peito... Não acho serviço...
– Bem, bem – falou Olavo, comovido –, não estou aqui para fazê-lo chorar.
Condoído, abriu a bolsa, deu-lhe o concurso possível e perguntou-lhe pelo endereço.
O infeliz declarou chamar-se Noel de Souza, deu os nomes da esposa e dos filhos e informou residir nas proximidades da Vila Maria, em modesto barracão.
O benfeitor, realmente sensibilizado, prometeu visitá-la na primeira oportunidade, e, finda uma semana, ei-lo de automóvel a procurar pela casinha distante.
Depois de algum esforço, localizou-a.
Encontrou a senhora Souza e os seis filhinhos esquálidos, mas o dono da casa não estava.
Saíra para angariar socorro médico.
Olavo, tocado de compaixão, fez quanto pôde pela família sofredora e, ao despedir-se, ouviu a dona da casa dizer-lhe sob forte emoção:
– Um dia, se Deus quiser, Noel há de retribuir o senhor por tudo o que está fazendo...
Precisando deixar S. Paulo, em função da vida comercial, Olavo recomendou os novos protegidos a diversos companheiros, e esqueceu a ocorrência.

II

Decorridos seis meses, Olavo, certo dia, chega apressado ao aeroporto de grande cidade brasileira.
Precisava viajar urgentemente, mas não tem passagem. Arriscar-se-á, no entanto, à aquisição de última hora.
Retendo pequena pasta, procura na multidão um amigo que o precedera, minutos antes, com o fim de ajudá-lo, até que o vê a pequena distância, acenando-lhe a que se apresse.
O problema está resolvido. Basta que apresente a documentação necessária.
Avança, presto, mas alguém cruza o caminho. Sente-se abraçado numa explosão de ternura.
Olavo tenta quebrar o impedimento afetivo, mas reconhece Noel de Souza e estaca, surpreendido.
– Você... aqui?
O amigo está humildemente trajado, mas limpo e alegre.
– Sim, doutor, preciso vê-lo – confirma o interlocutor.
– Agora, não – falou Olavo, contrafeito.
Como se não lhe anotasse o azedume, o outro tomou-lhe o braço e arrasta-o docemente para fora do raio de visão do companheiro que o espera.
– Souza, não me detenha, não me detenha... – roga Olavo, inquieto.
– Escute, doutor, preciso agradecer-lhe...
E como se não lhe pudesse escapar da mão, Olavo escuta-lhe a fala entediado e impaciente. Noel refere-se à esposa e aos filhos e repete frases de gratidão e carinho.
Depois de alguns instantes, Dias, revoltado, desvencilha-se e abandona-o sem dizer palavra. Alcança o amigo, mas é tarde.
O avião não pudera esperar.
Acabrunhado, vê, de longe, o aparelho de portas cerradas, na decolagem.
Bastante desapontado, busca Noel de Souza para ouvi-lo com mais atenção, já que perdera a viagem. Entretanto, por mais minuciosa a procura, não mais o encontra.
Daí a quatro horas, recebe trágica notícia.
O aparelho em que disputara lugar caíra de grande altura, sem deixar sobreviventes.
Intrigado, regressa a S. Paulo e corre a visitar a choupana de Noel. Quer vê-lo, abraçá-lo, comentar o acontecimento.
Mas, no lar modesto de Vila Maria, veio a saber que Souza desencarnara dois meses antes.

 (XAVIER, Francisco Cândido. Do livro: Almas em Desfile. Pelo Espírito de Hilário Silva. Ed. FEB).

 

