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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Evangeliza - Histórias e Casos - Almas em desfile - DOIS MESES ANTES e O CASO PITANGA

 21 - DOIS MESES ANTES

I

Grande confeitaria paulista, ao anoitecer. Clientela numerosa.
Quando Olavo Dias, denodado trabalhador da seara espírita, se aproxima da caixa para efetuar o pagamento de certa compra, surge a atordoada:
– Ladrão! Ladrão! Pega o ladrão! Pega! Pega!
Alia-se um guarda a robusto balconista e agarra pobre homem, extremamente mal vestido, que treme ao apresentar grande pacote nas mãos.
– Ele roubou de um freguês – grita o caixeiro, como que triunfante ao guardar a presa.
Quase todos os rostos se voltam para o infeliz.
O policial apresta-se para as providências que o caso lhe sugere, mas Olavo Dias avança e toma a defesa.
Não é um ladrão – explica – e não admito qualquer violência.
E no propósito de ajudá-lo, Olavo mente, afirmando:
– E meu empregado e, decerto, retirou o pacote julgando que me pertencesse.
Enérgico, toma o embrulho, devolve-o ao gerente, pede desculpas pelo engano e afasta-se com o desconhecido, dando-lhe o braço, como se o fizesse a um parente, diante dos circunstantes perplexos.
Dobrando, porém, a primeira esquina, dirige-lhe a palavra, admoestando:
– Ora essa, meu caro! Sou espírita e um espírita não deve mentir. Entretanto, fui obrigado a isso para defendê-lo.
O interpelado mergulha a fronte nas mãos ossudas e explica em lágrimas:
– Doutor, roubei porque tenho seis filhos com fome... Sou doente do peito... Não acho serviço...
– Bem, bem – falou Olavo, comovido –, não estou aqui para fazê-lo chorar.
Condoído, abriu a bolsa, deu-lhe o concurso possível e perguntou-lhe pelo endereço.
O infeliz declarou chamar-se Noel de Souza, deu os nomes da esposa e dos filhos e informou residir nas proximidades da Vila Maria, em modesto barracão.
O benfeitor, realmente sensibilizado, prometeu visitá-la na primeira oportunidade, e, finda uma semana, ei-lo de automóvel a procurar pela casinha distante.
Depois de algum esforço, localizou-a.
Encontrou a senhora Souza e os seis filhinhos esquálidos, mas o dono da casa não estava.
Saíra para angariar socorro médico.
Olavo, tocado de compaixão, fez quanto pôde pela família sofredora e, ao despedir-se, ouviu a dona da casa dizer-lhe sob forte emoção:
– Um dia, se Deus quiser, Noel há de retribuir o senhor por tudo o que está fazendo...
Precisando deixar S. Paulo, em função da vida comercial, Olavo recomendou os novos protegidos a diversos companheiros, e esqueceu a ocorrência.

II

Decorridos seis meses, Olavo, certo dia, chega apressado ao aeroporto de grande cidade brasileira.
Precisava viajar urgentemente, mas não tem passagem. Arriscar-se-á, no entanto, à aquisição de última hora.
Retendo pequena pasta, procura na multidão um amigo que o precedera, minutos antes, com o fim de ajudá-lo, até que o vê a pequena distância, acenando-lhe a que se apresse.
O problema está resolvido. Basta que apresente a documentação necessária.
Avança, presto, mas alguém cruza o caminho. Sente-se abraçado numa explosão de ternura.
Olavo tenta quebrar o impedimento afetivo, mas reconhece Noel de Souza e estaca, surpreendido.
– Você... aqui?
O amigo está humildemente trajado, mas limpo e alegre.
– Sim, doutor, preciso vê-lo – confirma o interlocutor.
– Agora, não – falou Olavo, contrafeito.
Como se não lhe anotasse o azedume, o outro tomou-lhe o braço e arrasta-o docemente para fora do raio de visão do companheiro que o espera.
– Souza, não me detenha, não me detenha... – roga Olavo, inquieto.
– Escute, doutor, preciso agradecer-lhe...
E como se não lhe pudesse escapar da mão, Olavo escuta-lhe a fala entediado e impaciente. Noel refere-se à esposa e aos filhos e repete frases de gratidão e carinho.
Depois de alguns instantes, Dias, revoltado, desvencilha-se e abandona-o sem dizer palavra. Alcança o amigo, mas é tarde.
O avião não pudera esperar.
Acabrunhado, vê, de longe, o aparelho de portas cerradas, na decolagem.
Bastante desapontado, busca Noel de Souza para ouvi-lo com mais atenção, já que perdera a viagem. Entretanto, por mais minuciosa a procura, não mais o encontra.
Daí a quatro horas, recebe trágica notícia.
O aparelho em que disputara lugar caíra de grande altura, sem deixar sobreviventes.
Intrigado, regressa a S. Paulo e corre a visitar a choupana de Noel. Quer vê-lo, abraçá-lo, comentar o acontecimento.
Mas, no lar modesto de Vila Maria, veio a saber que Souza desencarnara dois meses antes.

 (XAVIER, Francisco Cândido. Do livro: Almas em Desfile. Pelo Espírito de Hilário Silva. Ed. FEB).

 

10 - O CASO PITANGA

I

— Pitanga, suas contas serão encerradas hoje — dizia o Dr. Abranches ao empregado surpreso. — Embora estimemos em você um cooperador correto, não podemos conservá-lo.
— Doutor, por quê? — perguntou o pobre homem ao engenheiro que o interpelava.
— Você já tem nove anos e pico. A fábrica não deseja ter elementos estabilizados em demasia. Você sabe. A lei...
— Doutor, mas isso me acontece pela segunda vez na vida. Sou viúvo e, apesar disso, crio seis netos órfãos de pai e mãe. Desisto de qualquer direito. Preciso trabalhar. Vivo num barracão alugado, não tenho roupa, não tenho facilidades, mas o que ganho dá para os meninos. Isso é a minha vida...
O chefe notou que o servidor deitava lágrimas, qual se fora mamoeiro dilacerado, e condoeu-se.
Ânimo, Pitanga! — falou, batendo-lhe no ombro.
Mas João Pitanga, o encarregado da limpeza, largou a vassoura e passou a soluçar.
O diretor, preocupado, deu-lhe o braço e arrastou-o, quase, até o gabinete, e fê-lo sentar-se.
— Ora, ora! que é isso? Você, chorando? Você é um homem...
— Ah! doutor, tenho quase sessenta anos! ninguém me empregará mais... E depois...
— Depois, o quê?
Pitanga arrancou do bolso um pedaço de pano pardo, que devia ter sido um lenço em outra época, enxugou a pasta de suor e lágrimas, e falou:
— Doutor, há vinte e oito anos, eu era empregado numa casa bancária e conduzia cem contos de réis num trem suburbano. No atropelo do desembarque, por falta de atenção,
tomei uma pasta semelhante como sendo a minha. Agarrei-a... Mas, ao abri-la, verifiquei o engano. Só havia lá dentro um livro de contabilidade e vários cadernos de estudo. A firma que esperava o dinheiro telefonou para o Banco. Detido no Distrito Policial, ninguém acreditou na minha palavra. Não fosse um amigo que se responsabilizou por mim e teria amargado muito tempo na cadeia. Quis suicidar-me, mas fiz-me espírita e compreendi que o sofrimento é o remédio da purificação espiritual. Para pagar a dívida, minha esposa e eu montamos uma lavanderia. Trabalhamos dez anos, quase passando fome. E quando resgatamos a última prestação, minha mulher morreu tuberculosa. Tínhamos um filho, bom companheiro, que foi esmagado sob as rodas de um caminhão, ao entregar a roupa lavada. Quando a viuvez chegou, restava-me a filha... Coloquei-me numa fábrica de massas alimentícias. Ganhava pouco, mas tinha a compensação de ver Dorinha feliz.
Antes de completar dez anos de casa, como agora, fui despedido. Empreguei-me aqui, como varredor. Minha filha casara-se, mas o marido, que era operário numa fábrica de
móveis, perdeu uma das pernas num desastre de trem. Desde essa época, ficou nervoso, perturbado... Deu muito trabalho e veio, por fim, a descansar na morte, há quatro anos.
Dorinha, porém, não resistiu e acompanhou o marido, depois de uma longa tuberculose.
Deixaram-me seis filhos... Seis crianças que esperam por meus braços de velho... Que farei?
O Dr. Abranches consolou-o.
Faria tudo para ajudá-lo.
Que João viesse toda semana a ver se lhe obtinha uma beirada na fábrica.
Naquela hora, contudo, não podia torcer decisões da Diretoria.
E de semana a semana, Pitanga remendado, carregando o chapéu, chegava, indagando:
— Dr. Abranches, será que já posso vir outra vez?
— Ainda não, Pitanga. Mas logo que a crise dos tecidos desapareça, tratarei de seu caso.
E João voltava, mais triste.
Para que a comida não ficasse mais curta, começou a apanhar papéis na rua e pedir jornais velhos.
Diversas famílias espíritas passaram a cooperar.

