O Melhor de Todos
Meu dia começou a azedar quando vi meu menino de seis anos com um galho
cheio de minhas azaléas. - Posso levar estas flores para a escola? Ele
pediu. Com um aceno de mão, eu o mandei para fora. Me virei para que ele
não percebesse as lágrimas em meus olhos. Eu adoro aquela azaléa. Eu
toquei no galho quebrado como que a dizer-lhe silenciosamente, - Sinto
muito. Para complicar um pouco mais o meu dia, a máquina de lavar
quebrou e quando Jonathan perguntou o que eu faria para o almoço,
percebi que estava com a geladeira vazia e não tinha muitas opções. Dias
como este me fazem querer parar e desistir de tudo. Eu apenas queria
fugir até as montanhas, me esconder em uma caverna e nunca mais colocar a
cara para fora. De algum modo eu consegui arrastar a roupa molhada até o
tanque. Eu passei a maior parte do dia lavando roupa e pensando em como
o amor tinha desaparecido de minha vida. Quando eu terminei de pendurar
a última das camisas de meu marido, olhei o relógio: duas e meia. Eu
estava atrasada. A aula de Jonathan terminava às 2:15. Fui correndo para
a escola. Ofegante, bati na porta da sala e olhei através do vidro. A
professora fez sinal para que eu esperasse. Ela disse algo a Jonathan e
entregou para ele e para outras duas crianças, lápis de cera e uma folha
de papel. O que virá agora? Eu pensei quando, através da porta, ela
pediu que eu entrasse na sala. - Quero lhe falar sobre o Jonathan. Ela
disse. Me preparei para o pior. Nada mais me surpreenderia naquele dia. -
Você sabe das flores trazidas por Jonathan à escola hoje? Ela
perguntou. Eu respondi que sim, lembrando de meu arbusto favorito e
tentando esconder a mágoa em meus olhos. Eu olhei de relance para meu
filho que estava ocupado colorindo um desenho. Seu cabelo ondulado
estava muito comprido e caía em sua testa. Seus olhos azuis brilhavam
enquanto admirava sua obra. - Deixe-me contar sobre o que aconteceu
ontem, a professora continuou. Está vendo aquela menina? Eu olhei para a
menina que ria divertida, apontando um desenho na parede e assenti. -
Bem, ontem estava quase histérica. Seus pais estão atravessando um
momento muito difícil, estão se divorciando. Ela disse que não queria
mais viver. E disse bem alto, com o rosto escondido entre as mãozinhas,
para toda a sala ouvir: "ninguém me ama". Eu fiz tudo o que pude para
consolar, mas parecia que nada mais importava. - Eu achei que você
queria me falar sobre Jonathan. Eu interrompi. - Eu vou, ela disse. Hoje
seu filho entrou e foi direto até ela. Ele entregou a ela algumas
bonitas flores e sussurrou "eu te amo". Senti meu coração inchar-se de
orgulho com o que meu filho tinha feito. Eu sorri para a professora. -
Obrigada, eu disse, puxando Jonathan pela mão. - Você salvou o meu dia.
Mais tarde, eu arrancava ervas daninhas em torno de meu desequilibrado
arbusto de azaléa. Pensando no amor que Jonathan demonstrou pela menina,
um verso bíblico me veio à memória: "... estes três permanecem: a fé, a
esperança e o amor. Mas o maior de todos é o amor." Enquanto meu filho
tinha colocado o amor na prática, eu tinha apenas sentido raiva. Eu ouvi
o barulho familiar do carro de meu marido entrando na garagem. Eu
arranquei um pequeno galho de azaléas e corri até ele. Eu senti a
semente do amor que Deus plantou em minha família recomeçar a florescer
em mim. Meu marido arregalou os olhos de surpresa quando eu lhe
entreguei as flores e disse, - Eu te amo.
Escrito por Tradução de Sérgio Barros do texto de Nanette Thorsen-Snipes
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