10 - O CASO PITANGA

I

— Pitanga, suas contas serão encerradas hoje — dizia o Dr. Abranches ao empregado surpreso. — Embora estimemos em você um cooperador correto, não podemos conservá-lo.
— Doutor, por quê? — perguntou o pobre homem ao engenheiro que o interpelava.
— Você já tem nove anos e pico. A fábrica não deseja ter elementos estabilizados em demasia. Você sabe. A lei...
— Doutor, mas isso me acontece pela segunda vez na vida. Sou viúvo e, apesar disso, crio seis netos órfãos de pai e mãe. Desisto de qualquer direito. Preciso trabalhar. Vivo num barracão alugado, não tenho roupa, não tenho facilidades, mas o que ganho dá para os meninos. Isso é a minha vida...
O chefe notou que o servidor deitava lágrimas, qual se fora mamoeiro dilacerado, e condoeu-se.
Ânimo, Pitanga! — falou, batendo-lhe no ombro.
Mas João Pitanga, o encarregado da limpeza, largou a vassoura e passou a soluçar.
O diretor, preocupado, deu-lhe o braço e arrastou-o, quase, até o gabinete, e fê-lo sentar-se.
— Ora, ora! que é isso? Você, chorando? Você é um homem...
— Ah! doutor, tenho quase sessenta anos! ninguém me empregará mais... E depois...
— Depois, o quê?
Pitanga arrancou do bolso um pedaço de pano pardo, que devia ter sido um lenço em outra época, enxugou a pasta de suor e lágrimas, e falou:
— Doutor, há vinte e oito anos, eu era empregado numa casa bancária e conduzia cem contos de réis num trem suburbano. No atropelo do desembarque, por falta de atenção,
tomei uma pasta semelhante como sendo a minha. Agarrei-a... Mas, ao abri-la, verifiquei o engano. Só havia lá dentro um livro de contabilidade e vários cadernos de estudo. A firma que esperava o dinheiro telefonou para o Banco. Detido no Distrito Policial, ninguém acreditou na minha palavra. Não fosse um amigo que se responsabilizou por mim e teria amargado muito tempo na cadeia. Quis suicidar-me, mas fiz-me espírita e compreendi que o sofrimento é o remédio da purificação espiritual. Para pagar a dívida, minha esposa e eu montamos uma lavanderia. Trabalhamos dez anos, quase passando fome. E quando resgatamos a última prestação, minha mulher morreu tuberculosa. Tínhamos um filho, bom companheiro, que foi esmagado sob as rodas de um caminhão, ao entregar a roupa lavada. Quando a viuvez chegou, restava-me a filha... Coloquei-me numa fábrica de massas alimentícias. Ganhava pouco, mas tinha a compensação de ver Dorinha feliz.
Antes de completar dez anos de casa, como agora, fui despedido. Empreguei-me aqui, como varredor. Minha filha casara-se, mas o marido, que era operário numa fábrica de
móveis, perdeu uma das pernas num desastre de trem. Desde essa época, ficou nervoso, perturbado... Deu muito trabalho e veio, por fim, a descansar na morte, há quatro anos.
Dorinha, porém, não resistiu e acompanhou o marido, depois de uma longa tuberculose.
Deixaram-me seis filhos... Seis crianças que esperam por meus braços de velho... Que farei?
O Dr. Abranches consolou-o.
Faria tudo para ajudá-lo.
Que João viesse toda semana a ver se lhe obtinha uma beirada na fábrica.
Naquela hora, contudo, não podia torcer decisões da Diretoria.
E de semana a semana, Pitanga remendado, carregando o chapéu, chegava, indagando:
— Dr. Abranches, será que já posso vir outra vez?
— Ainda não, Pitanga. Mas logo que a crise dos tecidos desapareça, tratarei de seu caso.
E João voltava, mais triste.
Para que a comida não ficasse mais curta, começou a apanhar papéis na rua e pedir jornais velhos.
Diversas famílias espíritas passaram a cooperar.