II

Ameaçado de despejo e cercado de cobranças, João apanhava sol para aquecer as costelas cansadas de bronquite, acocorado à porta de casa, quando uma bicicleta
chegou.
Um rapaz dos correios entregou-lhe um telegrama.
Assunto urgente.
Um amigo, que ele não conhecia, chamava-o em termos carinhosos.
Morava em bairro distante, estava doente e queria vê-lo.
Pitanga esperou quatro dias, até arranjar dinheiro para o bonde.
E fez a viagem, sem maiores preocupações.
Era médium passista. Costumava receber solicitações daquela natureza para confortar doentes, aqui e ali...
Espantou-se, porém, ao chegar no endereço indicado, porque, ao dizer quem era, foi introduzido de imediato.
Guiado por velha governanta, atravessou duas salas e grande corredor ricamente mobiliados, e entrou num aposento em que um homem enfermo parecia enterrado em
colchas brancas.
No doente, em que ossos se mostravam à pele, só os olhos mostravam intensa vida.
Entretanto, com esforço, o doente estendeu-lhe a mão, como garra mole, e, depois de fazê-lo sentar-se, falou, comovido:
— João Pitanga, conheço você há quase trinta anos, sem que você me conheça. E decerto sairia do mundo sem apertar-lhe a mão; mas, sitiado há quatro meses pelo
câncer, conheci a Doutrina Espírita e minha consciência despertou... Pedia a Deus não me deixasse partir sem vê-lo, para pedir-lhe perdão...
Diante de Pitanga, boquiaberto, o homem fez longo intervalo e continuou:
— Há vinte e oito anos, viajava ao seu lado, vindo da academia em que me fiz contador.
Ao desembarcar, tomei sua pasta, como sendo a minha e só em casa dei pelo engano.
Tinha nas mãos os cem contos de réis pelos quais você sofreu tanto... Soube daí a dois dias que você estava na polícia, acusado injustamente, mas calei-me. Era ambicioso.
Tinha planos. Montei uma loja com o dinheiro e a loja prosperou. Depois de dez anos, era um homem rico e podia gastar... Esqueci o seu nome, o seu problema e atirei-me ao lucro fácil. Fiquei milionário. Contudo, ai de mim! A fortuna envolveu minha casa em trevas.
Com dois filhos, minha esposa esqueceu as obrigações e entregou-se a um aventureiro e humilhou-me quanto pôde. Por amor aos meus filhos, não me desquitei. Minha mulher, porém, suicidou-se, ao ver-se abandonada pelo homem que tanto mal me fez. Meu rapaz, envenenado talvez pelo dinheiro farto, começou a fazer loucuras e morreu num desastre de automóvel, por ele conduzido em estado de embriaguez. Minha filha casou-se, mas meu genro não se sentia co necessidade de trabalhar, viciou-se com a maconha e acabou perturbado, num sanatório. Viúva, minha filha não agüentou a solidão e, ainda impressionada com o exemplo materno, suicidou-se também, deixando-me dois netos...
Os meninos, porém, são retardados mentais, e fui compelido a deixá-los indefinidamente num colégio adequado...
Pitanga, machucado no coração, chorava copiosamente.
— Como vê — prosseguiu o enfermo —, você sofreu muito, mas tenho pago um preço terrível pelas aflições que lhe dei... Antes de conhecer o seu paradeiro, tomei contacto
com as verdades do Espiritismo e procurei distribuir o possível entre as instituições de beneficência...
E designando uma caixa forte:
— Peço a você, porém, que abra o cofre e retire os novecentos mil cruzeiros que estão lá dentro. São seus... Não lhe entrego o resto do que tenho, porque os dois netos precisam de pensão... Aceite, Pitanga! Aceite e perdoe-me! E creia que não vou sem culpa na grande viagem... O seu perdão, contudo, será para mim nova força no Mundo Espiritual...
Havia tanta confiança e doçura no pedido, que João abriu o cofre e recolheu o dinheiro.
Em seguida, conversaram, trocando confidências, como velhos amigos.
Oraram.
Pitanga aplicou-lhe passes.
O doente ainda viveu seis dias no corpo físico e João visitou-o diariamente, assistindo-o, até à hora última.
No dia seguinte ao dos funerais, Pitanga voltou à fabrica, procurou o Dr. Abranches e contou-lhe o sucedido, pedindo conselho.
— Agora, João, você está bem — disse o chefe, sorrindo.
— Não, doutor. Estou preocupado. Não quero que meus netos saibam que tenho esse dinheiro. Ajude-me a empregá-lo.
— Você poderá pagar suas dívidas e guardar mais de oitocentos contos em ações na fábrica. Haverá bom rendimento.
— Mas...
— Mas o quê?
— Queria que o senhor pedisse à Diretoria para dar-me trabalho, ainda que eu tenha de ser novamente despedido, daqui a nove anos...
O Dr. Abranches sorriu e prometeu colaborar.
Daí a quatro dias, quando Pitanga voltou, encontrou a ordem Fora readmitido.
E sem esperar pelo dia seguinte, pediu a vassoura e recomeçou a varrer...

(XAVIER, Francisco Cândido. Do livro: Almas em Desfile. Pelo Espírito de Hilário Silva. Ed. FEB).

 

 


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Evangeliza - Prece de Cáritas

 

PRECE DE CÁRITAS

 


Deus nosso Pai,
que Sois todo poder e bondade,
dai força àqueles que passam pela provação,
dai luz àqueles que procuram a verdade,
e ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.

Deus,
dai ao viajante a estrela Guia,
ao aflito a consolação,
ao doente o repouso.

Pai,
dai ao culpado o arrependimento,
ao espírito, a verdade,
à criança o guia,
ao órfão, o pai.
Que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criaste.
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem, e
esperança para aqueles que sofrem.
Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores, derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé.

Deus,
um raio, uma faísca do Vosso divino amor pode abrasar(iluminar) a Terra, deixai-nos beber na fonte dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão.
Um só coração, um só pensamento subirá até Vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha,
nós Vos esperamos com os braços abertos.
Oh! bondade, Oh! Poder, Oh! beleza, Oh! perfeição,
queremos de alguma sorte merecer Vossa misericórdia.

Deus,
Dai-nos a força no progresso de subir até Vós,
Dai-nos a caridade pura,
Dai-nos a fé e a razão,
Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas
O espelho onde refletirá um dia a Vossa Santíssima imagem.

Que assim seja!

Cáritas (25 Dezembro de 1873).

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A prece de Cáritas é uma das orações espíritas mais conhecidas nos centros espíritas e por muitas pessoas de religiões diferentes. Ela é extremamente popular porque consegue tocar no fundo da alma de quem a coloca em prática, é mesmo uma oração forte.

Foi psicografada por madame W. Krell na cidade de Bordeaux (França) durante a noite de Natal do ano de 1873, tal prece foi passada pelo espírito de Cáritas, que também foi autor de outras comunicações também conhecidas: “A esmola espiritual” e “Como servir a religião espiritual”.

A oração foi publicada no livro Rayonnements de la Vie Spirituelle.

O Espírito Cáritas também aparece em O Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. XIII, itens 13 e 14), uma das obras essenciais da Doutrina Espírita.

Em uma mensagem, Adolfo (Bispo de Argel) juntamente com o Espírito Cáritas, exalta a caridade, como é possível ver neste trecho:

“Caridade! Sublime palavra que sintetiza todas as virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à felicidade. Praticando-te, criarão eles para si infinitos gozos no futuro e, quando se acharem exilados na Terra, tu lhes serás a consolação, o prelibar das alegrias de que fruirão mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos momentos de satisfação de que gozei na Terra (…).”

É interessante destacar que a palavra Cáritas, do latim, significa caridade.

Esta oração não tem um objetivo específico, mas certamente conduz a elevação espiritual, o desenvolvimento do amor próprio e a prática incondicional da caridade, mas muito buscada como uma prece espírita para acalmar…

Fato é que existem vários relatos apontando o grande poder dessa reza, trazendo paz, luz, tranquilidade e amor.

Seja muito feliz em sua vida!