II

Ameaçado de despejo e cercado de cobranças, João apanhava sol para aquecer as costelas cansadas de bronquite, acocorado à porta de casa, quando uma bicicleta
chegou.
Um rapaz dos correios entregou-lhe um telegrama.
Assunto urgente.
Um amigo, que ele não conhecia, chamava-o em termos carinhosos.
Morava em bairro distante, estava doente e queria vê-lo.
Pitanga esperou quatro dias, até arranjar dinheiro para o bonde.
E fez a viagem, sem maiores preocupações.
Era médium passista. Costumava receber solicitações daquela natureza para confortar doentes, aqui e ali...
Espantou-se, porém, ao chegar no endereço indicado, porque, ao dizer quem era, foi introduzido de imediato.
Guiado por velha governanta, atravessou duas salas e grande corredor ricamente mobiliados, e entrou num aposento em que um homem enfermo parecia enterrado em
colchas brancas.
No doente, em que ossos se mostravam à pele, só os olhos mostravam intensa vida.
Entretanto, com esforço, o doente estendeu-lhe a mão, como garra mole, e, depois de fazê-lo sentar-se, falou, comovido:
— João Pitanga, conheço você há quase trinta anos, sem que você me conheça. E decerto sairia do mundo sem apertar-lhe a mão; mas, sitiado há quatro meses pelo
câncer, conheci a Doutrina Espírita e minha consciência despertou... Pedia a Deus não me deixasse partir sem vê-lo, para pedir-lhe perdão...
Diante de Pitanga, boquiaberto, o homem fez longo intervalo e continuou:
— Há vinte e oito anos, viajava ao seu lado, vindo da academia em que me fiz contador.
Ao desembarcar, tomei sua pasta, como sendo a minha e só em casa dei pelo engano.
Tinha nas mãos os cem contos de réis pelos quais você sofreu tanto... Soube daí a dois dias que você estava na polícia, acusado injustamente, mas calei-me. Era ambicioso.
Tinha planos. Montei uma loja com o dinheiro e a loja prosperou. Depois de dez anos, era um homem rico e podia gastar... Esqueci o seu nome, o seu problema e atirei-me ao lucro fácil. Fiquei milionário. Contudo, ai de mim! A fortuna envolveu minha casa em trevas.
Com dois filhos, minha esposa esqueceu as obrigações e entregou-se a um aventureiro e humilhou-me quanto pôde. Por amor aos meus filhos, não me desquitei. Minha mulher, porém, suicidou-se, ao ver-se abandonada pelo homem que tanto mal me fez. Meu rapaz, envenenado talvez pelo dinheiro farto, começou a fazer loucuras e morreu num desastre de automóvel, por ele conduzido em estado de embriaguez. Minha filha casou-se, mas meu genro não se sentia co necessidade de trabalhar, viciou-se com a maconha e acabou perturbado, num sanatório. Viúva, minha filha não agüentou a solidão e, ainda impressionada com o exemplo materno, suicidou-se também, deixando-me dois netos...
Os meninos, porém, são retardados mentais, e fui compelido a deixá-los indefinidamente num colégio adequado...
Pitanga, machucado no coração, chorava copiosamente.
— Como vê — prosseguiu o enfermo —, você sofreu muito, mas tenho pago um preço terrível pelas aflições que lhe dei... Antes de conhecer o seu paradeiro, tomei contacto
com as verdades do Espiritismo e procurei distribuir o possível entre as instituições de beneficência...
E designando uma caixa forte:
— Peço a você, porém, que abra o cofre e retire os novecentos mil cruzeiros que estão lá dentro. São seus... Não lhe entrego o resto do que tenho, porque os dois netos precisam de pensão... Aceite, Pitanga! Aceite e perdoe-me! E creia que não vou sem culpa na grande viagem... O seu perdão, contudo, será para mim nova força no Mundo Espiritual...
Havia tanta confiança e doçura no pedido, que João abriu o cofre e recolheu o dinheiro.
Em seguida, conversaram, trocando confidências, como velhos amigos.
Oraram.
Pitanga aplicou-lhe passes.
O doente ainda viveu seis dias no corpo físico e João visitou-o diariamente, assistindo-o, até à hora última.
No dia seguinte ao dos funerais, Pitanga voltou à fabrica, procurou o Dr. Abranches e contou-lhe o sucedido, pedindo conselho.
— Agora, João, você está bem — disse o chefe, sorrindo.
— Não, doutor. Estou preocupado. Não quero que meus netos saibam que tenho esse dinheiro. Ajude-me a empregá-lo.
— Você poderá pagar suas dívidas e guardar mais de oitocentos contos em ações na fábrica. Haverá bom rendimento.
— Mas...
— Mas o quê?
— Queria que o senhor pedisse à Diretoria para dar-me trabalho, ainda que eu tenha de ser novamente despedido, daqui a nove anos...
O Dr. Abranches sorriu e prometeu colaborar.
Daí a quatro dias, quando Pitanga voltou, encontrou a ordem Fora readmitido.
E sem esperar pelo dia seguinte, pediu a vassoura e recomeçou a varrer...

(XAVIER, Francisco Cândido. Do livro: Almas em Desfile. Pelo Espírito de Hilário Silva. Ed. FEB).

 

 


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Evangeliza - Prece de Cáritas

 

PRECE DE CÁRITAS

 


Deus nosso Pai,
que Sois todo poder e bondade,
dai força àqueles que passam pela provação,
dai luz àqueles que procuram a verdade,
e ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.

Deus,
dai ao viajante a estrela Guia,
ao aflito a consolação,
ao doente o repouso.

Pai,
dai ao culpado o arrependimento,
ao espírito, a verdade,
à criança o guia,
ao órfão, o pai.
Que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criaste.
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem, e
esperança para aqueles que sofrem.
Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores, derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé.

Deus,
um raio, uma faísca do Vosso divino amor pode abrasar(iluminar) a Terra, deixai-nos beber na fonte dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão.
Um só coração, um só pensamento subirá até Vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha,
nós Vos esperamos com os braços abertos.
Oh! bondade, Oh! Poder, Oh! beleza, Oh! perfeição,
queremos de alguma sorte merecer Vossa misericórdia.

Deus,
Dai-nos a força no progresso de subir até Vós,
Dai-nos a caridade pura,
Dai-nos a fé e a razão,
Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas
O espelho onde refletirá um dia a Vossa Santíssima imagem.

Que assim seja!

Cáritas (25 Dezembro de 1873).

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A prece de Cáritas é uma das orações espíritas mais conhecidas nos centros espíritas e por muitas pessoas de religiões diferentes. Ela é extremamente popular porque consegue tocar no fundo da alma de quem a coloca em prática, é mesmo uma oração forte.

Foi psicografada por madame W. Krell na cidade de Bordeaux (França) durante a noite de Natal do ano de 1873, tal prece foi passada pelo espírito de Cáritas, que também foi autor de outras comunicações também conhecidas: “A esmola espiritual” e “Como servir a religião espiritual”.

A oração foi publicada no livro Rayonnements de la Vie Spirituelle.

O Espírito Cáritas também aparece em O Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. XIII, itens 13 e 14), uma das obras essenciais da Doutrina Espírita.

Em uma mensagem, Adolfo (Bispo de Argel) juntamente com o Espírito Cáritas, exalta a caridade, como é possível ver neste trecho:

“Caridade! Sublime palavra que sintetiza todas as virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à felicidade. Praticando-te, criarão eles para si infinitos gozos no futuro e, quando se acharem exilados na Terra, tu lhes serás a consolação, o prelibar das alegrias de que fruirão mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos momentos de satisfação de que gozei na Terra (…).”

É interessante destacar que a palavra Cáritas, do latim, significa caridade.

Esta oração não tem um objetivo específico, mas certamente conduz a elevação espiritual, o desenvolvimento do amor próprio e a prática incondicional da caridade, mas muito buscada como uma prece espírita para acalmar…

Fato é que existem vários relatos apontando o grande poder dessa reza, trazendo paz, luz, tranquilidade e amor.

Seja muito feliz em sua vida!

“Chamo-me Caridade, sou o caminho principal que conduz a Deus; segui-me, eu sou a meta a que vós todos deveis visar”




Evangeliza - Lendas Chinesas

 