“Chamo-me Caridade, sou o caminho principal que conduz a Deus; segui-me, eu sou a meta a que vós todos deveis visar”




Evangeliza - Lendas Chinesas

 

Canoa quebrada

"Canoa quebrada", uma incrível parábola sobre o medo da mudança!
À margem de um grande rio vivia um pescador com sua família.  Foram muito bem-sucedidos com seus negócios de pesca, mas, agora, as coisas estavam difíceis, o rio trazia cada vez menos peixes, suas ferramentas de trabalho estavam velhas e, como não havia dinheiro para comprar um novo barco, o pescador tinha que consertá-lo frequentemente.
Um dia, um velho caminhante passou por lá e perguntou ao pescador se poderia passar a noite em sua casa. Embora a casa fosse muito simples e mal houvesse comida para todos, a família do pescador o aceitou e o tratou com carinho e educação, colocando-o para dormir no melhor cômodo da casa.
Na manhã seguinte, quando o caminhante estava prestes a partir, perguntou ao pescador como poderia agradecer aos donos pelo abrigo e pela comida. O pescador, percebendo que o homem era tão pobre quanto ele, apenas abriu um sorriso e respondeu:
- Percebo que você é um homem sábio e que já viu muito. Agradeça-me com conselhos sobre como sair da pobreza, isso será suficiente.
- Muito bem, disse o caminhante. Para sair da pobreza, você precisa afogar o seu barco!
Depois disso, disse adeus e nunca mais foi visto pelo pescador e sua família.
O pescador não viu sentido no conselho do caminhante. Afinal, como poderia livrar-se do seu barco, a única ferramenta de sustento de sua família, que, ainda por cima, não garantia comida para todos os dias?
O pescador não seguiu o conselho e manteve o mesmo estilo de vida, ficando cada vez mais pobre e sem alimento para a família. Até que um dia, durante uma forte tempestade, o seu barco foi seriamente danificado e já não havia mais como ser utilizado. A família, então, juntou seus pertences modestos, retirou-se de sua casa e procurou outro lugar para se estabelecer.
Encontraram uma grande vila de pescadores. Lá havia muitos barcos, de todos os modelos, cores e tamanhos, eles poderiam ajudar muito a família do pescador a recomeçar a vida. Mas, por mais que o pescador se alegrasse ao ver aqueles barcos, não tinha como comprar nenhum.
Um dia, estava sentado à margem do rio, admirando os barcos das outras pessoas até que percebeu que o barco de um homem estava seriamente danificado e precisando de reparos.
Como era bom nisso, ele se ofereceu para consertar o barco do homem, para que ele pudesse voltar ao seu trabalho logo.
Seu trabalho ficou realmente bom, e ele começou a dedicar seu tempo para estudar mais sobre essa arte, e, com o tempo, tornou-se um grande mestre.
Seu trabalho começou a ser mais procurado e reconhecido, e ele se tornou o melhor da aldeia, criando obras-primas, deixando os barcos melhores do que novos, e pessoas de outros lugares vinham em busca do seu trabalho.
Depois de um tempo, ele conseguiu comprar uma nova casa para acomodar sua família e nunca mais lhe faltou nada. Só depois disso, ele se lembrou do velho caminhante e do seu conselho, e tudo fez sentido. Ele realmente era muito sábio! “Afogar” o barco significava se desapegar do seu padrão de vida, sair da zona de conforto e buscar novas maneiras de transformar a sua vida. E foi exatamente o que ele fez.
As mudanças, por mais que pareçam assustadoras no começo, realmente nos fazem bem, quando estamos abertos à experimentá-las verdadeiramente.
Não tenha medo de mudar, só assim poderá encontrar melhores realidades para a sua vida!
O que você achou da parábola? Concorda com o conselho do caminhante?

 

 A samambaia e o bambu

 

“A samambaia e o bambu”: uma fábula que nos ajuda a compreender a resiliência
A fábula da samambaia e o bambu conta a história de um carpinteiro que vivia um momento de grandes dificuldades em sua vida.
Ele era autônomo e tinha os seus clientes de sempre, as coisas iam bem até que uma grande empresa que fabricava móveis chegou à sua cidade. Era uma empresa muito desenvolvida, com muitas máquinas tecnológicas, funcionários e promessas de inovação. Como toda novidade positiva, não demorou muito para se tornar muito popular.
Todos os móveis dessa empresa eram de grande qualidade, fabricados em pouco tempo e tinham preços mais baixos do que os do carpinteiro, o que fez com que ele perdesse muitos clientes. As coisas estavam realmente difíceis e em pouco tempo ele iria à falência.
Como não recebia quase nada, muitas das contas ficaram por responsabilidade de sua mulher, que também estava em uma fase difícil, visto que seu salário de professora não era suficiente para sustentar os três filhos e também a casa.
Compreendendo que as coisas não poderiam mais continuar da mesma maneira, o carpinteiro tentou encontrar um novo emprego, mas não conseguia.
Sua esposa, sem saber lidar muito bem com a situação, culpou o marido, o que afetou os filhos, prejudicando seu desempenho na escola.
O carpinteiro começou a se desesperar, porque não encontrava uma saída para a sua situação. Estava quase sem energia, tanto física como emocionalmente e mal conseguia um minuto de distração ou alegria.
Um dia, com sua mente à beira do colapso, resolveu fazer um passeio em uma floresta próxima, na intenção de colocar suas ideias em ordem. Mal sabia que uma grande lição estava em seu caminho.
Depois de caminhar por um tempo dentro da floresta, o carpinteiro conheceu um ancião muito gentil que o cumprimentou e o convidou para tomar um chá em sua casa, que era muito simples. O ancião pode perceber a expressão preocupada no rosto do homem e perguntou-lhe o que estava acontecendo. O carpinteiro, então, explicou-lhe tudo, enquanto o ancião o ouvia com atenção.
Quando terminaram o chá, o ancião convidou o carpinteiro para ir a um terreno que ficava nos fundos de sua casa. Lá, estavam a samambaia, o bambu e muitas árvores mais. O ancião pediu ao carpinteiro para observar as duas plantas e disse-lhe que precisava contar uma história.

A história da samambaia e do bambu

O carpinteiro, sentindo que poderia aprender algo com o homem, mostrou-se muito interessado na história.
O sábio, então, começou: “Há oito anos, peguei algumas sementes e plantei a samambaia e o bambu ao mesmo tempo. Eu queria que ambos crescessem em meu jardim, porque as duas plantas são muito reconfortantes para mim. Coloquei toda minha dedicação para cuidar delas, como se fossem um tesouro.”
“Pouco tempo depois, percebi que a samambaia e o bambu respondiam de maneira diferente aos meus cuidados. A samambaia começou a brotar e em poucos meses tornou-se uma planta majestosa que enfeitava tudo com sua presença. O bambu, por outro lado, continuava debaixo da terra, sem mostrar sinais de vida. Um ano inteiro se passou e a samambaia continuou crescendo, mas o bambu não. No entanto, não desisti. Continuei cuidando com mais cuidado. Mesmo assim, mais um ano se passou e meu trabalho não dava frutos. O bambu se recusava a manifestar-se.”
O ancião continuou: “Também não desisti depois do segundo ano, nem do terceiro, nem do quarto. Quando cinco anos se passaram, finalmente vi que um galho tímido saía da terra. No dia seguinte, estava muito maior. Em poucos meses, cresceu sem parar e tornou-se um lindo bambu de mais de 10 metros. Você sabe por que demorou tanto para sair debaixo da terra?”
O carpinteiro pensou por um momento, mas não sabia o que responder. Então, o ancião lhe disse:
Demorou cinco anos porque durante todo esse tempo a planta estava trabalhando para criar raízes. Sabia que tinha que crescer muito alto e, por isso, não podia sair à luz, até que tivesse uma base firme que lhe permitisse subir satisfatoriamente. Você entende?
O carpinteiro conseguiu compreender o que o ancião lhe dizia. Ele entendeu que, às vezes, as coisas demoram, porque estão criando raízes. Que o importante é persistir e não perder a fé. Antes de se despedir, o ancião passou uma mensagem ao carpinteiro, para que a guardasse para sempre. Disse-lhe: “A felicidade o mantém doce. As tentativas o mantêm forte. As dores o mantêm humano. As quedas o mantêm humilde. O sucesso o mantém brilhante…”
Essa lição que o ancião deu ao carpinteiro foi de muito valor, pois permitiu que ele enxergasse além do agora, além dos problemas e dificuldades do momento presente, e despertou nele a esperança de que as coisas iriam prosperar, quando fosse o momento certo.
Essa mensagem também serve para todos nós. Temos a tendência de querer tudo para já, não temos paciência para esperar o momento certo. Quando apressamos as coisas, não damos tempo para que criem raízes, para que se solidifiquem e possam realmente trazer consequências positivas em nossas vidas. Não adianta apressarmos o curso do tempo, porque apenas conseguiremos resultados efêmeros, vazios.
Entender que as coisas boas precisam de tempo para se manifestarem é a chave para lidarmos com as dificuldades de nossas vidas. Não se desespere frente às crises, ao invés disso, adote uma mentalidade sábia e positiva, compreendendo que o melhor sempre está a caminho. Lembre-se da samambaia e do bambu, quando precisar de um reforço positivo!