Canoa quebrada

"Canoa quebrada", uma incrível parábola sobre o medo da mudança!
À margem de um grande rio vivia um pescador com sua família.  Foram muito bem-sucedidos com seus negócios de pesca, mas, agora, as coisas estavam difíceis, o rio trazia cada vez menos peixes, suas ferramentas de trabalho estavam velhas e, como não havia dinheiro para comprar um novo barco, o pescador tinha que consertá-lo frequentemente.
Um dia, um velho caminhante passou por lá e perguntou ao pescador se poderia passar a noite em sua casa. Embora a casa fosse muito simples e mal houvesse comida para todos, a família do pescador o aceitou e o tratou com carinho e educação, colocando-o para dormir no melhor cômodo da casa.
Na manhã seguinte, quando o caminhante estava prestes a partir, perguntou ao pescador como poderia agradecer aos donos pelo abrigo e pela comida. O pescador, percebendo que o homem era tão pobre quanto ele, apenas abriu um sorriso e respondeu:
- Percebo que você é um homem sábio e que já viu muito. Agradeça-me com conselhos sobre como sair da pobreza, isso será suficiente.
- Muito bem, disse o caminhante. Para sair da pobreza, você precisa afogar o seu barco!
Depois disso, disse adeus e nunca mais foi visto pelo pescador e sua família.
O pescador não viu sentido no conselho do caminhante. Afinal, como poderia livrar-se do seu barco, a única ferramenta de sustento de sua família, que, ainda por cima, não garantia comida para todos os dias?
O pescador não seguiu o conselho e manteve o mesmo estilo de vida, ficando cada vez mais pobre e sem alimento para a família. Até que um dia, durante uma forte tempestade, o seu barco foi seriamente danificado e já não havia mais como ser utilizado. A família, então, juntou seus pertences modestos, retirou-se de sua casa e procurou outro lugar para se estabelecer.
Encontraram uma grande vila de pescadores. Lá havia muitos barcos, de todos os modelos, cores e tamanhos, eles poderiam ajudar muito a família do pescador a recomeçar a vida. Mas, por mais que o pescador se alegrasse ao ver aqueles barcos, não tinha como comprar nenhum.
Um dia, estava sentado à margem do rio, admirando os barcos das outras pessoas até que percebeu que o barco de um homem estava seriamente danificado e precisando de reparos.
Como era bom nisso, ele se ofereceu para consertar o barco do homem, para que ele pudesse voltar ao seu trabalho logo.
Seu trabalho ficou realmente bom, e ele começou a dedicar seu tempo para estudar mais sobre essa arte, e, com o tempo, tornou-se um grande mestre.
Seu trabalho começou a ser mais procurado e reconhecido, e ele se tornou o melhor da aldeia, criando obras-primas, deixando os barcos melhores do que novos, e pessoas de outros lugares vinham em busca do seu trabalho.
Depois de um tempo, ele conseguiu comprar uma nova casa para acomodar sua família e nunca mais lhe faltou nada. Só depois disso, ele se lembrou do velho caminhante e do seu conselho, e tudo fez sentido. Ele realmente era muito sábio! “Afogar” o barco significava se desapegar do seu padrão de vida, sair da zona de conforto e buscar novas maneiras de transformar a sua vida. E foi exatamente o que ele fez.
As mudanças, por mais que pareçam assustadoras no começo, realmente nos fazem bem, quando estamos abertos à experimentá-las verdadeiramente.
Não tenha medo de mudar, só assim poderá encontrar melhores realidades para a sua vida!
O que você achou da parábola? Concorda com o conselho do caminhante?

 

 A samambaia e o bambu

 

“A samambaia e o bambu”: uma fábula que nos ajuda a compreender a resiliência
A fábula da samambaia e o bambu conta a história de um carpinteiro que vivia um momento de grandes dificuldades em sua vida.
Ele era autônomo e tinha os seus clientes de sempre, as coisas iam bem até que uma grande empresa que fabricava móveis chegou à sua cidade. Era uma empresa muito desenvolvida, com muitas máquinas tecnológicas, funcionários e promessas de inovação. Como toda novidade positiva, não demorou muito para se tornar muito popular.
Todos os móveis dessa empresa eram de grande qualidade, fabricados em pouco tempo e tinham preços mais baixos do que os do carpinteiro, o que fez com que ele perdesse muitos clientes. As coisas estavam realmente difíceis e em pouco tempo ele iria à falência.
Como não recebia quase nada, muitas das contas ficaram por responsabilidade de sua mulher, que também estava em uma fase difícil, visto que seu salário de professora não era suficiente para sustentar os três filhos e também a casa.
Compreendendo que as coisas não poderiam mais continuar da mesma maneira, o carpinteiro tentou encontrar um novo emprego, mas não conseguia.
Sua esposa, sem saber lidar muito bem com a situação, culpou o marido, o que afetou os filhos, prejudicando seu desempenho na escola.
O carpinteiro começou a se desesperar, porque não encontrava uma saída para a sua situação. Estava quase sem energia, tanto física como emocionalmente e mal conseguia um minuto de distração ou alegria.
Um dia, com sua mente à beira do colapso, resolveu fazer um passeio em uma floresta próxima, na intenção de colocar suas ideias em ordem. Mal sabia que uma grande lição estava em seu caminho.
Depois de caminhar por um tempo dentro da floresta, o carpinteiro conheceu um ancião muito gentil que o cumprimentou e o convidou para tomar um chá em sua casa, que era muito simples. O ancião pode perceber a expressão preocupada no rosto do homem e perguntou-lhe o que estava acontecendo. O carpinteiro, então, explicou-lhe tudo, enquanto o ancião o ouvia com atenção.
Quando terminaram o chá, o ancião convidou o carpinteiro para ir a um terreno que ficava nos fundos de sua casa. Lá, estavam a samambaia, o bambu e muitas árvores mais. O ancião pediu ao carpinteiro para observar as duas plantas e disse-lhe que precisava contar uma história.

A história da samambaia e do bambu

O carpinteiro, sentindo que poderia aprender algo com o homem, mostrou-se muito interessado na história.
O sábio, então, começou: “Há oito anos, peguei algumas sementes e plantei a samambaia e o bambu ao mesmo tempo. Eu queria que ambos crescessem em meu jardim, porque as duas plantas são muito reconfortantes para mim. Coloquei toda minha dedicação para cuidar delas, como se fossem um tesouro.”
“Pouco tempo depois, percebi que a samambaia e o bambu respondiam de maneira diferente aos meus cuidados. A samambaia começou a brotar e em poucos meses tornou-se uma planta majestosa que enfeitava tudo com sua presença. O bambu, por outro lado, continuava debaixo da terra, sem mostrar sinais de vida. Um ano inteiro se passou e a samambaia continuou crescendo, mas o bambu não. No entanto, não desisti. Continuei cuidando com mais cuidado. Mesmo assim, mais um ano se passou e meu trabalho não dava frutos. O bambu se recusava a manifestar-se.”
O ancião continuou: “Também não desisti depois do segundo ano, nem do terceiro, nem do quarto. Quando cinco anos se passaram, finalmente vi que um galho tímido saía da terra. No dia seguinte, estava muito maior. Em poucos meses, cresceu sem parar e tornou-se um lindo bambu de mais de 10 metros. Você sabe por que demorou tanto para sair debaixo da terra?”
O carpinteiro pensou por um momento, mas não sabia o que responder. Então, o ancião lhe disse:
Demorou cinco anos porque durante todo esse tempo a planta estava trabalhando para criar raízes. Sabia que tinha que crescer muito alto e, por isso, não podia sair à luz, até que tivesse uma base firme que lhe permitisse subir satisfatoriamente. Você entende?
O carpinteiro conseguiu compreender o que o ancião lhe dizia. Ele entendeu que, às vezes, as coisas demoram, porque estão criando raízes. Que o importante é persistir e não perder a fé. Antes de se despedir, o ancião passou uma mensagem ao carpinteiro, para que a guardasse para sempre. Disse-lhe: “A felicidade o mantém doce. As tentativas o mantêm forte. As dores o mantêm humano. As quedas o mantêm humilde. O sucesso o mantém brilhante…”
Essa lição que o ancião deu ao carpinteiro foi de muito valor, pois permitiu que ele enxergasse além do agora, além dos problemas e dificuldades do momento presente, e despertou nele a esperança de que as coisas iriam prosperar, quando fosse o momento certo.
Essa mensagem também serve para todos nós. Temos a tendência de querer tudo para já, não temos paciência para esperar o momento certo. Quando apressamos as coisas, não damos tempo para que criem raízes, para que se solidifiquem e possam realmente trazer consequências positivas em nossas vidas. Não adianta apressarmos o curso do tempo, porque apenas conseguiremos resultados efêmeros, vazios.
Entender que as coisas boas precisam de tempo para se manifestarem é a chave para lidarmos com as dificuldades de nossas vidas. Não se desespere frente às crises, ao invés disso, adote uma mentalidade sábia e positiva, compreendendo que o melhor sempre está a caminho. Lembre-se da samambaia e do bambu, quando precisar de um reforço positivo!

 