 

 O Cavalo Perdido


O cavalo perdido – uma fábula chinesa que nos ensina a não julgar rapidamente
O cavalo perdido é uma fábula popular na China e, há muitos anos, nos ensina a fazer uma reflexão mais profunda e sábia sobre aquilo que acontece em nossas vidas, sem nos apressarmos para julgá-las como boas ou ruins.
A história dessa fábula gira em torno de um fazendeiro que vivia em uma vila afastada.
Ele era um bom homem, que foi criado por uma família que valorizava o amor e o altruísmo. Por isso, era muito respeitado e admirado por todas as pessoas em ao seu redor.
As pessoas da vila também enxergavam esse fazendeiro como um homem muito sábio e, por isso, o consultavam sempre que precisavam de uma orientação em suas vidas. Ele tratava a todos com carinho e atenção, oferecendo palavras de conforto e positividade, e semeava a paz por onde passava.
Um belo dia, o fazendeiro estava em sua fazenda tranquila, quando percebeu um cavalo se aproximando, ele não sabia de onde nem porque o animal chegara em suas terras, mas não impediu sua entrada. O cavalo era muito branco e parecia bem cuidado, possuía uma elegância natural e parecia ser puro sangue.
Passavam-se os dias e o cavalo não ia embora, então o fazendo o acolheu e o animal passou a morar em suas terras.
Bênção x maldição
As pessoas que moravam na vila souberam da novidade e logo começaram a comentar sobre. De acordo com as leis da vila, como o cavalo havia chegado à fazenda aparentemente pela própria vontade, ele passou a pertencer ao fazendeiro. Então, sempre que alguém via o fazendeiro, comentava: “Nossa, que sorte!”, “Parabéns! Esta é uma boa novidade”, mas o homem, sempre muito sensato, apenas respondia: “Talvez… muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”.
Nem todo mundo entendia o pensamento do homem e passaram a considerá-lo ingrato e mal-agradecido. Afinal, não é todo dia que um cavalo puro-sangue que custa muito dinheiro aparece repentinamente em suas terras e você se torna seu dono. Como isso não poderia ser uma grande sorte?!
Depois de uns meses, o inverno chegou na vila e, em uma manhã, quando o fazendeiro se levantou, percebeu que a porta do estábulo, onde o cavalo ficava, estava aberta e ele tinha ido embora ou tinha sido roubado. Como de costume, a notícia se espalhou rapidamente pela aldeia e os vizinhos começaram a aparecer para prestar seus sentimentos ao fazendeiro. No entanto, o homem parecia calmo e os confortou dizendo que estava tudo bem. Novamente, repetiu a frase: “Muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”. As pessoas, ainda sem entender seu comportamento, pensavam que estava louco.
O retorno do cavalo
O fazendeiro já não esperava o retorno do cavalo, e seguiu sua vida, como de costume, até que em uma tarde de primavera, enquanto trabalhava em suas terras, ele ouviu um rugido vindo de longe.
Quando olhou para frente, pôde perceber a figura do seu cavalo perdido, com o pelo mais brilhante do que nunca. No entanto, ele não estava sozinho, mais 20 outros cavalos, tão incríveis quanto o seu, o acompanhavam. O fazendeiro ficou emocionado com a cena.
Os animais, seguidos por seu líder, também permaneceram na fazenda, e também se tornaram propriedade do homem. Os vizinhos da vila novamente ficaram espantados com a sorte do homem e os parabenizaram infinitamente. Ele, humilde como sempre, apenas respondeu: “Muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”.
Final da história
O fazendeiro não era um homem ambicioso, mas também não era ingrato. Apesar do que muitos pensavam, ele não estava se desfazendo dos cavalos que chegaram em suas terras, apenas enxergava além do que muitos podiam ver. Ele sabia que nem tudo eram flores e que os cavalos, apesar de lindos, eram selvagens e precisavam ser domados, um por um, o que demandava muito tempo, ainda mais com apenas ele e seu filho para fazer o trabalho.
No começo do outono, o filho do fazendeiro decidiu domar o mais selvagem dos cavalos, e apesar de ser experiente, teve uma das pernas quebradas pelo cavalo. Os vizinhos, novamente sabendo da notícia, levaram remédios para o filho do fazendeiro e disseram ao pai: “Sentimos muito… que azar vocês tiveram!” Como de costume, o fazendeiro respondeu apenas: “Muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”.
Depois de uma semana, a guerra na China começou. O imperador recrutou todos os jovens da aldeia. O único que foi salvo foi o filho do fazendeiro, porque não estava em condições de lutar, devido à perna quebrada.
Foi só nesse momento que as pessoas da vila conseguiram entender o pensamento do fazendeiro. “Muitas vezes, o que parece ser uma bênção, na verdade é uma maldição”, precisamos aprender a enxergar as situações de nossas vidas com sabedoria e consciência, porque nem sempre as coisas são o que parecem.
Desde então, essa fábula chinesa é contada de geração em geração, para que ninguém esqueça que nada é bom ou ruim por si só, mas depende do papel que desempenha em nossas vidas.
Nesse caso, a aparição dos cavalos, depois de uma maldição, provou-se uma bênção, porque poupou o filho do homem dos horrores da guerra, mas nem sempre podemos julgar as coisas com tanta rapidez, porque podemos nos surpreender.

 

domingo, 13 de novembro de 2022

Evangeliza - No Reino das Borboletas

No reino das borboletas


À beira de um charco, formosa borboleta, fulgurando ao crepúsculo, pousou sobre um ninho de larvas e falou para as pequeninas lagartas, atônitas:
- Não temais! Sou eu... Uma vossa irmã de raça!... Venho para comunicar-vos esperança. Nem sempre permanecereis coladas à erva do pântano! Tende calma, fortaleza, paciência!... Esforçai-vos por sucumbir aos golpes da ventania que, de quando em quando, varre a paisagem. Esperai! Depois do sono que vos aguarda, acordareis com asas de puro arminho, refletindo o esplender solar... Então, não mais vos arrastareis, presas ao solo úmido e triste. Adquirireis preciosa visão da vida! Subireis muito alto e vosso alimento será o néctar das flores... Viajareis deslumbradas, contemplando o mundo, sob novo prisma!... Observareis o sapo que nos persegue, castigado pela serpente que o destrói, e vereis a serpente que fascina o sapo, fustigada pelas armas do homem!...
Enquanto a mensageira se entregava à ligeira pausa de repouso, ouviam-se exclamações admirativas:
- Ah! Não posso crer no que vejo!
- Que misteriosa e bela criatura!...
- Será uma fada milagrosa?
- Nada possui de comum conosco...
Irradiando o suave aroma do jardim em que se demorava, a linda visitante sorriu e continuou:
- Não vos confieis à incredulidade! Não sou uma fada celeste! Minhas asas são parte integrante da nova forma que a Natureza nos reserva. Ontem vivia convosco; amanhã, vivereis comigo! Equilibrar-vos-eis no imenso espaço, desferindo vôos sublimes à plena luz!
Libertadas do chavascal, elevar-vos-eis, felizes! Libertadas do chavascal, elevar-vos-eis, felizes! Conhecereis a beleza das copas floridas e o saboroso licor das pétalas perfumadas, a delícia da altura e a largueza do firmamento!...
Logo após, lançando carinhoso olhar à família alvoroçada, distendeu o corpo colorido e, voltando, graciosa, desapareceu.
Nisso chega ao ninho a lagarta mais velha do grupo, que andava ausente, e, ouvindo as entusiásticas referências das companheiras mais jovens, ordenou, irritada:
- Calem-se e escutem! Tudo isso é insensatez... Mentiras, divagações... Fujamos aos sonhos e aos desvarios. Nunca teremos asas. Ninguém deve filosofar... Somos lagartas, nada mais que lagartas. Sejamos práticas, no imediatismo da própria vida. Esqueçam-se de pretensos seres alados que não existem. Desçam do delírio da imaginação para as realidades do ventre! Abandonaremos este lugar, amanhã. Encontrei a horta que procurávamos... Será nossa propriedade. Nossa fortuna está no pé de couve que passaremos a habitar. Devorar-lhe-emos todas as folhas... Precisamos simplesmente comer, porque, depois, será o sono, a morte e o nada... Nada mais...
Calaram-se as larvas, desencantadas.
Caiu a noite e, em meio à sombra, a lagarta-chefe adormeceu, sem despertar no outro dia. Estava ela completamente imóvel.
As irmãs, preocupadas, observavam curiosas o fenômeno e puseram-se na expectativa.
Findo algum tempo, com infinito assombro, repararam que a orgulhosa e descrente orientadora se metamorfoseara numa veludosa falena, voejante e leve...

Anotando a lição breve e simples, creio que há muitos pontos de contacto entre o reino dos homens e o reino das borboletas. 

***

À semelhança da formosa borboleta que desceu às faixas escuras onde rastejavam suas irmãs lagartas, um dia, a Humanidade também recebeu a visita de um Ser Sublime, que veio trazer consolo e esperança.
Falou da vida triunfante para além do casulo físico.
Ele próprio, após desvencilhar-se do corpo físico, surgiu mais livre e mais brilhante que antes, mostrando-se aos discípulos, aos amigos.
Depois, com leveza, desapareceu na imensidão azul, diante de quinhentas testemunhas, admiradas, na distante Galileia...
Apesar do tempo transcorrido, ainda existem aqueles que preferem acreditar que o que nos espera para além da morte é o nada.
Não nos iludamos. Somos imortais. Viveremos.

(XAVIER, Francisco Cândido. Do livro: Contos e apólogos. Pelo Espírito Irmão X. Ed. FEB. Cap. 29 - No Reino das Borboletas. Conclusão - Redação do Momento Espírita).


domingo, 16 de outubro de 2022

Evangeliza - A estrela partida

 

A estrela partida


A estrela Brilhantina estava muito triste porque tinha perdido uma das cinco pontas, não sabia nem onde nem como. Na noite anterior tinha saído com as outras estrelas, como sempre fazia, mas porque estava muito cansada, adormeceu. Ao acordar, viu que lhe faltava uma das pontas e, de imediato, procurou-a por todo o céu, mas não a encontrou.

- E agora, o que é que eu faço? - dizia às suas amigas, muito preocupada. Já não sou uma estrela perfeita, sou uma estrela partida… Esta noite não poderei iluminar o céu, tenho vergonha que me vejam assim!

As amigas sentiram pena dela e tentaram animá-la:

- Brilhantina, não te preocupes, vamos ajudar-te a encontrar a ponta que te falta.

Ao amanhecer, as estrelas não se deitaram, como sempre faziam, e partiram pelos céus à procura da ponta….

O Sol, achando estranho que as estrelas estivessem levantadas àquela hora da manhã, perguntou-lhes:

- O que é que andam a fazer? Não deviam estar a dormir?

E as estrelas responderam:

- Estamos à procura da ponta que a nossa amiga Brilhantina perdeu. Se não a encontrarmos antes do anoitecer, ela não poderá iluminar o céu esta noite.

- Que boas amigas tem a Brilhantina! Querem ajuda? Conheço melhor o dia do que qualquer uma de vós…

- Muito obrigada, senhor Sol -disseram todas em uníssono.

O Sol e as estrelas procuraram por todo o lado, mas não encontraram a ponta da estrela Brilhantina.

O Vento passava por ali naquele momento e, ao ver as estrelas, perguntou-lhes:

- Que fazem a esta hora, por aqui, na companhia do Sol?

Entre todas explicaram o que se passava e porque precisavam de encontrar a ponta perdida antes do anoitecer.

Então o Vento perguntou:

- Querem a minha ajuda? Eu conheço muitos lugares, sou mais rápido e posso entrar em todo o lado, por mais estreita que seja a ranhura.

- Muito obrigado, senhor Vento -responderam todas ao mesmo tempo.

O Vento seguiu em direção às cidades, voou sobre os telhados, entrou nos vales profundos, subiu às montanhas mais altas e até penetrou no interior do bosque. Ali, um brilho ofuscante chamou-lhe a atenção. Aproximou-se silenciosamente. Viu então uma luz muito forte a sair do interior de uma caverna. E… oh, surpresa das surpresas! Estava ali o tal pedaço da estrela, dependurada no teto da caverna, a iluminar duas pequenas fadas.

E o Vento perguntou:

- O que fazem com esta ponta de estrela? Todos a procuram e a sua dona, a estrela Brilhantina, está desesperada.

As fadas responderam:

- Senhor Vento, ontem à noite vimos cair uma luz do céu e fomos ao bosque ver o que era. Encontrámos este pedacinho de luz e levámo-lo para a nossa caverna para que nos iluminasse. Perguntámos por todo o lado a quem pertencia, mas ninguém nos soube dizer nada.

- Apressemo-nos a levá-la ao céu antes do anoitecer, para que a estrela Brilhantina ainda possa iluminá-lo esta noite - disse o Vento.

- Agora que sabemos a quem pertence, gostaríamos de entregá-la à Brilhantina. Podemos acompanhar-te?

As fadas pegaram na ponta, cada uma do seu lado, e o Vento fê-las subir tanto e tão alto que logo chegaram ao lugar onde viviam as estrelas. Houve então um grande rebuliço.

- Brilhantina! Acorda, encontrámos a ponta que perdeste! - gritaram as suas companheiras.

Quando Brilhantina abriu os olhos, viu-se rodeada das amigas estrelas, do Sol, do Vento e das duas fadas que transportavam a pontinha, e pôs-se a dar saltos de alegria.

- Obrigada, amigas, muito obrigada por terem encontrado a minha ponta! - disse às estrelas.

Mas elas, de imediato, disseram:

- Não, Brilhantina, não fomos nós que a encontrámos, foi o senhor Sol.

E este acrescentou:

- Não, minhas queridas estrelas, não fui eu quem a encontrou, foi o senhor Vento.

Mas o senhor Vento logo esclareceu:

- Não, senhor Sol, não fui eu que a encontrei, foram estas duas pequenas fadas.

E as pequenas fadas contaram como a tinham encontrado no bosque.

Então, a estrela Brilhantina, emocionada, disse:

- Agradeço-vos, pois entre todos encontraram a minha pontinha! A partir de hoje, serei a primeira a aparecer ao anoitecer para cumprimentar o senhor Sol, despedir-me do senhor Vento antes do recolher da brisa, e iluminar o caminho do bosque para as amigas fadas.

É por isso que, desde então, à noite, no horizonte, aparece uma estrela, antes de todas as outras, para que a promessa feita aos amigos se cumpra.

Begoña Ibarrola
Cuentos para sentir 2: Educar los sentimientos
Ediciones SM, 2003, Madrid
(Tradução e adaptação)

Evangeliza - O Sr. Palha - conto japonês

 O Sr. Palha – conto japonês



Era uma vez, há muitos e muitos anos, é claro, porque as melhores histórias passam-se sempre há muitos e muitos anos, um homem chamado Senhor Palha. Ele não tinha casa, nem mulher, nem filhos. Para dizer a verdade, só tinha a roupa do corpo. Ora o Senhor Palha não tinha sorte. Era tão pobre que mal tinha para comer e era magrinho como um fiapo de palha. Era por esse motivo que as pessoas lhe chamavam Senhor Palha.

Todos os dias o Senhor Palha ia ao templo pedir à Deusa da Fortuna que melhorasse a sua sorte, mas nada acontecia. Até que um dia, ele ouviu uma voz sussurrar:

- A primeira coisa em que tocares quando saíres do templo há-de trazer-te uma grande fortuna.

O Senhor Palha apanhou um susto. Esfregou os olhos, olhou em volta, mas viu que estava bem acordado e que o templo estava vazio. Mesmo assim, saiu a pensar: “Terei sonhado ou foi a Deusa da Fortuna que falou comigo?” Na dúvida, correu para fora do templo, ao encontro da sorte. Mas, na pressa, o pobre Senhor Palha tropeçou nos degraus e foi rolando aos trambolhões até o final da escada, onde caiu por terra. Ao levantar-se, ajeitou as roupas e percebeu que tinha alguma coisa na mão. Era um fio de palha.

“Bom”, pensou  ele, “uma palha não vale nada, mas, se a Deusa da Fortuna quis que eu a apanhasse, é melhor guardá-la.”

E lá foi ele, com a palha na mão.

Pouco depois, apareceu uma libélula zumbindo em volta da cabeça dele. Tentou afastá-la, mas não adiantou. A libélula zumbia loucamente ao redor da cabeça dele. “Muito bem”, pensou ele. “Se não queres ir embora, fica comigo.” Apanhou a libélula e amarrou-lhe o fio de palha à cauda. Ficou a parecer um pequeno papagaio (de papel), e ele continuou a descer a rua com a libélula presa à palha. Encontrou a seguir uma florista, que ia a caminho do mercado com o filho pequenino, para vender as suas flores. Vinham de muito longe. O menino estava cansado, coberto de suor, e a poeira fazia-o chorar. Mas quando viu a libélula a zumbir amarrada ao fio de palha, o seu pequeno rosto animou-se.

- Mãe, dás-me uma libélula?- pediu.- Por favor!

“Bem”, pensou o Senhor Palha, “a Deusa da Fortuna disse-me que a palha traria sorte. Mas este garotinho está tão cansado, tão suado, que pode ficar mais feliz com um pequeno presente.” E deu ao menino a libélula presa à palha.

- É muita bondade sua- disse a florista.- Não tenho nada para lhe dar em troca além de uma rosa. Aceita?

O Senhor Palha agradeceu e continuou o seu caminho, levando a rosa. Andou mais um pouco e viu um jovem sentado num tronco de árvore, segurando a cabeça entre as mãos. Parecia tão infeliz que o Senhor Palha lhe perguntou o que havia acontecido.

- Hoje à noite, vou pedir a minha namorada em casamento- queixou-se o rapaz.- Mas sou tão pobre que não tenho nada para lhe oferecer.

- Bem, eu também sou pobre- disse o Senhor Palha.- Não tenho nada de valor, mas se quiser dar-lhe esta rosa, é sua.

O rosto do rapaz abriu-se num sorriso ao ver a esplêndida rosa.

- Fique com estas três laranjas, por favor- disse o jovem.- É só o que posso dar-lhe em troca.

O Senhor Palha continuou a andar, levando três suculentas laranjas. Em seguida, encontrou um vendedor ambulante puxando uma pequena carroça.