 O Cavalo Perdido


O cavalo perdido – uma fábula chinesa que nos ensina a não julgar rapidamente
O cavalo perdido é uma fábula popular na China e, há muitos anos, nos ensina a fazer uma reflexão mais profunda e sábia sobre aquilo que acontece em nossas vidas, sem nos apressarmos para julgá-las como boas ou ruins.
A história dessa fábula gira em torno de um fazendeiro que vivia em uma vila afastada.
Ele era um bom homem, que foi criado por uma família que valorizava o amor e o altruísmo. Por isso, era muito respeitado e admirado por todas as pessoas em ao seu redor.
As pessoas da vila também enxergavam esse fazendeiro como um homem muito sábio e, por isso, o consultavam sempre que precisavam de uma orientação em suas vidas. Ele tratava a todos com carinho e atenção, oferecendo palavras de conforto e positividade, e semeava a paz por onde passava.
Um belo dia, o fazendeiro estava em sua fazenda tranquila, quando percebeu um cavalo se aproximando, ele não sabia de onde nem porque o animal chegara em suas terras, mas não impediu sua entrada. O cavalo era muito branco e parecia bem cuidado, possuía uma elegância natural e parecia ser puro sangue.
Passavam-se os dias e o cavalo não ia embora, então o fazendo o acolheu e o animal passou a morar em suas terras.
Bênção x maldição
As pessoas que moravam na vila souberam da novidade e logo começaram a comentar sobre. De acordo com as leis da vila, como o cavalo havia chegado à fazenda aparentemente pela própria vontade, ele passou a pertencer ao fazendeiro. Então, sempre que alguém via o fazendeiro, comentava: “Nossa, que sorte!”, “Parabéns! Esta é uma boa novidade”, mas o homem, sempre muito sensato, apenas respondia: “Talvez… muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”.
Nem todo mundo entendia o pensamento do homem e passaram a considerá-lo ingrato e mal-agradecido. Afinal, não é todo dia que um cavalo puro-sangue que custa muito dinheiro aparece repentinamente em suas terras e você se torna seu dono. Como isso não poderia ser uma grande sorte?!
Depois de uns meses, o inverno chegou na vila e, em uma manhã, quando o fazendeiro se levantou, percebeu que a porta do estábulo, onde o cavalo ficava, estava aberta e ele tinha ido embora ou tinha sido roubado. Como de costume, a notícia se espalhou rapidamente pela aldeia e os vizinhos começaram a aparecer para prestar seus sentimentos ao fazendeiro. No entanto, o homem parecia calmo e os confortou dizendo que estava tudo bem. Novamente, repetiu a frase: “Muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”. As pessoas, ainda sem entender seu comportamento, pensavam que estava louco.
O retorno do cavalo
O fazendeiro já não esperava o retorno do cavalo, e seguiu sua vida, como de costume, até que em uma tarde de primavera, enquanto trabalhava em suas terras, ele ouviu um rugido vindo de longe.
Quando olhou para frente, pôde perceber a figura do seu cavalo perdido, com o pelo mais brilhante do que nunca. No entanto, ele não estava sozinho, mais 20 outros cavalos, tão incríveis quanto o seu, o acompanhavam. O fazendeiro ficou emocionado com a cena.
Os animais, seguidos por seu líder, também permaneceram na fazenda, e também se tornaram propriedade do homem. Os vizinhos da vila novamente ficaram espantados com a sorte do homem e os parabenizaram infinitamente. Ele, humilde como sempre, apenas respondeu: “Muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”.
Final da história
O fazendeiro não era um homem ambicioso, mas também não era ingrato. Apesar do que muitos pensavam, ele não estava se desfazendo dos cavalos que chegaram em suas terras, apenas enxergava além do que muitos podiam ver. Ele sabia que nem tudo eram flores e que os cavalos, apesar de lindos, eram selvagens e precisavam ser domados, um por um, o que demandava muito tempo, ainda mais com apenas ele e seu filho para fazer o trabalho.
No começo do outono, o filho do fazendeiro decidiu domar o mais selvagem dos cavalos, e apesar de ser experiente, teve uma das pernas quebradas pelo cavalo. Os vizinhos, novamente sabendo da notícia, levaram remédios para o filho do fazendeiro e disseram ao pai: “Sentimos muito… que azar vocês tiveram!” Como de costume, o fazendeiro respondeu apenas: “Muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”.
Depois de uma semana, a guerra na China começou. O imperador recrutou todos os jovens da aldeia. O único que foi salvo foi o filho do fazendeiro, porque não estava em condições de lutar, devido à perna quebrada.
Foi só nesse momento que as pessoas da vila conseguiram entender o pensamento do fazendeiro. “Muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”, precisamos aprender a enxergar as situações de nossas vidas com sabedoria e consciência, porque nem sempre as coisas são o que parecem.
Desde então, essa fábula chinesa é contada de geração em geração, para que ninguém esqueça que nada é bom ou ruim por si só, mas depende do papel que desempenha em nossas vidas.
Nesse caso, a aparição dos cavalos, depois de uma maldição, provou-se uma bênção, porque poupou o filho do homem dos horrores da guerra, mas nem sempre podemos julgar as coisas com tanta rapidez, porque podemos nos surpreender.

 

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