- Pode ajudar-me?- disse o vendedor ambulante, exausto.- Tenho puxado esta carroça durante todo o dia e estou com tanta sede que acho que vou desmaiar. Preciso de um gole de água.

— Acho que não há nenhum poço por aqui- disse o Senhor Palha.- Mas, se quiser, pode chupar estas três laranjas.

O vendedor ambulante ficou tão grato que pegou num rolo da mais fina seda que havia na carroça e deu-o ao Senhor Palha, dizendo:

- O senhor é muito bondoso. Por favor, aceite esta seda em troca.

E, uma vez mais, o Senhor Palha continuou o seu caminho, com o rolo de seda debaixo do braço.

Não tinha dado dez passos quando viu passar uma princesa numa carruagem. Tinha um olhar preocupado, mas a sua expressão alegrou-se ao ver o Senhor Palha.

- Onde arranjou  essa  seda?- gritou ela.- É  justamente aquilo de que estou à procura. Hoje é o aniversário de meu pai e quero dar-lhe um quimono real.

- Bem, já que é aniversário dele, tenho prazer em oferecer-lhe a seda- disse o Senhor Palha.

A princesa mal podia acreditar em tamanha sorte.

- O senhor é muito generoso- disse sorrindo.- Por favor, aceite esta jóia em troca.

A carruagem afastou-se, deixando o Senhor Palha com uma jóia de inestimável valor refulgindo à luz do sol.

“Muito bem”, pensou ele, “comecei com um fio de palha que não valia nada e agora tenho uma jóia. Sinto-me contente.”

Levou a jóia ao mercado, vendeu-a e, com o dinheiro, comprou uma plantação de arroz. Trabalhou muito, arou, semeou, colheu, e a cada ano a plantação produzia mais arroz. Em pouco tempo, o Senhor Palha ficou rico.

Mas a riqueza não o modificou. Oferecia sempre arroz aos que tinham fome e ajudava todos os que o procuravam. Diziam que sua sorte tinha começado com um fio de palha, mas quem sabe se não terá sido com a sua generosidade?

William J. Bennett
O Livro das Virtudes II – O Compasso Moral
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1996

sábado, 8 de outubro de 2022

Evangeliza - Pequenas histórias para reflexão

Pequenas histórias para reflexão 



O Monge e a Fé 

Num belo dia de sol, um velho monge caminhava à beira de um famoso rio de sua região, andando em sua margem encontra uma jovem orando com muita devoção.
O monge abismado pergunta: – porque tanta devoção?
E a jovem responde que reza para atravessar o rio sem que se molhe.
O monge solta um leve sorriso e resolve assistir o fato; nisto a jovem levanta e caminha sobre a água.
O monge vê assustado e se ajoelha e começa a orar. Após, levanta-se e suspende a bata e segue ao rio na primeira passada vai ao fundo.
Após o ocorrido o monge pergunta a jovem: – porque eu fui ao fundo se eu orei também.
A jovem responde: – A partir do momento que levantaste a batina, provaste que não tinha fé!
(Autor desconhecido).

Quem é Seu Amigo?

Certa vez um soldado disse ao seu tenente: – Meu amigo não voltou do campo de batalha.
Senhor, solicito permissão para ir a buscá-lo, disse um soldado ao seu tenente.
– Permissão negada, replicou o oficial. Não quero que arrisque a sua vida por um homem que provavelmente está morto.
O soldado, ignorando a proibição, saiu, e uma hora mais tarde regressou, muito ferido, transportando o cadáver de seu amigo.
O oficial estava furioso: – Já tinha dito que ele estava morto!
Agora eu perdi dois homens! Diga-me: valeu a pena trazer um cadáver?
E o soldado, moribundo, respondeu: – Claro que sim, senhor!
Quando o encontrei, ele ainda estava vivo e pôde me dizer: – “Tinha certeza que você viria!’

“AMIGO É AQUELE QUE CHEGA QUANDO TODO MUNDO JÁ SE FOI.”


Mande o Melhor!

Uma mãe estava trabalhando quando recebeu um telefonema de casa, avisando-a de que seu bebê estava muito doente.
Imediatamente saiu, pegou o carro e parou numa farmácia para comprar algum medicamento para sua criança.
Quando voltou para o carro notou que havia travado a porta e que deixara as chaves lá dentro.
Estava apressada para chegar em casa, aflita para ver seu bebê, não sabia o que fazer.
Telefonou para a babá, contou o que havia acontecido e que não conseguia abrir a porta do carro.
A babá lhe disse que a criança estava pior e acrescentou: – “A senhora precisa encontrar um pedaço de arame e usá-lo para abrir a porta.”
Olhando em volta ela viu no chão um pedaço de arame que alguém provavelmente já usara para o mesmo fim.
Pegou-o e disse para si mesma: – “eu não sei como usar isto!”
Sua cabeça pendeu pesadamente e ela pediu a Deus que lhe mandasse ajuda.
Em menos de 5 minutos um carro velho e enferrujado encostou e dele desceu um homem muito sujo, barbudo, usando um imundo boné de lã .
A mãe pensou: – “Ó, Deus, é isso que o Senhor envia para ajudar-me?”
Mas estava tão desesperada, que até sentiu-se grata.
O homem veio ao seu encontro e perguntou se podia ajudar.
Disse ela: – “Sim, meu bebê está muito doente, eu parei o carro aqui para comprar remédios e bati a porta do carro, deixando as chaves lá dentro.
Eu preciso socorrer meu bebê! Preciso ir para casa!
Por favor, o senhor sabe como usar este arame para abrir o carro?”
Disse ele “claro que sim”, dirigindo-se para o veículo.
Em poucos segundos a porta estava aberta.
Ela abraçou o homem e em lágrimas lhe disse: – “Muito obrigada ! O senhor é um homem muito bom!”
Ele retrucou: – “Senhora, eu não sou um homem bom , saí da cadeia há menos de uma hora : – eu estava preso por roubo de carros.”
Ela sentiu seu coração vibrar de gratidão, abraçou o homem novamente e, chorando mais ainda, ergueu a cabeça para o céu e gritou bem alto: – “OBRIGADA , DEUS , POR ME MANDAR UM PROFISSIONAL!”
(Silvia Schmidt & Annie Parker).


Nó de Carinho

Um pai, numa reunião de pais, explicou, com seu jeito humilde, que não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana.
Quando ele saía para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava dormindo.
Quando voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado. Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família. Mas contou, também, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria.
Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo.
Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado.
O nó era o meio de comunicação entre eles.
A diretora ficou emocionada e surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.
O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras das pessoas se fazerem presentes, de se comunicarem com os outros. Aquele pai encontrou a sua, que era simples, mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo.
Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento.
Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais que presentes ou desculpas vazias.
É válido que nos preocupemos com as pessoas, mas é importante que elas saibam, que elas sintam isso.
Para que haja a comunicação é preciso que as pessoas “ouçam” a linguagem do nosso coração, pois, em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro.
As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas sabem
registrar um gesto de amor.
Mesmo que esse gesto seja apenas um nó.
Um nó cheio de afeto e carinho para você.
(Autor desconhecido).

Como educar os filhos

Narra uma antiga lenda que, certa vez, um rei chamou o homem mais sábio que conhecia para pedir conselhos.
O soberano se preparava para ser pai e desejava orientações a respeito da educação de seus filhos, uma vez que sabia da importância de seu papel como progenitor na vida dos rebentos.
Dize-me, sábio conselheiro, tu que sempre me ajudaste nas questões mais graves na regência deste reino: como deve agir um pai para criar bons filhos?
Deve agir com extrema severidade, a fim de corrigir e dominar os maus instintos, ou com absoluta benevolência - a fim de manter uma boa relação e destacar as boas tendências deles?
Ao ouvir essas palavras, o ilustre filósofo manteve-se em silêncio, pensando, pensando...
Passados alguns instantes de profunda reflexão, chamou um servo e pediu-lhe que trouxesse dois vasos valiosos de porcelana que decoravam o salão real e que ele sabia estavam entre os preferidos do rei.
Pediu também um balde com água fervente e outro com água gelada, praticamente congelada.
O rei estava achando aquilo muito estranho. Inclusive, começou a ficar um pouco preocupado com a movimentação das peças que eram parte do seu tesouro pessoal.
Com naturalidade, o sábio ordenou a um servo:
Quero que enchas esses dois vasos com a água que acabas de trazer, sendo um com água fervente e o outro com água gelada!
Preparava-se o servo obediente para despejar, como lhe fora ordenado, a água fervente num dos vasos e a gelada no outro, quando o rei, emergindo de sua estupefação, interveio no caso com energia:
Que loucura é essa, ó venerável sábio! Queres destruir estas obras maravilhosas? A água fervente fará, certamente, arrebentar o vaso em que for colocada. A água gelada fará partir-se o outro!
O sábio, calmamente, então tomou de um dos baldes, misturou a água fervente com a gelada e, com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum.
O poderoso monarca e os venerandos mandarins presentes, observaram, atônitos, a atitude singular do filósofo.
Ele, porém, indiferente ao assombro que causava, aproximou-se do soberano e assim falou:
Nossos filhos, ó rei, são como o vaso de porcelana. A postura do pai é como a água.
A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente desastrosas para a alma das crianças.
Manda, pois, a sabedoria e ensina a prudência que haja um perfeito equilíbrio entre a severidade - com que se pode tolher os maus pendores, corrigir as falhas - e a generosidade, a docilidade - com que se deve tratar e cultivar as qualidades.

***

Diante do teu filho, frágil de aparência, tem em mente que se trata de um Espírito comprometido com a retaguarda, que recomeça a experiência a penates, e que muito depende de ti.
Nem o excesso de severidade para com ele, nem o acúmulo de receios injustificados, em relação a ele, ou a exagerada soma de aflição por ele.
Fala-lhe de Deus sem cessar e ilumina-lhe a consciência com a flama da fé rutilante, que lhe deve lucilar no íntimo como farol de bênçãos para todas as circunstâncias.
Ensina-lhe a humildade ante a grandeza da vida e o respeito a todos, como valorização preciosa das concessões Divinas.

Redação do Momento Espírita com base em antiga lenda oriental e no cap. Deveres dos pais, do livro Leis morais da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 03.04.2012.


Fidelidade e Interesses

Era uma vez um jovem que recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a outro rei de uma terra distante.
Recebeu também o melhor cavalo do reino para carregá-lo na jornada.
Cuida do mais importante e cumprirás a missão! Disse o soberano, ao se despedir.
Assim, o jovem preparou o seu alforje. Escondeu a mensagem na bainha da calça e colocou as pedras numa bolsa de couro amarrada na cintura, por baixo das vestes.
Pela manhã, bem cedo, sumiu no horizonte. E não pensava sequer em falhar. Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e valente rapaz, pronto para desposar a princesa. Aliás, esse era o seu sonho e parecia que a princesa correspondia às suas esperanças.
Para cumprir rapidamente sua tarefa, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam sua montaria. Dessa forma, exigia o máximo do animal. Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe tirava a sela nem a carga, tampouco se preocupava em lhe dar de beber ou comer.
Assim, meu jovem, acabas perdendo o animal. Disse alguém.
Não me importo. Respondeu ele. Tenho dinheiro. Se este morrer, compro outro. Nenhuma falta fará!
Com o passar dos dias e sob tamanho esforço, o pobre animal não suportou mais os maus tratos e caiu morto na estrada.
O jovem simplesmente o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé. Mas, como naquela região havia poucas fazendas e eram muito distantes uma das outras, em poucas horas o moço se deu conta da falta que lhe fazia o animal.
Estava exausto e sedento. Já tinha deixado pelo caminho toda a tralha, com exceção das pedras, pois lembrava da recomendação do rei: Cuida do mais importante! Seu passo se tornou curto e lento e as paradas, frequentes e longas.
Como sabia que poderia cair a qualquer momento e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota.
Mais tarde, caiu exausto no pó da estrada onde ficou desacordado por longo tempo. No entanto, uma caravana de mercadores que seguia viagem para o seu reino, o encontrou e cuidou dele.
Quando o jovem recobrou os sentidos, estava de volta em sua cidade. Imediatamente, foi ter com o rei para contar o que havia acontecido e sem remorso jogou toda a culpa do insucesso no cavalo fraco e doente que recebera.
Porém, Majestade, conforme me recomendaste cuidar do mais importante, aqui estão as pedras que me confiaste. Devolvo-as a ti. Não perdi uma sequer.
O rei as recebeu de suas mãos com tristeza e o despediu, mostrando completa frieza diante dos seus argumentos.
Abatido, o jovem deixou o palácio arrasado. Em casa, ao tirar a roupa suja, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia:
Ao meu irmão, rei da terra do Norte! O jovem que te envio é candidato a casar com minha filha. Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo.
Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto, este grande favor e verifica o estado do cavalo. Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem é fiel e sabe reconhecer quem o auxilia na jornada.
Se, porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido nem rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha nem àqueles que o servem.

***

Saber reconhecer aqueles que verdadeiramente nos auxiliam no dia-a-dia é, sem dúvida, um grande desafio para muitos de nós.
Dar valor aos empregados domésticos que estão sempre à disposição para nos atender prontamente e que, por vezes, adivinham até nossos pensamentos e gostos.
Reconhecer o valor dos familiares, que se constituem em verdadeiros sustentáculos nas horas difíceis que às vezes chegam.
Ser fiel aos amigos sinceros que caminham conosco e até dividem o peso da nossa cruz, para nos aliviar os ombros a fim de que recobremos as forças.
Agindo assim, estaremos realmente cuidando do mais importante, que são esses diamantes raros que não têm preço e que ladrão nenhum tem interesse em nos roubar.
Pense nisso!

Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada.
Em 13.10.2010.

O Grande tesouro

Certa vez, um andarilho apareceu numa aldeia. Dirigiu-se à praça central, anunciou-se como alquimista e disse que ensinaria como transformar qualquer tipo de metal em ouro.
Algumas pessoas pararam para ouvi-lo e começaram a proferir gracejos e ridicularizá-lo.
O estranho não se abalou com as chacotas. Pediu um pedaço de metal e alguém lhe entregou uma ferradura. Um outro lhe ofereceu um prego.
O alquimista, então, pegou ambas as peças e ainda sob as risadas dos incrédulos, colocou-as numa pequena vasilha e derramou sobre elas o conteúdo de um frasco que havia retirado de sua sacola.
Permaneceu alguns segundos em silêncio e o fenômeno aconteceu. A ferradura e o prego se tornaram dourados.
Uma sensação de espanto percorreu a multidão que se avolumava cada vez mais na praça.
O alquimista levantou as peças de ouro para que todos as pudessem admirar.
Um ourives presente no local pediu para examinar os objetos e foi atendido.
Em pouco tempo, revelou que as peças eram mesmo de ouro puro, tão puro como ele nunca tinha visto.
As pessoas se agitaram. Todos se aproximaram do alquimista, desejando ouvi-lo. Ele apanhou um livro grosso de sua sacola e disse estar nele o segredo da transformação.
Em seguida, entregou o livro para uma criança e partiu. Ninguém o viu ir embora, pois todos os olhos se mantiveram fixos no objeto nas mãos da criança.
Poucos dias depois, a maioria das pessoas já tinha uma cópia do valioso manuscrito. Assim, a receita para produzir ouro passou a ser conhecida por todos.
Contudo, a fórmula era complexa. Exigia água destilada mil vezes no silêncio da madrugada e ingredientes que deveriam ser colhidos em noites especiais e em praias distantes.
No início, todos puseram mãos à obra. Com o passar do tempo, entretanto, as pessoas foram desistindo do trabalho.
Era muito penoso ficar mil noites em silêncio, esperando a água destilar. Além disso, procurar os outros ingredientes era muito cansativo.
Mas, um pequeno grupo prosseguiu com o trabalho. Apesar de ridicularizados pelos demais da aldeia, continuaram destilando a água e fizeram várias viagens, juntos, à procura dos ingredientes da fórmula.
Assim, o grupo dos aprendizes de alquimia tornou-se cada vez mais unido. Converteram-se em grandes amigos.
Até que em um mesmo dia, todos os que tinham começado juntos, viraram a última página das instruções do livro, e lá estava escrito: Se todas as instruções foram seguidas, você tem agora o líquido que, derramado sobre qualquer metal, o transformará em ouro.
Entretanto, agora você já percebeu que a maior riqueza não está no produto final obtido, mas sim no caminho percorrido.

***

O que nos torna infinitamente ricos não é o que possuímos, mas os momentos que compartilhamos com os verdadeiros amigos.
Esses são o nosso grande tesouro porque quem tem amigos, caminha com a certeza de que não está desamparado.

Redação do Momento Espírita, com base no texto Alquimia, de autoria desconhecida.
Em 19.1.2013.


Oportunidades diárias

Narra uma lenda chinesa que, às margens de imenso rio, vivia um pescador muito pobre.
Mal o rosto dourado da manhã se abria em sorrisos e as mãos brincalhonas da brisa matinal começavam a espalhar perfumes, ele se levantava e seguia para o rio.
As aves voavam alegres pelos ramos das árvores, em gorjeios maviosos. Mas nada disso animava Vicente, o pescador.
Ele andava lento, depois de se levantar com preguiça. Tomava o café matinal sem prestar atenção ao pão que fora servido, com carinho.
Com má vontade, naquela manhã, como em tantas outras, ele pegou suas redes de pesca, os apetrechos necessários e foi para o barco.
O dia prometia ser maravilhoso. A mãe natureza se esmerava em preparar um detalhe diferente, para que a reprise do dia anterior não fosse total. Um detalhe, afinal, é sempre muito importante.
Mas Vicente nada via. Foi resmungando para o barco. Sentou-se meio a contragosto, sempre reclamando e sentiu alguma coisa no chão. Sem olhar, apalpou com a mão direita. Encontrou uma sacolinha com pedras miúdas.
Distraído, sem ânimo para iniciar o trabalho da pesca, começou a jogar as pequenas pedras no rio, aguardando a chegada do sol.
Jogou uma a uma, divertindo-se com as ondulações que se desenhavam na superfície das águas.
Finalmente, o sol apareceu soberano, rasgando a escuridão da noite, com o seu punhal de luz.
Agora havia calor e muita luminosidade. O novo dia abriu seu manto de belezas para que todos o pudessem apreciar.
Vicente, ao pegar a última pedra, verificou que ela cintilava, refletindo os raios do sol. Examinando melhor, percebeu que se tratava de um diamante, explodindo claridade e beleza.
Levantou-se depressa e sacudiu a sacolinha. Estava vazia. Dando-se conta que jogara no rio uma imensa riqueza, Vicente se pôs a gritar, esbravejar, acusando todas as pessoas e o mundo por sua desgraça.
Sentia-se infeliz e amargurado. Perdera um grande tesouro. Jogara tudo no rio.
E, enquanto gritava e se desesperava, nem se deu conta de que ainda possuía nas mãos a última pedra preciosa.

*   *   *

Se você acordou esta manhã com mais saúde do que doença, você é mais abençoado do que o milhão que não sobreviverá esta semana.
Se você nunca passou pelo perigo de uma batalha, a solidão de uma prisão, a agonia de uma tortura, ou as aflições da fome, você está à frente de quinhentos milhões de pessoas no mundo.
Se você tem a ventura de frequentar um templo religioso, de seguir uma religião sem o medo de ser preso, torturado ou morto, você é mais abençoado do que três bilhões de pessoas no mundo.
Se você tem comida na geladeira, roupas no corpo, um telhado sobre a cabeça e um lugar para dormir, você é mais rico do que setenta e cinco por cento das pessoas do mundo.
Por tudo isso, não se esqueça de agradecer a Deus a oportunidade da vida, da saúde, da liberdade e de todas as outras bênçãos de que você desfruta.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 8, do livro Para sempre em nosso coração, de Maria Anita Rosas Batista, ed. Minas e Em prece, de autoria desconhecida.
Em 22.08.2012.


Receita de bem viver

Um dos graves problemas da Humanidade é o desgosto pela vida. Em muitas criaturas, nota-se um descaso por esse tesouro.
A prova cabal é o número crescente de suicídios em todas as camadas sociais, de ambos os sexos e nas mais variadas idades.
Seria muito importante se começássemos a olhar para a vida com outros olhos. Se pensássemos, todos os dias, que, apesar das inúmeras dificuldades que atravessamos, muitos Espíritos desencarnados gostariam de estar em nosso lugar, aqui, na carne, usufruindo das bênçãos da existência física.
Melhor ainda se seguíssemos a extraordinária receita dos bebês, para amar e viver bem cada minuto desta vida.
Primeiro - acordar cantando como as aves que saúdam o novo dia sempre em festa. Não vale chorar nem acordar a casa toda.
Segundo – espreguiçar-se bastante, antes de se levantar da cama. Normalmente, acordamos em sobressalto, pulamos da cama e nos envolvemos com as tarefas, sem ao menos gozar desse prazer de se alongar, esticar, sentir as pernas, os braços, o corpo todo.
Terceiro – pegar todo dia o solzinho da manhã, de preferência acordando mais cedo para uma caminhada sem pressa. Uma caminhada que não vise somente ao exercício recomendado pelo médico, mas andar e respirar com vagar o ar da manhã que se espreguiça.
Uma caminhada onde os nossos olhos se encham com a radiosidade do sol que desponta e das flores que se abrem, nas praças, lançando perfumes.
Quarto - mostrar para quem amamos que eles são muito importantes para nós. Estender os braços, abraçar, sentir o calor do outro e dizer com todas as letras: Bom dia!
Quinto - pedir colinho, sempre que possível. Quantas vezes nos sentimos carentes, isolados e não nos encorajamos a pedir ao nosso amor: Abrace-me. Beije-me. Preciso de você. E, é claro, não esquecer que às vezes, precisamos dar colinho também.
Sexto - não se importar com as pessoas que não gostam de criança, de flor e de nós. Não se permitir a mágoa. Elas têm o direito de não gostar de nós, o que não quer dizer que não sejam criaturas boas, úteis a outras tantas pessoas que nos amam.
Sétimo – fazer primeiro, para receber depois, muito dengo e carinho. Não esperar o dia dos namorados, do aniversário, da criança, para demonstrar atenção. Todo dia é um dia especial para se comemorar o amor. Que tal hoje?
Oitavo - dar atenção a todos os que se aproximam de nós, mesmo àqueles a quem acabamos de conhecer. Toda criatura traz em si um potencial positivo que nos cabe descobrir e cultivar.
Nono - adorar ouvir o que as pessoas que a gente ama falam e respeitar o que fazem.
E, finalmente, sorrir para todos e para a gente mesmo. Rir muito, todos os dias, sempre que não tiver um justo motivo para chorar...

***

A vida é um poema de amor e beleza esperando por nós. É um patrimônio por demais precioso para ser desprezado, não importando as circunstâncias ou as dores.
Pense que a vida que você desfruta é o hálito do Pai Criador em sua soberana manifestação de amor por você.

Redação do Momento Espírita, com base no texto Receita do nenê, de Angela Moura e no verbete Vida, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 21.8.2013.


O toque de ouro

Conta-se que havia um rei muito rico chamado Midas.
Embora possuísse muitas riquezas, ainda assim não estava satisfeito.
Mantinha seu tesouro guardado em enormes cofres nos subterrâneos do palácio, e passava muitas horas por dia contando e recontando seus preciosos bens.
Tinha também o rei Midas uma filha, seu nome era áurea, a quem ele muito amava e desejava ardentemente transformar na mais rica princesa do mundo.
A pequenina, porém, não se importava com a riqueza do pai.
Ela gostava, em verdade, de seu jardim, das flores e do sol.
Passava a maior parte de seu tempo sozinha, pois seu pai estava sempre ocupado, buscando novas maneiras de conseguir mais e mais ouro, nunca tendo tempo para brincar ou passear com ela.
Um dia, quando o rei Midas encontrava-se sozinho trancado em uma das ricas salas onde costumava admirar suas valiosas jóias, notou a presença de um estranho que lhe sorria.
Surpreso, o rei Midas pôs-se a conversar com o estranho, a fim de descobrir como ele havia conseguido ali entrar.
A conversa, porém, tomou outro rumo e o rei Midas confessou ao estranho que seu maior desejo era ser capaz de transformar em ouro tudo que tocasse.
O estranho disse-lhe, então, que a partir da manhã seguinte seu desejo seria atendido, passando ele a ter o toque do ouro.
Como o estranho desapareceu sem deixar qualquer vestígio, o rei pensou ter sido tomado por alguma alucinação e imaginou como seria maravilhoso se seu sonho tornasse-se realidade.
Na manhã seguinte, quando os primeiros raios de sol invadiram seus aposentos, o rei esticou sua mão e tocou a coberta da cama que subitamente transformou-se em ouro puro.
Maravilhado com aquele prodígio, ele saltou da cama e correu pelo quarto, tocando em tudo o que ali havia.
O manto real, os chinelos, os móveis, tudo virou ouro.
Maravilhado o rei decidiu fazer uma surpresa para a filha e foi até o jardim e tocou todas as flores, transformando-as em ouro, certo de que isso alegraria também a pequenina áurea.
Quando voltou ao quarto percebeu, um tanto contrariado, que não mais conseguia alimentar-se, nem matar sua sede, pois tudo que suas mãos tocavam transformava-se imediatamente em ouro.
Nesse momento, áurea entrou no quarto do pai aos prantos, com uma das suas rosas na mão, dizendo-lhe que todas as suas flores encontravam-se naquele estado: sem vida,duras e feias, que não mais se podia sentir-lhes o perfume, nem mesmo a maciez das pétalas.
Ao notar a preocupação que tomou o semblante do pai, ela aproximou-se lentamente e o envolveu em um carinhoso abraço.
No mesmo instante, o rei Midas soltou um grito de pavor.
Ao tocá-lo o lindo rostinho da filha transformou-se em ouro brilhante, os olhos não mais viam, tampouco os lábios conseguiam beijá-lo.
Ela havia deixado de ser uma adorável e carinhosa menina para transformar-se em uma estatueta de ouro.
Desesperado, o poderoso rei, ciente de sua desdita, jogou-se ao chão percebendo que havia perdido o único bem que lhe era realmente importante.
Pense nisso!
Também nós, em inúmeras ocasiões, deixamo-nos levar pelas ilusões e pelos convites sedutores do mundo, desperdiçando nossas verdadeiras riquezas, nossos reais tesouros.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no Livro das Virtudes, de William J. Bennet, pp. 37/40.

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